Capítulo 33

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    Era noite, Kim estava no quarto, andando de um lado para o outro, pensando nos últimos acontecimentos, no plano que, ela escolheu participar para ajudar Logan.

    Kim também estava pensando em Matt, em como ele havia sido impulsivo, mas ao mesmo tempo " heróico" já que ele havia feito tudo para salvar o pai de uma doença que o matava aos poucos.
    Ela não sabia se conseguiria confiar nele novamente. Mas no fundo, era o que ela queria. Matt, para ela, sempre foi o tipo de garoto que ela nunca conseguiria decifrar, ele tinha um jeito bobo e divertido na maioria das vezes, mas sempre que ela estava mal, precisando conversar, ele também estava lá e assumia uma postura madura que às vezes ela não enxergava o Matt de sempre.

    O que ela decidiu fazer - junto a Logan -, por Lilian era algo arriscado, muito arriscado. Era sequestro. Um crime. Mas por incrível que pareça, Kim não conseguia culpar Matt pelo que estava acontecendo. Megan era a culpada, e por Kim, ela estaria morta, seria menos um problema.

   Os pensamentos de Kimberly foram interrompidos pelas batidas do punho de sua mãe, na porta.

   — Pode entrar.— a garota falou.

   Sua mãe colocou a cabeça para dentro do quarto bem decorado.

   — Matthew estar na sala, disse que quer falar com você.— Anna a informou. Ela e Kim se pareciam muito, era como se a garota fosse uma versão mais nova da mãe. Os mesmos cabelos castanhos, olhos verdes e as sardas sobressaindo na pela branca.

   — O que ele quer?— ela perguntou, num tom mais grosso do que gostaria.

   — Falar com você. Não perguntei o que era.— ela encarou a filha.— Não sei o que aconteceu entre vocês, ele também parece chateado com alguma coisa, seja lá o que for, espero que resolvam, se quiser é claro.— Anna observou a filha.— Ficarei aqui em cima para vocês terem um pouco de privacidade.

   — Meu pai, ele já chegou?— Kim perguntou, como se sua mãe tivesse chegado em seu quarto naquele momento.

   — Ele ainda não chegou, vai demorar um pouco hoje.— ela fez uma pausa.— Filha, seja lá o que ele tem para falar com você, parece sério. Vai falar com ele. Estarei aqui se precisar de mim.

   Kim pensou um pouco.

   Eu não vou conseguir adiar isso por muito tempo mesmo....

   — Já vou descer.— ela falou. Sua mãe saiu do quarto e foi para o seu próprio.

   Kim ia saindo do quarto, quando chegou na porta, voltou e se olhou no espelho. Passou as mãos pelo cabelo, que estava solto, na tentativa de domar os fios castanhos.
    Ainda com a mesma roupa que estava quando recebeu a visita de Logan, Kim desceu as escadas de casa.
Matt estava em pé, virou-se quando ouviu o barulho dos chinelos da garota batendo nos degraus. Ele estava um pouco abatido, com uma aparência cansada, como se não dormisse há dias.

   — O que foi?— ela perguntou, sem ao menos dar-lhe um boa noite.

   — Boa noite para você também.— Matt falou com deboche. Kim automaticamente revirou os olhos.

   — Boa noite Matthew. O que você quer?

   — Eu não sei, eu precisava te ver.— ele deu de ombros com um pequeno sorriso.— Você acha que consegue me perdoar... Sobre o que Logan te contou? Sobre o que eu fiz? Eu não tive coragem de contar para você.

   — Te perdoar? Matt...— ela olhou para o lado e depois para ele.— O que você fez não foi certo, ok? Mas você teve seus motivos, era o seu pai, se fosse o meu, eu também faria a mesma coisa ou até pior, por ele. Não foi certo, mas eu entendo.

   Ele deu um sorriso cansado.

   — Me sinto mal por ter colocado vocês nessa situação.— ele falou.— Pelo menos estar acabando.

   — Matt você não nos colocou nessa situação...

   — Claro que...

   — Não. Tanto eu quanto o Logan fizemos isso porque queríamos fazer, mesmo que você não falasse nada, nós iríamos até o final.— Kim respirou fundo.— claro que você colaborou, muito, mas observe as consequências disso, nem sempre estamos preparados para elas. Poderia ser pior.

   — Eu sei.— Matt encarou a garota a sua frente. Como ela estava tentando lidar com as próprias emoções ao desviar o olhar algumas vezes, como tentava ser compreensiva... Se sentiu culpado.

   — O que foi?— ela perguntou.

   — Vai ajudar semana que vem?— ele se referiu a parte dela no plano.

   —  Por Lilian e pela nossa pele, vou.— disse Kim.— Mal posso esperar pela merda.

   Matt sorriu com ela.

   — Eu posso. Minha cota de adrenalina estar esgotada.

   — Não, ainda não estar. Estar me devendo uma agora.

***

   Em uma semana Lilian estaria de volta a Toronto. Ela amava os tios e isso era recíproco.
Para Paul isso era um alívio, não os sentimentos da filha, mas mantê-la longe. Depois dela, o seu " relacionamento" com Diana só fez piorar, não que ele se importasse com isso, mas ficou impossibilitado de fazer muitas coisas.
   Ele não se arrependia do que tinha feito com a falecida mulher, nem um pouquinho. Sentia orgulho, sempre que acabava com alguém que lhe incomodava, sentia-se orgulhoso. Foi assim que ele também se sentiu depois de destruir o psicológico da filha mais velha.

   Paul não ficou triste pela " morte" de Megan, ficou chateado por não ter sido ele quem se vingou. Ele sabia que Megan havia ajudado o detetive quando ele estava sendo investigado, sabia que a garota planejava fugir, mas ele não deixaria. Para ele Megan deveria sofrer como a mãe dele sofreu, como todas as mulheres que já passaram por ele sofreram. Como todas as mulheres deveriam sofre.

   Paul colocava toda a culpa em Paloma, sua mãe. Paloma era uma prostituta barata que, Paul, aos seus dezessete anos, resolveu eliminar. Viciada em cocaína e completamente esquecida sobre ter um filho, a mulher deixava o garoto na mão de um e outro sem ao menos se importar quem eram essas tais pessoas.
    Desde os seis ou sete anos, Paul era o famoso saco de pancadas da própria mãe, Paloma o batia quando estava aborrecida, quando estava cansada dele, quando ficava louca pelo efeito da droga... Quando batiam nela.

    Mas um dia, Paul também cansou de apanhar, de ser humilhado e tudo piorou quando sua mãe começou a pensar na possibilidade de vendê-lo. Ele era um menino bonito, não seria tão difícil, havia outra possibilidade também, o mundo do crime por assim dizer, sempre estava precisando de novos " soldados" e além do mais, Paloma estava devendo.

   E foi o que aconteceu, Paul foi parar nas mãos de um dos maiores mafiosos que a América já viu, porém, ele foi roubado e não comprado. Aos dezessete, Paul já tinha a confiança do chefe, era frio, ágil e treinado para matar. O primeiro assassinato seria a sua medalha, a prova de que ele estava pronto para o que viesse. E ele fez. Assassinou a sua própria mãe, primeiro com palavras, depois com um tiros na testa. Agora ele estava pronto, até mesmo para o título, " o maior mafioso da América".

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O que acharam? Paul tem um passado bem triste e pesado, isso reflete na pessoa que ele é hoje, vocês acham que justifica?

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora