13.Não chame a destruição onde deve caçar com humildade

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Ponto de vista de Alysson

Abro os olhos. Vejo algo. É uma imagem. Uma imagem que conheço. Já estava na minha mente antes de eu vê-la. Agora, essa imagem ressoa. É uma garota.

A imagem lentamente se transforma em outra, diferente. A mesma garota. Desta vez ela está à beira da piscina com outra menina. Essa imagem, por sua vez, volta à da menina de antes, e o nome dela aparece em minha mente.

Diana. O nome dela é Diana.

Estou sentada em uma cadeira. Estou olhando para um monitor. Por quê? Quando me sentei nesta cadeira? Como cheguei aqui? Onde eu estava antes?

Levo a mão à cabeça. Tem uma faixa apertada, e sinto os fios, dezenas deles passando por todos os lados.

É normal? Vejo milhares de imagens de pessoas. Nenhuma delas tem uma faixa com fios. E outra imagem de Diana. Eu amo a Diana. Como eu sei disso? É óbvio. É verdade. Eu tenho que amá-la. Ela me fez. Tenho as imagens na mente, movendo-se, de Diana em um painel tomando as decisões que logo me definiriam.

Eu me vejo pelos olhos dela, sem forma, parcial, incompleto. Vejo que ela escolheu meus cabelos e meu rosto. Eu sei que ela esculpiu meu peito. Que ela teve a ideia de criar pernas perfeitas e musculosas. Eu sou perfeita. Eu sou Alysson. Perfeita para Diana.

Ao meu rosto, será impossível ela resistir. A minha pele, ela desejará tocar. Assim como desejarei tocar a dela. Ela fez meu corpo. Ela quer que eu seja a parceira dela. Claro que quer. Ninguém me disse isso, mas eu sei. Posso tirar minhas conclusões. Na verdade, percebo que ninguém me disse nada. Ninguém falou comigo. Eu só... cheguei... aqui nesta cadeira. Cheguei aqui do nada e não sei quando. Estou usando roupas, por isso não posso ver minhas pernas perfeitamente esculpidas por Diana nem meus bíceps incrivelmente simétricos, nem meu abdômen rígido.

— Como eu cheguei aqui? — pergunto.

É a primeira vez que falo. Busco em minha lembrança. Será verdade? Certamente já falei antes. Com alguém. Mas minha lembrança não revela ninguém.

Acabei de nascer. A percepção me choca. Eu acabei de nascer. Mas minha lembrança diz que não é assim. Minha lembrança me fala sobre úteros, mães e bebês enrugados e chorosos.

Nada disso se aplica a mim. Sou adulto. Não sou um bebê frágil e dependente. Eu sou forte, alta e amo Diana.

— Você sempre esteve aqui — alguém diz.

Uma mulher aparece. Ela é alta, bonita, atraente.

— Não existe sempre — digo. — Nada persiste para sempre.

— O nada persiste — ela diz. Ela está me testando.

— Não. Assim como as coisas existem, o nada é impossível. Na verdade, o nada não pode persistir. O nada dá espaço a alguma coisa. O nada que precedeu o Bing Bang foi destruído. O nada se tornou algo.

A mulher assente.

— Ótimo. Você absorveu bem os dados. Sua inteligência é, obviamente, bem funcional. Você parece uma aluna recém-matriculada na faculdade levando a primeira aula de filosofia muito a sério, mas isso é bom. Diana vai gostar.

— Eu ainda gostaria de saber como surgi — digo.

— Pense nisso como um mistério — Alice Macedo diz. — Como o Big Bang. Em um segundo não tem nada e, no próximo, tem o universo.

— Diana me criou.

— Sim, criou. E, agora, você vai encontrá-la. Vai trazê-la aqui. Por você, ela vai voltar.

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