Capítulo 42

16 18 71
                                    

   Sim, Paloma deixou marcas no filho. Marcas profundas, incuráveis. Paul não teve uma infância feliz, também não teve uma mãe presente, mas esse não era o problema. Ele viu cada vez que sua casa foi invadida, cada vez que sua mãe era espancada. Era nele que ela descontava, afinal a culpa era dele não era?
     Paloma não precisaria ficar numa casa, nem se preocupar com quem seu filho iria ficar se ele não tivesse nascido. Ela também não sabia quem era o pai, não tinha a quem estorquir. A culpa sempre foi dele não é?

   Desde que Paul começou a "trabalhar" para o crime ele sempre soube o que queria. Ele queria livrar o mundo de pessoas como Paloma. Ele seria um herói, livraria o mundo de pessoas más. Elas mereciam sofrer, chorar, sentir dor e morrer. Todas.
  
   Com Diana não foi diferente. Eles eram " felizes" no começo, Diana era inocente o suficiente para ser usada ao seu favor. Mas depois ela começou a sentir falta da presença dele, dos bons e raros momentos, acreditava que ele gostava dela ao modo que apenas ele tinha. Paul começou a se sentir forçado, ela o trouxe muitos problemas. Megan foi um deles. Ambas mereciam o mesmo destino que Paloma. Lilian, nem tanto, a pequena foi uma necessidade, uma vingança.

   Scarlett... Tão burra para ele... Foi uma diversão que acabou mal, mas foi ela quem quis assim. Por ele, Christopher morria carbonizado assim como a avó, mas o miserável tinha sorte... Sorte até de mais. A verdade era que Scarlett não devia tanto, na verdade ela devia menos da metade que ele impôs a ela, leiga e inexperiente, Scarlett acreditou, morreu acreditando. Burra.

   Tracey e Irina Watson... Uma doce vingança. Sam sabia não que deveria ir tão longe quando se tratava de Paul. Mas ele era policial e não temia nada, pelo menos não até aquele dia.
    Faltou pouco para Paul ser preso. Sam nunca teve medo de nada, porém isso mudou um pouco quando formou sua família. Irina e Tracey eram a luz da vida de Sam, e Paul as apagou.
   Elas foram espancadas, torturadas e finalmente mortas com uma bala na cabeça. Sam não foi o detetive responsável pelo caso, nem podia, mas ele sabia quem as matou.
     Os corpos foram encontrados marcados, roxos e pálidos... sem vida. Sam reconheceu os corpos e os cremou, as cinzas ainda estavam guardadas em urnas, em sua casa.
   Dias depois o detetive deu um jeito em algumas suspeitas que ele mesmo encontrou e Paul saiu da prisão preventiva. Ou isso ou ele sabia que perderia o resto da família e não poderia fazer nada para impedir.

   Megan não ficou por baixo, espancada, estuprada, torturada psicologicamente e agora, de volta dos  mortos.

                                  ***

   — Isso te dói?— Megan perguntou.— Porque? A culpa foi sua, sempre foi sua.

   — Eu já mandei calar a boca.— Paul falou, tentando ao máximo se controlar.

   — Não! A culpa sempre foi sua!— a garota começou a falar mais alto.— Você assassinou todas elas, você não as livrou, você acabou com a vida delas.

   — Não! Eu ajudei as pessoas. As coisas estariam piores se elas estivessem aqui.— a raiva ainda estava presente na voz de Paul, o desprezo...— Sua mãe por exemplo...

   Ele não terminou, sua fala foi interrompida pelo seu próprio grito. Megan cravou a faca em seu ombro. A lâmina atravessou o fino tecido da camisa facilmente, assim como a pele.
   A loira se aproximou do ouvido de Paul.

   — Você não é digno de falar dela.— ela disse.— Ninguém tem culpa se você não soube lidar com a sua vida de merda!

   E então, Megan, lentamente, retirou a faca do ombro do pai.
  
    Dor. Era isso o que Paul estava sentindo, muita dor. Mas ainda não era o suficiente, não para a garota do parque.

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora