Amores cansados

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Entrego afinal esses últimos dias, rápidos, desavisados, como cada minuto que acompanha essa passagem. Voam no automático, e a simplicidade toma conta de quase todos os problemas, talvez por ser mais fácil lidar quando não presto atenção. Pois bem, minha eterna discussão com o passado continua, esse museu empoeirado rege por inteiro as escolhas, cuidados e reflexões que me obrigam a mudar, a seguir o que deveria, amar o que amaria, me parecer como pareceria e ir atrás do que não preciso, pra chegar no fim do dia sendo resultado dos outros, e supostamente ser feliz. Mas me encontro em outra fase, na qual me sinto suficiente, e deixo aqui o singelo convite pra que entenda por que e por onde não deve ir. Sou amor constante, que desencontra, sou o tropeço e prefiro deixar de lado a vontade de sumir, pois sumo. Sou o amor pelos detalhes, pelos olhares. Sou o amor sem direção, que não busquei. Sou o recomeço e o amor que costumava ser maior, não é. Gostaria de ser mais claro – como sempre – mas cansei de caminhar puxando pesos que não são meus, sigo sozinho e prefiro assim, me perder nesses últimos avisos pra quem sabe redescobrir, levantar, talvez a vida seja um pouco mais do que relações confortáveis, talvez o amor deva ter limites com quem os mereça. Se entenda, se perca, se encontre, e pense duas vezes antes de aparecer com amores cansados, não pertenço à finais pré-datados, aos limites, às distâncias, nada disso importa enquanto houver um primeiro plano, e paciência. No fim das contas, a liberdade é um grande quarto vazio, cabe a nós encher.

– Perina.

Carta Aberta Ao Meu (Quase) AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora