capítulo 4

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LUCAS

A voz dele ecoava em minha cabeça, auto piedade? O que ele sabe? É fácil falar sem saber, e se eu for fraco, qual é o problema? Isso não muda nada na vida dele!

-- o que ele sabe? -- falei sem querer com a voz carregada no remorso, a garçonete que havia colocado meu pedido me encarou e falou:

-- tudo bem jovem? -- ela parecia ser bem mais velha e bem mais disposta do que eu, ela sorriu. -- não fique bravo com seu amigo, eu sem querer ouvi o que ele falou desculpa, sabe algumas pessoas falam coisas que machucam para nos ajudar a andar para frente.

-- não acho que seja o caso dele... -- sorri para ela e comecei a comer.

"--...todo mundo tá te calando, e você vai se calar quando pode gritar?"

Mesmo que eu tenha voz para me opor, é difícil quando se está amordaçado, com o tempo eu me acostumei com as malditas mordaças, as da minha família problemática, de um futuro próximo que os outros decidem por mim o que serei, e até de como devo me portar e oque deve sair da minha boca.

Falar é fácil quando você apenas vê as coisas por fora, mas se talvez vessem por trás das cortinas desse teatro vivo pensassem antes de falar algo, posso ser fraco e parecer um ignorante perante a minha própria existência, e um ser ridicularizado perante a sociedade, mas quem é ele para opinar sobre meus atos? Não seria mais fácil apenas me ignorar, pois seria mais fácil para mim ser ignorado.

Pensando nisso minha fome foi gradativamente sumindo e não cheguei a comer nem a menos da metade do que eu havia pedido, eu ri de mim mesmo, e lá estava eu mentindo para mim de novo, queria pensar que o que ele disse não havia me atingido, mas com aquilo eu havia perdido até minha fome.

Chamei a garçonete e paguei pelo pedido. Ela levantou uma das  sobrancelhas e falou:

-- quer que eu em pacote para viagem?

-- não obrigado, eu já estou praticamente atrasado. -- sorri peguei minha bolsa que estava no chão e com um pequeno aceno sai na lanchonete.

Corri para Universidade o mais rápido possível, eu nem sabia onde era minha sala ou onde a lista estava posta, quando entrei fui direto para o balcão de atendimento, lá tinha um homem moreno que falava no telefone. Pensei em esperar ele desligar o telefone, mas o tempo não esperava e o primeiro horário já já começaria.

-- licença, poderia me falar onde está a lista? -- ele olhou para mim e apontou para um mural que ficava do lado dos elevadores. -- obrigado.

Meus olhos correram pela lista quando achei meu numero de inscrição, fui direto procurar a sala, o lugar era grande e fácil de se perder assim como eu, tinha outros alunos que andavam de um lado para o outro procurando suas determinadas salas.

-- Oi precisa de ajuda? -- ouvi uma voz feminina atrás de mim.

-- ah, não precisa se incomodar.-- me virei para vela, a garota tinha uma pele morena e cabelo curto tingido de azul, vestia uma blusa do Evanescence, um shorts de linho preto e uma bota de cano baixo.

-- o primeiro horário começa daqui a uns 4 minutos. -- ela falou sorrindo.

-- aí meu Santo Mário, você sabe onde fica a sala 2D105? -- falei aceitando que não tinha outra opção.

-- você está no andar errado vem, -- ela me pega pela manda do moletom e me puxa para o elevador. -- você tem que ir no 2 andar não no 6. -- ela fala pressionando o botão do elevador.

-- você não tem que ir para a sua aula?  -- estranhei que ela estava me acompanhando sendo que faltava tão pouco para o primeiro horário.

-- eu faço um curso para vestibular aqui e me voluntariei para ajudar os docentes perdidos.

Por todas as cores do arco-íris *romance Gay*Onde histórias criam vida. Descubra agora