Capítulo 34

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    Dois dias depois...

    Logan havia achado a oportunidade para conversar com Sam. Eles marcaram num café não muito distante para ambos, porém, um tanto quanto escondida. Bom para Sam, lá tinha a discrição que ele tanto prezava e bom para Logan que... Bom ele só queria conversar e tirar dúvidas sobre essa história a limpo, não importava onde.

    Era terça- feira, Sam aproveitou seu horário de almoço para acabar logo com a anisiedade de Logan quanto a isso. Com uma calça jeans escura, uma camisa social branca e os cabelos finalmente arrumados, o detetive sentia-se mal por trair a confiança de Logan. Ele não se importava tanto quanto ao delegado, que só queria resolver casos de qualquer jeito e manter a boa fama do departamento.

   A princípio eles só se cumprimentaram, fizeram o pedido – Sam fez, porque Logan não conseguiria comer nada – mas não falavam muito, mas é claro que isso não duraria muito.

   — Porque você não me contou nada? Me deixou fazer papel de idiota enquanto você sabia de tudo e só ficava plantando coisas na minha cabeça?— Logan começou a falar, ele estava esgotado psicologicamente, não existia sono que acabasse com isso.

    — Logan, vamos falar sério ok?— Sam cruzou as mãos em cima da mesa.— Você não foi a única vítima dessa história, aliás eu nem sei se nessa história há vítimas de fato. Eu sou detetive e não piscólogo, então no meu ponto de vista, não há nenhuma.

   Ele se calou repentinamente, depois continuou:

   — Você se envolveu nessa história antes mesmo de haver um plano, talvez você seguisse o seu plano mesmo sem a motivação de alguém.— ele observou o local por um instante. Mania.— Sabe qual era a porcentagem de você entrar nisso?

   Ele esperou, Logan apenas piscou os olhos. Então ele mesmo respondeu:

   — Dez por cento, quinze no máximo, você era uma possibilidade.— ele fez uma pausa.— Ela fez tudo por partes. Eu demorei para perceber o quanto tudo isso estava indo longe de mais, mas eu simplesmente estava cego de ódio. Paul destruiu minha vida, minha família, parte do meu piscicológico, ele merece pagar pelo que fez. Mas ela foi indo cada vez mais longe, eu só percebi isso quando você me ligou, dizendo que tentaram atropelar Kim, ela também quase ferrou com meu carro.

   — Vocês armaram isso juntos, você também não é uma vitima, detetive.— Logan falou sério e baixo.

   — Não estou dizendo isso, fiz tudo porque eu quis, mas assim como você, eu também não sei tudo o que ela estar planejando.—  Sam observou o local novamente. Tranquilo, não estava cheio, as pessoas nem percebiam eles ali.

   — E?— Logan ergueu as sobrancelhas e mantia a expressão de quem não se importava, mas ele estava gritando por dentro.

   — Quem desligou as câmeras sabe apenas desta parte, eu sei apenas a minha, Matt sabe apenas a dele e a sua porque foi necessário, você sabe sua parte e a de Matt por consequência. Ninguém sabe o que Megan estar querendo fazer de verdade, ela vai me contar, mas não agora. Ainda está juntando as peças do quebra-cabeça.

   — Você simplesmente deu um tiro no escuro sem saber onde a bala iria perfurar, você deveria ter no mínimo, receio de atingir alguém que não merecia, ou até mesmo de alguém te acertar por trás.— Logan o interrompeu.—  Ninguém sabe o que Megan vai fazer? Parece tão difícil para você? Eu posso não saber as formas, mas é óbvio, óbvio! Que Paul vai morrer. Você não é burro e eu também não.

    Sam o encarou como se já não conhecesse mais o garoto à sua frente. Logan não aparentava estar preocupado, cansado, mas esgotado, ele realmente parecia não se importar.

   — Você acha que eu não pensei isso, claro que pensei. Acha que não tenho medo dela ir presa e entregar minha cabeça numa bandeja? — Sam franziu o cenho e balançou a cabeça.— Tudo tem seu preço, esse é o dele, só é uma pena que eu não possa fazer isso. Armamos um plano sim, mas ela mudou tudo, não seria ela quem vingaria as vítimas de Paul.

   — Sam, não será Megan quem colocará sua cabeça numa bandeja, você já à colocou a partir do momento que se juntou com ela.— Logan falou.— Acredite, não estou te julgando, talvez eu fizesse o mesmo ou pior, mas Megan não tem total culpa, nós temos a nossa parte também, fomos nós que nos juntamos à ela, mesmo que ela tenha movido uns pauzinhos, fomos nós quem formamos isso, até porque ela não pode fazer tudo sozinha.

    Sam deu um sorriso pequeno e sem humor, então arrastou os braços para mais a frente da mesa.

   — Você é um péssimo mentiroso, Logan. Você estar tão preocupado e tão cansado quanto eu. Nós podemos nos unir e nos ajudar, não é mais simples?— Sam falou, mas sem certeza de que Logan estaria como ele realmente falou.

   — Não, não é mais simples. Sabe por quê?— ele cruzou as mãos em cima da mesa.— Porque você não esteve do lado de cá. Você não estar se sentindo traído pelas pessoas que de alguma forma confiava, ok, Matt fez o que fez pelo pai, também não estou dizendo que ele estar certo, não pôde me contar, mas você, mesmo vingando sua família, poderia me contar, você não tinha o que perder. Eu não voltaria atrás! Eu confiei em você, achei que estava fazendo o que era certo...

   — Logan...

   — Cala a boca e me escuta agora.— Logan falou um pouco mais alto, depois respirou fundo.— Eu não estou fazendo drama, mas como você acha que uma pessoa na minha situação se sente com isso tudo?— ele fez uma pausa, mas Sam não o respondeu.— Na porta do inferno, preso. Ok, tudo o que eu achava que era verdade não era, mas eu não sou a vítima, você tem razão, todos nós temos culpa nessa merda! A diferença é que eu só ferrrei comigo mesmo e você foi tão manipulador quanto ela, usou os outros tanto quanto ela. Sinto muito pela sua família Sam, mas sinto muito mais por mim.

   Logan levantou da cadeira e pegou sua mochila.

   — Quando você tiver consciência de que o único problema existente não é o seu, você me procura.— ele falou e saiu do estabelecimento.

   Sam não teve reação, no mesmo lugar que estava, permaneceu.

   Logan precisava respirar, ele estava se sentindo preso, sufocado, de fato, a beira do inferno, mas ele sentia-se no mínimo, na obrigação de saber disfarçar. Sua respiração estava desregulada e o coração batia forte, ele podia jurar que estava suando frio. Aquela sensação não era mais uma novidade, mas ainda era horrível.
    Antes de atravessar a rua e ir para casa, o celular dele vibrou. Uma única vez. Mensagem, SMS. Ele pegou o aparelho e leu a última coisa que ele imaginaria.

   Nunca imaginei que faltaria aula de física para sair, Logan. No final tudo valerá a pena.

    — Ótimo, depois disso precisarei trocar de celular...— ele murmurou.

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A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora