Capítulo 08

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   Dois dias se passaram. Logan estava curtindo o seu segundo dia de recesso natalino. Dormindo e acordando tarde, jogando videogame para reduzir o estresse e comendo besteiras. Sua mãe estava folgando no feriado natalino. Para ela, amanhã era um grande dia, ela sempre adorou o natal, a comemoração em família, jantar... Apesar de ser um família pequena. Sempre eram Logan, Samantha, Eduard e Mary - avô e avó do garoto - Kristen e Peter - a tia e o marido- sempre.
   Logan não gostava muito do natal, primeiro porque era uma confraternização familiar, o que fazia com que ele lembrasse do pai. Segundo, ele detestava as insinuações que sua tia fazia em relação a Samantha ainda não estar em um relacionamento. E por fim... Peter era um mala, sem alça, sem rodinhas, daquela que são insuportáveis de carregar. Logan adora essa comparação. É perfeita.
   Mesmo com tantas coisas acontecendo, não teve uma hora inteira sequer que o pensamento " preciso fazer alguma coisa por Megan" não passasse por sua cabeça. E só para complicar ainda mais a situação, o garoto acabou lembrando do caderno, do maldito caderno azul, aquele que Megan escrevia todas as manhãs em que Logan contemplava a sua beleza. Aquele caderno poderia render muitas pistas, ou melhor, poderia levá-lo ao assassino, então ele não precisaria do detetive e de quebra acabaria com todas as dúvidas sobre o carro de fuga e as digitais deixado nele.
    Logan conversou com Kim e Matt nas últimas quarenta e oito horas, mas não tocou no assunto. Nem eles na verdade. Mas enquanto quase todos estavam se preparando para o natal, quarenta e oito horas atrás o trabalho de Sam Watson se intensificou.

   — Encontramos o carro.— o colega de Sam informou.— Podemos ir lá agora, ainda estão fazendo a perícia.

   — Vamos logo.— Sam não estava apenas nervoso, estava ansioso também. Faziam três dias que a garota morreu e ele não sabia quase nada sobre o caso. As palavras de uma criança de sete anos não eram tão válidas assim, apesar de ser importante.
   O fato é que Sam tem algo agora, algo concreto, real. Ele tem o carro, e só Deus sabia o quanto que ele precisava dessa prova. O seu chefe não queria suspeitas, ele queria o assassino, na palma da mão, mais do que isso, ele queria Paul Williams. Poderia jurar que foi o pai psicopata que matara a filha sabe lá porquê. Brian Price, chefe e amigo de Sam, tinha certeza disso.
   Quando o detetive Watson chegou no local, não era bem o que ele esperava. O carro estava um bagaço, havia caído de uma altura considerável e parte estava amassada, muito amassada, mas apesar de tudo, não havia pegado fogo. Muita sorte.

   — O que temos?— Sam perguntou quando se aproximou do grupo da perícia que rodeava o veículo.— Digitais? Fios de cabelo?

   Um rapaz alto e moreno, com uns quarenta e cinco anos, balançou a cabeça negativamente para o detetive.

   —Até agora nada. E olhe que estamos averiguando há um certo tempo.— disse o rapaz, com um semblante de total descrença.
Sam colocou as mãos na cintura e observou o carro.

   Quem consegue ser tão desgraçado a ponto de fugir em um carro e não deixar qualquer pista nele? Pensou.

   Ele também queria que fosse mais fácil, que qualquer prova ou até mesmo qualquer pista levasse até Paul Williams. Seria a vingança de sua vida, Paul devia isso a ele. Mas as coisas não são tão fáceis. Sam mal lembrava que iria sair mais cedo, que dirás que era natal. Ele sempre trabalhava no natal. O rapaz quase não tem família. Não tem mulher nem filhos, sua mãe morreu à uns anos atrás e seu pai depois de casar de novo, esqueceu que já tinha uma família. Típico.
   Nada como passar o natal comendo comida delivery e assistindo filmes ou séries. Ok. A verdade era que nessas datas em especial, Sam sempre sentia-se meio sozinho, nostálgico... Mas pelo que parece a única coisa que ele iria sentir dessa vez era curiosidade e a adrenalina das dúvidas. Irritação, seja lá quem matou Megan, até agora conseguiu ser mais esperto que a polícia. Mas não seria mais esperto que ele, não se ele passasse a usar "informações externas".
    Não seria esforço nenhum rever Samantha e de quebra ter a ajuda de Logan. Ela era mesmo uma mulher bonita. Com seus cabelos escuros um pouco abaixo dos ombros e um sorriso doce, Samuel Watson não foi o primeiro a se encantar pela bela mulher, nem seria o último. Ele esperaria passar o natal e então, conversaria com o garoto.
   Era tudo o que Logan queria, informações. Mal sabia ele que nem mesmo Sam Watson teria as tais informações. Mas juntos, eles teriam o assassino.

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora