Ao anoitecer pude sentir o frio que se instalou na cidade, andava calmamente pelas ruas de Beacon Hills esperando encontrar algo-ou alguém- que me divertisse. Ao passar em frente a uma lanchonete sinto a fome invadir e um grunhido surgir da minha enorme lombriga na barriga que nunca se cansava de comer.
Adentrei a lanchonete que era bem organizada por sinal e me virei para o atendente.-Eu vou querer um hambúrguer, com batatas e um milk shake.
Minha lombriga novamente deu sinal de vida me fazendo resmungar quando o gatinho do atendente disse que iria demorar cerca de 15 minutos para o meu pedido sair.
Me acomodei em uma mesa e olhei pela enorme janela tendo a visão de uma pessoa que não queria ter o desprazer de ver tão cedo adentrando lentamente a lanchonete e se acomodando na cadeira a minha frente.
Peter me encarou sorrindo e eu revirei os olhos instantaneamente.-Olá docinho- Peter como sempre esbanjou sua linda cara de cínico, se ele não fosse tão gostoso já teria o matado faz muito tempo.
-Olá querido, parece que não cansa de ver o meu belo rosto, sei que sempre teve uma quedinha por mim, mas existe algo chamado espaço pessoal.
-Nunca perde o senso de humor, nem a gostosura pelo visto- Uma piscadela foi direcionada a mim e me limitei novamente a revirar os olhos.
-Não é a primeira pessoa que me diz isso querido, mas é o primeiro que me diz isso e tenta me matar ao invés de me levar pra cama- Sorri irônica.
-Eu já tive os dois privilégios- Sorriu sacana.
-Já acabou com a palhaçada, ou ainda tem outros números pra completar o circo?
-Eu só quero te dizer pra ficar longe da minha filha.
-Que eu saiba não sou eu a ameaça e sim você, Peterzinho.
-Você trás problemas Alexia, sempre trouxe.
-Eu trago problemas, mas não sou o problema.
-Bem, não importa- Ele se virou para o garçom que me olhava de cima a baixo e revirou os olhos- Como sempre chamando atenção, até mais Alexia.
Sorri falsamente para o atendente enquanto Peter se retirava e devorei a comida que ali se encontrava. Saí do estabelecimento e notei que estava tudo calmo demais. Me vi perto da floresta e inalei o cheiro reconfortante.
Sempre me acalmei quando estava em contato com a natureza, desde quando era uma humana até já estar completamente transformada.
Às vezes sinto falta de ser humana, queria envelhecer, queria ser amada, queria ter filhos.
Suspirei afastando meus pensamentos enquanto andava lentamente adentrando cada vez mais a densa floresta. Passos se aproximaram me deixando em alerta, cheguei a pensar no gostosão do Derek mas retirei a possibilidade quando ouvi um barulho de uma arma sendo carregada.
Fudeu.
Meus instintos me levaram a sair do local com minha velocidade de vampira e me esconder atrás de uma árvore. É isto. Eu estou perdida em uma floresta, a noite e com caçadores na minha cola.
Nesse momento lembrei da Dora aventureira e de todas as séries de sobrevivência que assistia quando estava sem nada pra fazer e me xinguei mentalmente ao perceber que não iria adiantar nada.
Os passos se aproximaram. Estavam em um número razoável de pessoas, talvez 5, não poderia arriscar, talvez estivessem com armas de verbena.
Tentei correr novamente, mas parecia que cada vez que eu corria mais eu me perdia.
Senti passos se aproximando e dessa vez resolvi atacar, não ficaria fugindo, não mais. Deixei minhas presas a mostra e estralei meu pescoço. Hoje o pau vai rolar solto.-Alexia?- Ouvi a voz de Scott adentrando meus ouvidos.
-O que você está fazendo aqui? Você por acaso tem uma arma? Tem caçadores aqui, temos que sair, rápido.
Assim que terminei de falar Scott arregalou os olhos e um tiro foi direto no ombro do menino lobo.
Virei rapidamente e olhei para os 4 caçadores. É, quase acertei. Me aproximei rapidamente quebrando o pescoço de um e desarmando outro, usei sua própria arma e atirei em seu coração, uma veio pra cima de mim com uma pistola e atingiu minha perna de raspão. Me virei pra mulher com minha maior cara de psicopata e chutei o seu rosto quebrando o pescoço do homem ao seu lado.
