Agridoce

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Vi também as cores que contigo ficaram, me cercando desta vez num fascínio bobo, que o peito pula depressa e esqueço de respirar. Se chamar de amor, discordo, pois sinto um gosto novo; nestes detalhes singulares que só fazem par ao lado meu – aliás, chame se quiser. Sabor de uma vida inteira, se amo até dói, e sinto nesse disparo meu melhor exagero, sem dosar os dias, a felicidade, você. As semanas que encaixam, não sinto a chuva, não me sinto só – paro de buscar definições, e te deixo à mercê dos meus não poemas, que são agora uma melhor versão de mim, você, a própria linha tênue, do passado e presente, da desordem de amores guardados na gaveta, da quietude de novas respostas, minha fronteira. Tira o peso dessa cidade, faz o tempo que não passa, traz meus quinze que cansei dos quase vinte, e mais, minhas partidas não machucam, um mês sem escrever é o suficiente pra que volte sem paladar pra despedidas, a tristeza vira parâmetro. E desaprendo os receios, que não me assustam desde que você chegou. Minha manhã depois da noite mais longa, contrapeso do amargo do tempo, doce como os primeiros passos, das roupas mais simples ao sorriso mais complexo, que me perco e fico; feliz por completo, nessa primavera de altos e baixos com um gosto único, que chamo de amor, e concordo.

– Perina.

Carta Aberta Ao Meu (Quase) AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora