Escola?

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Joguei minha cabeça encostando-a na janela do carro, estava exausta e com  fome. Damon dirigia calorosamente ao som de Ac Dc, claro que Stefan preferia algo mais clássico, porém dois votos contra um fizeram o garoto suspirar em frustração.

-Não vamos chegar nunca na nossa linda cidade pacata?- Perguntei usando todo o sarcasmo que me restava.

-Já estamos quase lá... Infelizmente- Damon resmungava de cinco em cinco minutos xingamentos para Stefan que apenas revirava os olhos.

-Eu só pedi alguns anos, não é nada demais, precisávamos de um tempo depois de tudo o que passamos, precisamos de paz, tranquilidade.

-Tempo não é algo que vá lhe faltar, mas fomos nós quem aceitamos vir brincar de boneca com você Stefan, não acho que temos o direito de reclamar tanto assim- Suspirei cansada da discussão dentro do carro,  eu nunca pensei que não fosse colocar lenha na fogueira, mas naquele momento estava prestes a arrancar o coração de cada um para que calassem a boca.

-Eu acho que devo reclamar muito mais, não ache que eu não vou encher os dias de princesa de vocês, até porque não tive muita escolha na decisão- Damon falou sem um pingo de ânimo.

-Vou adorar passar minha imortalidade ao seu lado, irmãozinho.

Logo após mais alguns minutos de discussão havíamos chegado a tão esperada cidadezinha do interior "Bem Vindo a Beacon Hills" como estava de noite minha vista não foi muito ampla. Havia uma floresta escura e bem estranha, passava um ar sobrenatural, como se eu me sentisde atraída até o grande conjunto de árvores. Suas folhas agora escuras e um pouco molhadas devido a chuva de mais cedo parecia bem atrativo. Meus olhos estavam concentrados quando vi uma certa movimentação por entre as árvores. Beacon Hills, o que você esconde? 
Estava extremamente concentrada nas ruas agora já poluídas pelos humanos com suas lindas paredes de concreto, quando Damon quebrou o silêncio.
-Acho que aqui será um ótimo lugar para conseguirmos umas presas fáceis- Sorriu de canto apontando pra escola cheia de adolescentes com hormônios a flor da pele.

-Nem pense- Stefan o repreendeu- Nada de matar adolescentes.

-Stefan e sua tara por idosos- Ri da minha própria piada sendo acompanhada por Damon- Como você acha que vamos nos alimentar?

-Acho que a princesa queria que nós nos tornássemos vampiros vegetarianos, nos alimentando só de vegetais, o que mais quer que a gente faça? Vá tomar um bronzeado ao meio dia?- Damon ironizou.

-Não, mas eu já disse pra vocês que vamos arranjar nossas bolsas de sangue no hospital. Não banquem os engraçadinhos é uma cidade pequena, não acham que iriam desconfiar se vissem pessoas mortas com mordidas no pescoço?

-Chegamos- Damon falou o que me fez sair rapidamente do carro, não aguentava mais o casal enchendo minha pouca paciência.

A casa era grande, não tão grande quanto a nossa antiga, mas o suficiente,  graças a tudo o que é mais sagrado não era chamativa, com certeza o conde Damon não ajudou na decoração.
Olhei ao redor reparando na vizinhança, era pouco movimentada, alguns poucos jovens passavam, enquanto alguns mais velhos observavam os novos vizinhos com curiosidade. Com certeza iriam fazer a famigerada fofoca, mais conhecida como Papo de velho.
Adentrei a casa sentindo cheiro de sangue. Tanta fome. Fui até a geladeira podendo ter a visão do paraíso, bolsas de sangue por toda a geladeira. Não é que a princesa se superou dessa vez?
-Irmãozinho, acho que a nossa estadia não vai ser tão ruim se você continuar nesse ritmo- Gritei para que ele pudesse me ouvir.
Com uma bolsa de sangue em mãos subi pelas escadas desastradamente animada para chegar no meu quarto, OK. Se Stefan queria me conquistar ele realmente conseguiu.
Meu quarto era simples, as paredes pintadas em cinza, vários pisca pisca e algumas das minhas polaroides penduradas na parede, apenas teria que cuidar de alguns detalhes para que ficasse perfeito.

Desci as escadas pronta para xingar Stefan em forma de agradecimento ate que o vejo na porta conversando com alguém, me aproximo para poder participar da conversa com a provável nova paquera do mesmo.
Uma moça estava na porta, ela não era nova e não parecia estar flertando com o meu irmão.
-Está é minha irmã, Alexia.

-Prazer, me chamo Melissa Mccall como está sendo o primeiro dia?

-Eai, acho que já sabe o meu nome e não sou a maior fã de apresentações. Sobre o meu dia? Meu irmão está se esforçando para que a gente se adapte bem, não sei se está dando muito certo- Me referi a Damon que estava inquieto na cozinha querendo beber seu sangue em paz, sem especificamente Melissa o atrapalhando.

- Espero que goste da escola.

-Escola?- Indaguei confusa.

-É, garotas da sua idade costumam estudar, não é? - Ela franziu o senho em dúvida, claramente achando minha reação esquisita.

-Não me encaixo muito no tipo "garotas da minha idade"- Literalmente. Até porque 150 anos não era pra qualquer um.

Senti a necessidade de tentar ser o máximo amigável que eu pudesse com Melissa, ela parecia realmente bacana. Seu olhar era curioso, ela com certeza seria uma ótima vizinha.
-Se precisar de algo pode me chamar eu moro ao lado- Ela sorriu simpática arrumando o cabelo bagunçado pelo vento que travava uma guerra contra seus fios castanhos.

-Talvez eu te chame pra pedir uma xícara de açúcar, ou é mais provável a senha do seu wi fi- Brinquei.

Melissa riu e saiu de nossa porta logo sumindo da minha visão. Não costumo fazer amizades assim,  afinal o que deu em mim, estava tão nervosa que nem ao menos me apresentei.
Me chamo Alexia Salvatore, tenho 150 anos, sou uma vampira- O que provavelmente ficou um pouco óbvio a essa altura do campeonato- e tenho dois irmãos extremamente irritantes, não que eu também não seja irritante. Somos um trio irritantemente irritante.
Depois de passar aquela noite aturando meus amados irmãos eu descobri que deveria ir para escola para completar o ensino médio como uma garota normal para conseguir me enturmar com os humanos.
Nesse momento estava deitada sobre minha cama com um pijama da liga da justiça simplesmente suprimindo meu horário de vampiro e tentando a todo custo dormir, amanhã seria um dia bem normal pra mim.
Ter 150 anos não é nada fácil, inclusive quando você passa dias estressada e narra sua própria história de maneira totalmente diferente da sua forma de pensar.
Me desculpem, foi a fome.

Deixe-me entrar - Malia HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora