Ponto de vista de Diana
No dia seguinte.
— É aqui que você vai trabalhar. Brincar.
Minha mãe hesita, franze o semblante, percebe que isso dá marcas de expressão, e logo volta ao seu rosto normal.
— Brincar, trabalhar, chame como quiser.
— Desde que eu atinja o objetivo.
— Exatamente.
Laura está empurrando minha cadeira de rodas enquanto minha mãe vai na frente. No último minuto, o empregado que iria nos ajudar teve um ataque de cólica intestinal.
Seu backup não pôde ser localizado. Penso, por um milésimo de segundo, que Laura pode ter dado um jeito de estar aqui comigo.
Talvez ela esteja tão desesperada por companhia como eu.
Laura empurra minha cadeira para uma estação de trabalho em formato de ferradura.
É um espaço incrível, com teto alto e mobília com estofado de couro. Há uma enorme figueira perto da mesa.
É repleta de luzes brilhantes e claras, provavelmente um resto do Natal passado.
É estranhamente extravagante no ambiente claro e minimalista.
Não tenho tempo para admirar a decoração, porque estou ocupada demais olhando, boquiaberta, para o monitor de seis metros de altura, que vai do chão ao teto.
Nunca vi uma tela tão grande.
Tela de cinema.
Uma cadeia de DNA é mostrada no monitor.
Não é uma imagem qualquer de um livro comum.
E certamente não é igual ao modelo primitivo de hélice dupla que eu fiz no sexto ano com bolas de isopor e palitos de dente.
Segundo a minha mãe: "O que somos? Arcaicos?".
Essa coisa... essa coisa está pulsando com energia.
Está viva.
— Esse é o projeto — minha mãe diz. — É o 88715.
— É real? — murmuro.
— Não, é só uma simulação. Dá para ver o DNA, os cromossomos, dá para ir além... — Ela demonstra, passando um dedo pela tela touch que está montada na altura da cadeira de rodas.
A imagem na parede se aproxima.
— Agora você vê um cromossomo. Mais adiante, uma célula.
Laura prende minha cadeira de rodas e pega uma cadeira.
Ela boceja.
Fica claro que não está tão surpresa como eu.
— A melhor parte é que você pode usar quantas interfaces diferentes quiser. — Toque, toque, arrasta. — Esta é feita com peças de Lego, para crianças menores. Vê que há uma representação de Legos do DNA?
Minha mãe está contente, com a voz animada.
Ela fica assim quando se empolga com uma ideia.
E esse pequeno projeto — esse "fluff" — não é nada se comparado com o seu trabalho na descoberta de novos remédios.
Quando está trabalhando em algo no qual se sente animada, ela se muda para o laboratório da Macedo durante dias, até semanas.
Mais de uma vez ela voltou para casa com o rímel borrado, as unhas roídas e os olhos vermelhos. Normalmente, é porque sua equipe errou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O DNA do Amor
RomanceFilha única da poderosa Alice Macedo, Diana fica entre a vida e a morte depois de sofrer um acidente de carro. O processo de cura no misterioso laboratório Macedo transcorre com uma rapidez impressionante, o que desperta o seu lado detetive. Antes...