Capítulo 10

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    Depois de muita discussão, eles decidiram seguir o plano de Kim. Não era cem por cento seguro, mas uns oitenta e cinco era suficiente, mas ainda não era o que tinham...
    Logan iria para casa primeiro. Depois, Kim iria até a casa de Paul com a desculpa de estar muito triste com tudo o que aconteceu, tentar entrar e conversar. Faria amizade com a irmãzinha de Megan e antes da mudança, conseguir entrar na casa, de verdade.

   — Em que momento você conseguiria fazer amizade com a garota?— Logan a questionou.

   — Com alguma sorte, hoje mesmo. Do contrário, pensarmos em outra coisa.— ela respondeu sem muita preocupação.

   — Isso não vai dar certo.— Logan falou. Kim se aproximou dele é colocou as mãos em seus ombros. Olhando nos olhos do amigo ela disse:

   — Achei que já tivesse acabado com isso. Vai acabar com você Logan, sabe que é melhor que isso. Tudo isso, vai dar certo.

     O garoto respirou fundo, na tentativa de se controlar.

   — Vou indo.— ele fez uma pausa e olhou para Kim.— Se em menos de uma hora você não voltar, ligarei para você e caso não atenda, eu vou até lá.

   — Não será necessário. Acha que não sei me virar sozinha?— Kim se chateou.

   — Contra um assassino e traficantes de armas? Não tenho certeza. E não esquece, agenda azul, é menor que um caderno.— Logan  respondeu e saiu da casa de sua amiga.

    Sim, ele foi na frente. Chegou em casa e esperou qualquer sinal. Não demorou muito e Kim apareceu na porta dos Williams. Apertou a campainha. Uma garotinha de olhos azuis e cabelos loiros presos numa Maria Chiquinha- meio bagunçado diga-se de passagem- abriu a porta.
    Ela parecia uma bonequinha com o seu vestido florido e sapatilhas combinando.

   — Quem é você?— a garotinha perguntou.

   — Kimberly, mas pode me chamar de Kim.— respondeu. E estendeu a mão direita para que a garotinha pudesse apertar.— E você?

   — Lilian, mas...— a menininha parecia pensar.— pode me chamar de Lily.
   Kim sorriu enquanto ela e Lily apertavam as mãos.

   — Hã... Seu pai estar?— Kim perguntou.

   — Não. Ele foi trabalhar, só volta mais tarde.— Lily respondeu.— Queria falar com ele?

   — Não!— droga! Assustado de mais.— Na verdade eu só vim oferecer a minha solidariedade. Fiquei muito triste com o que aconteceu. Queria saber se estavam precisando de alguma coisa.
   A menininha criou certa espectativa.
  
   — Lily? Quem estar aí?— uma voz feminina ecoou pela casa.

   — É uma amiga Dry.— ela gritou e então se virou para Kim.— Você quer entrar para brincar comigo? Eu não tenho muitas amigas para brincar comigo.
   Kim percebeu a tristeza na voz da menina enquanto pronunciava a última frase.

   — Claro. Porque não?— Kim respondeu e adentrou a imensa casa que um dia foi da garota do parque.
   A sala era grande, tinha dois sofás, uma televisão imensa, uma mesa de centro- de madeira-, as paredes eram bege e quadros caros as ocupavam.

   — Lilian, quem é esta garota? Sabe que seu pai não gosta de visitas.— uma mulher saiu de um cômodo que deveria ser a cozinha. Ela tinha os cabelos preto presos num rabo de cavalo, sua pele era parda, num tom café com leite, tinha os olhos grandes e de um castanho que lembrava chocolate. Estava usando uma calça de cor roxa e moletom. Talvez tivesse uns vinte e poucos anos.
   Lilian se aproximou da garota.

   — O nome dela é Kim, é minha nova amiga. Vai brincar comigo.— a menininha disse.

   — Kim... Pode vir comigo uns minutinhos?— a garota mais velha a chamou. Elas seguiram para uma área afastada da sala e Lilian sentou-se no sofá.

   — Sim?— Kim incentivou a garota a começar a falar.

   — Me chamo Adrielle, sou babá de Lilian. Olha, não me entenda mal, mas sou responsável por ela, não te conheço e Lilian nem tem amigas. Não me entenda mal,bmesmo, mas é de estranhar, não acha?—  a garota cruzou os braços na defensiva.— Não posso permitir que fique sem a permissão do senhor Willians.

   — Ah, eu te entendo. Na verdade eu vim prestar a minha solidariedade. Meus pêsames, por Megan. Foi muito triste o que aconteceu com ela.— Kim fitou o chão de maneira dramática.

   — Foi realmente muito triste o que aconteceu.— Adrielle respirou fundo.— Confesso que Lilian é uma garotinha solitária, não tem muitas amiguinhas. As vezes passa muito tempo no quarto e eu brinco com ela de vez em quando. Apesar de ser estranho, fico feliz em saber que alguém se importa.

   — Claro que me importo. Sabe? As pessoas deveriam se colocar mais no lugar das outras. Eu moro aqui perto, não é nenhum esforço e eu adoraria fazer companhia a Lily. Parece ser uma menina muito inteligente.— Kim colocou uma mecha dos longos cabelos soltos, atrás da orelha.

   — Você tem razão.— a babá franziu o cenho enquanto pensava na sua maior dúvida referente a garota que estava na sua frente.— Como ficou sabendo de Lilian?

   — Ah— Kimberly fingiu surpresa.— Eu não sabia. Só estava interessada em ajudar, independente de quem fosse ou o que quer que fosse. Coincidiu de Lilian abrir a porta, mas se fosse você ou o pai dela, agiria de bom grado também.

   — Pode me tirar outra dúvida?— Adrielle começou.— Como sabia que Megan morava aqui? Com o pai? Ela poderia morar com qualquer um e em qualquer outro lugar.
   Kim fixou seus belos olhos verdes nos de Adrielle na tentativa de se passar como ofendida e verdadeira.

   — Todo mundo sabe. Pelo menos todos que tem internet, assiste a telejornais ou ler. Não acontece muitos assassinatos assim e sem respostas por aqui.

   — É verdade. Desculpa duvidar de você. É que eu já ando tão nervosa ultimamente.  O senhor Williams não é muito calmo. E eu fico tão triste por Lilian. Ela é uma menina de ouro.— Adrielle secou uma lágrima que ousou cair.— E Megan não mereceu o fim que teve. Ninguém merece.

   — É verdade. Eu me identifico muito com ela sabe? Pelo fato de ser mulher e saber como estamos vulneráveis nessa sociedade maluca e machista.—  Kim falou com pesar.— Queria tanto ter a oportunidade de conhecê-la sabe? Parecia ser uma garota legal... Pelas fotos...

   — Sei. Mas os Williams—  a babá fez uma pausa.— Ou o que sobrou deles, vão se mudar e isso tudo será esquecido.

   — Então eles realidade irão se mudar?— Kim tentou controlar a surpresa.

   — Por favor não comente com ninguém.— Adrielle pediu, ou melhor, implorou.

   — Algumas pessoas já imaginam isso. Mas pode confiar em mim.— É tudo o que eu preciso de você.

   — Obrigada.

   — O quarto de Megan ainda estar arrumado?— Kim indagou.

   — Estar, porquê?— Adrielle estranhou.

   — Queria conhecer um pouca mais ela. Mesmo que... Agora.— a garota quase em um sussurro e uniu as sobrancelhas.— Mas pode ser meio invasivo não é?

   — Desde que não fale com ninguém, não vejo problema. Daqui a três dias tudo vai sumir mesmo. Que diferença pode fazer?— Adrielle deu de ombros.— Além do mais, você não parece o tipo de garota... Você sabe, má.

   Mal sabia ela que algumas vezes, Kim poderia ser pior que uma raposa.  E para ajudar um amigo, ela poderia muito bem ser uma cobra.

  

A garota do parqueOnde histórias criam vida. Descubra agora