A Tempestade dos teus Olhos

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É que a vida nunca mais foi a mesma. E nem os cafés, que perderam o gosto – talvez pelo amargo que trocou de lugar, ou por mim, ou por ti. Meus pés não desaprendem o caminho, não volto pra casa sem passar pela tua. As roupas não perderam o teu cheiro, e eu as lavo, juro que lavo. Não sei se continuo buscando entender, ou se aceito logo que as coisas não voltarão ao normal, que a comodidade não vai se encaixar, que os dias tranquilos são os que mais machucam; me pergunto se isso acaba, toda vez que a falta agride, a verdade é que sempre acaba, mas sempre carece. Viver teus exageros me trouxe a vida – a mesma que achava ser a pior, não era. Na desordem mais convidativa, e o tempo fechado era sinal de amor. O silêncio vira o brado mais alto, ouço as músicas no máximo, assim não escuto o que penso, faço o dobro do caminho, assim não faço os nossos. Sigo incompleto, mas pronto pra sentir o mundo que parece tão menos assustador agora, com um pedaço a menos. É que eu me acostumo, mesmo (apelo a tim, ou terno: não), mas não te esqueço. Chove todos os dias, depois de você.

- Perina

Carta Aberta Ao Meu (Quase) AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora