Capítulo 41

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   — Você é muito confiante não é?— Paul zombou.

   Megan não respondeu, apenas colocou as mãos nos bolsos novamente e continuou atrás dele.

   — Sabe Christopher, achava que você era mais inteligente... Mas parece que me enganei.— o homem falou com desprezo.

   Christopher riu, quase uma gargalhada.

   — Faço das minhas palavras as suas. Na verdade — ele fez uma pausa.— Eu achava que você era mais inteligente.

   — Você acha que eu não sabia? Que eu não sabia o quanto você era supostamente perigoso? Idiota.— Paul balançou a cabeça negativamente.— Foi por isso que deixei trabalhar comigo, queria saber o quanto de mim você tinha... Pelo menos a burrice da sua mãe você não herdou.

   Chris travou o maxilar. Ele não podia perder a calma, mas estava ficando cada vez mais difícil. Megan o encarou, ele também estava olhando para ela, esperando um sinal, um aviso, qualquer coisa que fosse parecido com um " acaba com ele". Mas a garota queria ouvir o pai falar, se achar esperto, nadar, nadar, nadar e morrer na praia.

   — Você se orgulha não é?— Megan começou.— Dos assassinatos, das torturas, das vidas que você destruiu.

   Paul deu um sorriso debochando.

   — Porque acha isso?

   — Porque não acharia?

   Megan caminhou sem pressa e parou na frente do pai.

   — Você se acha muito esperto não é?— ela disse. Então riu, uma risada sem graça alguma.— Sabe, eu não sou mais uma boa pessoa, você fez isso comigo, mas sou grata por isso.

   Paul franziu o cenho, mas logo seu semblante voltou ao normal, imparcial.

   — Primeiro você tirou a minha paz, depois a minha inocência, mas foi pouco não foi? Você tinha que acabar com ela. À sangue frio.— ela fez uma pausa.— Mas agora eu estou de volta, e você se arrependerá de não ter me matado também.

   Aos poucos, as peças daquele quebra cabeça foi se encaixando na cabeça de Paul. Ele não podia acreditar naquilo, ela estava morta, ele mesmo foi se certificar disso.
   Megan viu a dúvida e até um rastro de pânico passear pelo semblante dele, mas ela não estava satisfeita, ela não queria o matar de susto. Ela queria ver o terror no rosto dele, da mesma forma que ele fez com ela. Ela queria deixar marcas, causar dor. Vingar sua mãe e arremessa-lo das escadas do inferno.

   — E então, já tem algum palpite?— ela o provocou, mas ele estava, inutilmente, tentando observá-la por debaixo do pesado capuz preto.

   — Como você conseguiu?— ele perguntou.— Quero dizer, você não pode ter chegado tão longe...

   De repente Paul começou a gargalhar, como se alguém lhe tivesse contado a melhor das piadas.

   — Você não é ela. Ela estar morta.

   Então, Megan se aproximou um pouco mais da cadeira em que Paul estava sentado, eles estavam afastados por pouco menos de um metro de distância, mas era o suficiente.
   Ela se agachou e lentamente deslizou o capuz pela cabeça, deixando visível os fios loiros e agora curtos que herdara da mãe, assim como o rosto angelical, agora, erguido.

   Os olhos de Paul se arregalaram e seus lábios se afastaram, expondo a sua surpresa. Ele estava com a respiração desregulada, acelerada.
   Engoliu seco enquanto a loira o olhava nos olhos. Aqueles olhos cinzas que ele já viu tantas vezes apavorado enquanto ele se divertia ou a agredia.

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora