8.Eu não me tornei vulnerável a seu charme.

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Ponto de vista de Diana

Estou conhecendo um lado interessante de Laura. Ela não é a garota tímida no meu quarto de hospital, muda diante da atitude de Alessandra. Está totalmente no controle, empurrando minha cadeira de rodas pelas áreas de manutenção e cozinha abandonadas e laboratórios escuros. Conforme avançamos, ela faz comentários. Coisas do tipo:

— Esta sala provavelmente nunca foi usada, então desliguei as câmeras de segurança... A câmera dessa parte está quebrada... Posso apagar essa fita mais tarde, ninguém vai ver... O cientista que trabalha aqui é paranoico, então não tem câmera. O infravermelho aqui fica desligado desde que não acendamos a luz...

O que estou começando a considerar uma "Fuga da Macedo" envolve cerca de sessenta passos diferentes, todos dentro da mente de Laura. O prédio é enorme, mas ela memorizou tudo — todas as portas, quartos e ângulos das câmeras.

Chegamos aos degraus.

— Como vamos descer? — pergunto.

— Eu levo você. Depois, vou subir e pegar sua cadeira de rodas.

— Acho que não.

— Quer sair ou não?

— Você não parece tão forte — digo, mas é mentira. Ela parece forte.

Mais uma mensagem de texto de Alessandra.

"Maddox ferado".

Ortografia nunca foi o forte dela.

— Incline-se para a frente — Laura diz.

Eu obedeço e a mão dela vai para as minhas costas. Sinto os braços dela passando por cima do meu sutiã.

— Vou levantar A Perna.

— Estou com medo de que doa.

— Não vai doer — ela diz, e fico tentando imaginar como ela pode ter tanta certeza. As palmas das mãos dela passam por minhas coxas e, quase sem esforço, ela me tira da cadeira. Meu rosto está perto do dela, tão perto que os seus cabelos roçam na minha face e no meu nariz e eu preciso me controlar para não espirrar.

Tento me lembrar do que comi no almoço. Tento me lembrar do motivo pelo qual não passei desodorante hoje de manhã. Fico pensando se aquela é o cheiro do xampu dela ou só o cheiro dela. De qualquer forma, eu gosto. Na verdade, o que quer que seja, e não estou dizendo que sei, acho estranhamente fascinante. Ela desce a escada comigo, ajoelha-se e me coloca no último degrau, e sobe para pegar minha cadeira de rodas.

Não me viro para observá-la subir, porque eu estaria olhando para o traseiro dela. O que certamente é algo que eu faria. O jeans é justo. Não sobra pano. Insisto em subir sozinha na cadeira de rodas. É mais fácil do que pensei. Voltamos à pista e, alguns minutos depois, chegamos à garagem subterrânea.

Laura toca meu ombro.

— Precisamos tomar cuidado aqui — ela avisa.

Esperamos do lado de fora de uma porta fechada em um canto do espaço mal iluminado cercado de concreto.

— Você tem carro? — pergunto.

— Tenho uma dúzia de carros — ela responde. Estranhamente, são todos idênticos.

Ela aponta para um tipo de estacionamento onde uma dezena de carros elétricos está estacionada. Cada um deles tem o logo da Macedo na lateral.

Laura checa a hora no celular. Olha para a frente e, poucos segundos depois, um guarda se aproxima. Ela escuta os passos. Indo e vindo, desaparecendo.

O DNA do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora