3.Não me machuca, mas também não me deixa contente.

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Ponto de vista de Laura

Paramos na Macedo Biopharm.

Ela está localizada na parte de trás de Santa Cruz dos Navegantes, do outro lado da Ponte Estaiada, descendo por umas estradas ventosas.

Conforme você sobe, não é assustador nem nada, porque a estrada naquele ponto está cerca de 60 metros acima do nível do mar, e o complexo Macedo é mais vertical do que horizontal.

Ele se espalha pela ladeira íngreme da estrada acima da água.

E é grande.

Da água, parece com a Cidade de Oz.

O lugar encontra-se rodeado por três pilares enormes, e cada um deles é um elevador. Ligando os três, há uma construção do tipo zigurate com varandas, espaços abertos e andares inteiros dedicados a jardins, quadras de vôlei de praia e uma piscina.

É, sem dúvida, um lugar ótimo para trabalhar.

Claro, se você conseguir tolerar algumas das pessoas.

E a primeira pessoa mais insuportável de todas é a própria chefe, Alice Macedo.

Conhecida no lugar como Terror Macedo.

Isso, para mim, é a maior dica que alguém poderia dar: se você vai batizar sua filha de Alice, e se ela crescer e se tornar uma bruxa louca, as pessoas vão começar a chamá-la de "Terror".

Pela maneira como o complexo foi construído, os andares são maiores embaixo e menores em cima.

O andar de baixo, o Piso Um, é o maior espaço, a Divisão de Pesquisa de Doenças.

Lá, eles se concentram nas doenças menos populares e cuja cura não vai enriquecer ninguém.

Podemos dizer também que Alice fez um baita trabalho ali, no Piso Um.

E em relação à cura de pessoas que estavam sendo comidas vivas por parasitas ou germes e que ainda estão vivas.

Porque Alice Macedo disse:

— Que se danem os lucros, estamos investindo um bilhão de dólares para acabar com essa doença.

O motivo pelo qual ninguém investiga a Macedo Biopharm com seriedade?

Exatamente pelo que acontece ali no Piso Um, isso sim.

Porque a psicomegera salva muitas vidas.

Por outro lado, muitas pessoas pensam em investigar a Macedo pelo que acontece nos Pisos Sete e Oito.

Eu vivo no Piso Quatro.

Meus pais, Milena e Ricardo Campos, eram sócios de Alice há muito tempo, quando só tinham um IBM quebrado, algumas placas de Petri e um sonho.

Não me lembro deles.

Poderia dizer que Alice me criou, mas isso não estaria certo.

Ela não é uma mãe para mim.

Ela me dá um lugar para viver, estudo e um emprego no laboratório.

Ela me tolera.

E nem sequer faria isso se soubesse.

Ponto de vista de Diana

Uma porta de aço se abre e entramos em uma garagem iluminada.

Dois homens e uma mulher, vestidos com aventais pretos de laboratório, como o do Dr. Anderson, estão esperando por mim.

Tenho uma caravana.

— Ela está estável — o Dr. Anderson comenta —, está indo bem — e os outros três parecem surpresos. Eles murmuram termos médicos que não consigo decifrar.

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