Me aproximei da mulher caída no chão e ela me olhou estática, cravei minhas presas no seu pescoço e retirei quando percebi sua cabeça soltando para o lado.
Respirei fundo olhando para Scott caído no chão.-Wolfsbane- Disse ao ver que o mesmo estava lutando contra a dor, quase desmaiando- Não posso fazer muito pra te ajudar agora, vou te levar pra minha casa, tenho algumas coisas que podem tirar isso de você. Só me ajude a sair desse labirinto chamado Floresta.
Scott assentiu com a cabeça enquanto eu segurava seu braço passando o mesmo pelo meu ombro, enquanto o meu braço rodiava sua cintura.
Scott me dirigiu até a saída da floresta e eu consegui chegar até em casa usando a velocidade de vampira.-Queridos cheguei, e trouxe um lobisomem prestes a morrer.
-Scott?- Stefan perguntou quase não crendo na cena.
-Você trouxe comida para nós? Bem que eu estava com fome, pode me chamar de caçador, porque eu vou abrir a barriga desse lobo mal- Ri minimamente com a piada de Damon, mas logo voltei ao semblante preocupado.
-Não Damon, ele é do bem, pensei que o estripador fosse outra pessoa. Agora Estefan pode me ajudar- Disse tentando por o Elefante que eu segurava no sofá, já estava começando a ficar cansada.
-Vou pegar o seu kit do socorro- Stefan disse já subindo para o meu quarto.
-Calma Scott, eu não mordo- Ironizei- Só as vezes.
-Porque está me ajudando?- Ele se esforçou para perguntar.
-Me poupe de perguntas desnecessárias lobinho, apenas aceite, nossa irmã dá uma de irmã Dulce as vezes- Damon disse enquanto virava seu copo de whisky.
-Obrigada Stefan- Disse quando o loiro desceu as escadas novamente- Isso vai doer um pouco.
Peguei uma pinça retirando a bala, e pegando um maçarico e logo o ligando.
- Acredite, vai doer mais em você do que em mim.
Tirei meu casaco e coloquei em sua boca para ele morder. Aproximei o maçarico de seu ombro ouvindo o mesmo rugir alto. Queimei a ferida até ter certeza que não tinha mais nenhum resquício de wolfsbane e me levantei indo pegar um copo de água para Scott.
Já tinham se passado algumas horas e a essa altura meus irmãos já estavam em seus quartos e eu estava na sala com um cachorro adormecido no sofá, quando estava me levantando para ir ao meu quarto ouvi Scott se remexer.-Pode passar a noite aqui em casa, não vai fazer bem pra você sair andando desgovernado, já está tarde- Disse indo até a geladeira e colocando sangue no copo.
-Muito obrigada por me ajudar, mas você matou aqueles caçadores e você bebe sangue, não posso confiar em você- Scott parecia triste falando aquilo.
-Scott, eu não pedi a sua confiança, eu só te salvei porque quero abrir um canil, parabéns, você é o primeiro desabrigado- Revirei os olhos tomando mais um pouco do sangue- É a minha natureza Scott, eu bebo sangue, é o que me faz viver, eu matei eles por questão de ética, eles não eram inocentes e quase mataram você, que é inocente.
-Tudo bem, não precisamos da confiança um no outro, mas obrigada, de novo.
-De nada lobinho, de nada.
Disse já subindo as escadas indo rumo ao meu quarto com o meu copo em mãos, sentei na cama bebendo um pouco do líquido escarlate.
Porque eu estou ajudando esse adolescente mesmo?
Essa pergunta pairava em minha mente.
É por causa que o grupo dele é gostoso. Muito gostoso.
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Deixe-me entrar - Malia Hale
WerewolfAlexia Salvatore, uma vampira de 150 anos buscando uma vida normal- nem tão normal assim- acompanhada de seus irmãos, o dócil Stefan e o psicótico Damon- mais conhecido para Alexia como "conde Damon". Ao chegar em Beacon Hills em busca de uma pacata...