Ponto de vista de Laura
O complexo Macedo tem uma academia incrível.
Sempre pegam no pé de todo mundo para que mantenham a forma. Não preciso que peguem no meu pé e não preciso ser treinada.
Preciso é que me deixem sozinha.
Corro na pista de dentro. Corro descalça, eu prefiro.
As solas dos meus pés fazem um som diferente, nem um pouco parecido com o som feito por aqueles tênis de corrida de trezentos dólares, resmungando enquanto a borracha de impacto faz o seu trabalho.
Meus pés são quase silenciosos.
Eu corro e faço musculação, os agachamentos, tudo isso.
Gosto de musculação.
Não há enrolação na musculação, ou você levanta aquele peso de trinta e cinco quilos ou não.
Sim ou não, nada de mais ou menos.
Depois da musculação, eu vou para a sala escura e fedorenta ao lado, onde estão os sacos de pancada. O resto do complexo da academia é impecável e aberto.
A sala de boxe — bem, há algo cru no esporte que se destaca, ainda que o designer contratado tenha insistido em acrescentar um tom agradável verde petróleo para as cordas do ringue.
O Louis está ali, pronto. Às vezes, luto com ele.
Louis é mais velho do que eu, talvez tenha uns vinte e cinco anos.
Nunca perguntei.
Mas ele é um dos nerds, por isso nos damos bem.
Falamos sobre coisas de nerd, ou falaríamos, se não estivéssemos com protetores de boca e dando socos um no outro.
Louis não é tão rápido quanto eu, e parece mais calmo também.
Mas, caramba, quando ele bate, é pra valer.
Você sente o golpe e tem que assimilá-lo enquanto seu cérebro gira dentro de seu crânio tentando reconectar todos os fios.
Eu adoro isso.
É bem doido o fato de eu gostar de apanhar.
Mas eu gosto.
Você leva um soco no lado da cabeça, um golpe que dá a impressão de que sinos tocam em seu ouvido, e então você volta, ainda meio grogue.
Para mim, é um dos melhores momentos da vida.
Bata em mim.
É sério, bata com força.
Transforme meus joelhos em geleia.
E eu recebo o golpe e rebato.
Extraordinário.
Estou acabada e coberta de suor.
Desde os cabelos até os pés, molhada, ofegante, sorrindo, tentando imaginar se vou voltar a sentir o lado esquerdo de meu rosto.
— Fracote — Louis diz.
— Molenga — respondo.
— Não me sinto bem batendo numa menininha.
— Não se sinta mal, Louis. Continue tentando e pode ser que um dia você aprenda a dar um golpe de gente.
Com a troca de provocações de sempre, nós marcamos um novo encontro para depois de amanhã.
Louis segue para o chuveiro da academia, eu sigo para meu quarto.
Meu quarto, meu lugar, meu espaço.
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O DNA do Amor
RomanceFilha única da poderosa Alice Macedo, Diana fica entre a vida e a morte depois de sofrer um acidente de carro. O processo de cura no misterioso laboratório Macedo transcorre com uma rapidez impressionante, o que desperta o seu lado detetive. Antes...