Deusa Grega

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Um rap barulhento tocava em meu carro e eu dirigia por New Orleans em direção a um café qualquer enquanto o vento batia raivoso contra meus fios castanhos travando uma batalha feroz. Abaixei um pouco meus olhos escuros pegando meu celular já começando a escrever uma mensagem para Davina.

"Hey bruxinha, preciso da sua ajuda e você ta me devendo uma"

"Onde você está?" - Davina.

Passei o endereço e saí do carro logo vestindo minha jaqueta de couro indo rumo a cafeteria. Adentrei o recinto sentindo o cheiro forte de café me despertar, e fui até o atendente que sorria simpático.

-Bom dia, o que deseja?

-Eu gostaria de um café, por favor, preto e sem açúcar.

-Falam que o café que a gente pede diz muito sobre a gente. - O garoto disse com um meio sorriso.

-Eu interpretei errado ou você está insinuando que eu sou amarga?- Semicerrei os olhos de forma questionadora.

- N-não... Não foi isso que eu quis dizer... É que eu achei que seria conveniente para puxar um assunto com você- Vermelho de vergonha tentava se desculpar a todo custo e eu sorri.

-Eu gosto de garotas. - Disse rindo do seu semblante frustrado- Obrigada pelo café.

Sentei em uma das mesas do lado de fora do estabelecimento esperando que Davina chegasse. Observei tudo ao redor, mas meus olhos pararam em uma cena que não me agradou nem um pouco.

Um homem alto segurava o braço de uma mulher com força e a mesma reprimia uma expressão de dor, mas era evidente que estava doendo muito, pois sua tentativa de amenizar a situação olhando para os lados mordendo os lábios nervosamente não estava funcionando.

Levantei-me rapidamente com o café em mãos ainda prestando atenção na cena e a moça tentava a todo custo se soltar do homem que agora gritava. Fiquei horrorizada ao olhar ao redor e ver todos ignorarem e seguirem suas vidas como se aquilo fosse normal.

Até quando vão normalizar cenas como essa? Vivemos em uma sociedade onde o homem ainda tem uma visão primitiva de que a mulher tem que ser sua submissa, mas não, as mulheres são donas de si e não precisam de homem nenhum para a aprisionarem. Não mais.

Cenas de assedio e de violência contra as mulheres não podem mais ser normalizadas.

O mundo tem que evoluir pra ontem, até que todos independente de cor, gênero e opção sexual não tiverem direitos iguais minorias como essa mulher vão sofrer.

Mas é assim e sempre foi, nos dias de hoje as mulheres que se opõem são chamadas de feminazis, agem como se ser feminista fosse uma coisa ruim. Já antigamente eram chamadas de bruxas, claro que algumas eram, mas muitas já foram mortas porque apenas se opuseram.

Foi isso que levei como lição depois de todos os anos sendo uma mulher e vendo as injustiças com mulheres que não aceitavam abaixar a cabeça para homens, se eu estou me opondo eu estou no caminho certo.

-Você não pode terminar comigo, eu já disse que foi só uma vez, você não me deu o que eu queria e eu fui procurar fora de casa. Eu sou homem, tenho minhas necessidades! – BABACA.

-Eu já falei não, Paul, eu não quero mais você!- A mulher falava tentando sair do aperto.

-Ei, Neandertal!- Gritei com o homem chamando atenção de algumas pessoas ao redor- É melhor largar ela ou a minha mão não vai agüentar muito e vai querer acertar essa sua cara de pau.

-Quem você pensa que é? Isso é uma briga de casal, não se meta. – O homem me encarou irritado e a mulher me olhou assustada.

-Por causa de muitas brigas de casal mulheres são mortas todos os dias. Não pense que eu vou ver uma cena dessas e sair andando como se não fosse da minha conta. Babacas como você precisão entender quando uma mulher diz não. Ah é, espera, devem ser sílabas demais para esse seu cérebro com só dois neurônios.

Deixe-me entrar - Malia HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora