Capítulo 25

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   O cérebro de Matt formou uma enorme interrogação.

   — Logan, eu não posso.— começou Kim.— Meu pai vai ficar uma fera.
O pai de Kim tinha sim, um revólver em casa, era legalizado e ele comprou por proteção. Segundo ele, nunca usou ou machucou ninguém.

   — Eu sei, mas será só por hoje.— Logan tentou convencê-la.— Eu não vou precisar usar, eu nunca mataria ninguém, Deus me livre.

   — Seu pai tem um revólver em casa?— Matt estava tentando absorver a informação repentina. Isso implicaria em muitas coisas certo?

   — Ele se preocupa muito com a família.— explicou a garota.— Disse que podemos precisar, que Toronto já não é tão seguro assim e tudo mais. Eu não vejo necessidade, mas... Ele insiste que pode ser útil algum dia.

   Esse dia chegou cedo de mais.

   — E então...— Logan começou.— Você vai me emprestar?

   — Logan você tem noção do que pode acontecer? Você nem deveria ir atrás dessa pessoa! Você pode acabar com uma bala no meio da testa! É isso que vai acontecer!— Kim explodiu. Tentando desencorajar o amigo — Qual o seu problema? Tenta enxergar o perigo da situação.

   Kim respirou fundo e seguiu:

   — Pensa comigo. A polícia já encerrou o caso, o detetive não estar nem aí, ele não vai te ajudar. Você vai sozinho, o que vai fazer quando encontrá-lo?— Kim arqueou as sobrancelhas, era óbvio.— Principalmente se estiver armado. Eu sei que não teria coragem de atirar em alguém, mas com certeza essa pessoa, esse assassino, não vai esperar você pensar e decidir o que vai fazer. Alguém vai morrer nessa. Ou você ou ele. Isso é óbvio.

   — Mais direta impossível.— Matt murmurou.

   — Kim, não é justo. Eu não vou conseguir ter paz se não for atrás do responsável por esse caos.— Logan falou.— Qual é? Você me conhece perfeitamente, sabe que eu vou até ele de qualquer jeito. Eu sei que Sam não vai me ajudar, mas e daí? Eu comecei sem ele e vou terminar do mesmo jeito. Além do mais, Samuel Watson não é o único que trabalha na polícia.

   — Você já pensou em sua mãe?— Kim faria de tudo para que Logan desistisse. Ele precisa, ela mesma precisa.

   Logan não havia pensado naquela parte. Em sua mãe, nem queria, não podia. Ele desistiria se pensasse, não queria desistir.

   — Não Kim. Nem vou, não posso. Se eu pensar nela vou desistir e eu não quero desistir.

   — Você sabe que isso não é justo.— Kim encarou o amigo. Estava com a face corada de tão irritada que estava.
Eles ficaram se encarando por uns instantes.

   — Na boa, vamos ser objetivos agora.— começou Matt.— O tempo estar passando, eu, Kim e todo mundo já sabe que é isso o que você quer não é? Vai assumir as consequências. Eu não concordo com o que você estar fazendo, mas o que me resta fazer, como amigo é te ajudar a voltar ileso dessa.

   Você sabe que ele não vai votar ileso dessa.— pensou Kim.

   — Vai Kim, empresta a arma para ele.— Matt a incentivou.— Ele não pode ir desarmado nessa, ele não vai ter chances se for. Preste atenção, seja lá onde seja esse lugar, não entre de vez, observe primeiro... O problema é que não podemos ligar para a polícia...

   Kim estava travando uma verdadeira guerra interna. Se não emprestasse o revólver, sabia que seu amigo iria mesmo assim, que iria tentar resolver as coisas nos socos e pontapés e provavelmente acabaria morto. Mas se emprestasse, Logan ainda correria o risco de ter o corpo desovado numa mata qualquer, porém, teria mais chances, ainda assim, poderia se tornar um assassino, com o revólver de seu pai.

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora