Capítulo X

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- De que batalha estás a falar? - Perguntei.

- A batalha pelo poder, pela soberania,  pelo universo... - Respondeu, a sua expressão serena tornou-se fria.

- Ah... - Disse num sussurro praticamente inaudível.

O ambiente tornou-se tenso e então lembrei-me que ainda não me tinha apresentado:

- Esqueci-me de apresentar.  Chamo-me Annabelle Collins. - Estendi-lhe a mão e ele retribuiu o gesto. Mesmo com pouca luz, reparei que a sua pele era bastante clara e suave, como a pele de um bebé.

- Eu sou Matthew Jones, mas podes-me chamar Matt. É um prazer. - Ele fez uma breve pausa. - Então tu és a detentora de tão grande poder...

- Que queres dizer com isso. - Perguntei.

Ele olhou para mim com os olhos a brilhar e esboçou um pequeno sorriso. - Quero dizer que o teu poder foi uma das razões pela qual começou esta batalha. Além disso acho que Lúcifer não vai achar muita piada quando vir o que realmente podes fazer.

- Ai não, então porquê? - Questionei num tom arrogante.

- Porque ele pensa que tu nunca conseguirás controlar os teus poderes e isso dá-lhe vantagem. - Respondeu num tom doce, algo que fez com que o meu coração se derretesse um pouco.

- Eu tenho gente a ajudar-me com isso não te preocupes. - Afirmei de novo com um subtil tom arrogante.

- Eu sei que tens, e não me preocupo. Tenho a certeza que és mais forte do que aparentas ser. - Disse de novo com essa voz tão suave.

- Eu sei um pouco de karaté, nada de mais... Mas posso-te fazer uma pergunta, se não te importares. - Perguntei afastando-me um pouco dele.

- Força. - Encorajou aproximando-se.

- O que fazes aqui?

- Estava apenas de passagem e calhou de te encontrar. - Respondeu sorrindo logo após. - Eu vou na mesma direção que tu, se quiseres acompanho-te a casa.

- Eu não te conheço de lado nenhum... Não sei se é boa ideia. - Afirmei num tom de negação.

- Annabelle, se eu te quisesse fazer mal, já te tinha feito há um bom bocado, por isso não te preocupes. - A sua voz suave junto com aquele sorriso encantador faziam com que me sentisse segura, mas talvez por não o conhecer bem fazia-me sentir algum receio.

- Então está bem. - Acabei por aceitar.

Começamos a caminhar lado a lado. Enquanto percorríamos aquele caminho deserto, ele contava-me histórias sobre a sua vida, e eu fazia exatamente a mesma coisa. Acho que aquele caminho nunca tinha sido tão interessante!

- Eu sou um anjo... Mas não um anjo de alto estatuto,  como era a tua e mãe e o teu pai. Eu sou um soldado de baixo nível.  O bom de ser desse nível é o poder me apaixonar, sem problemas. - Contou com um sorriso.

- Mas eu pensava que os anjos não se podiam apaixonar?

- Agora mudaram as regras, se se apaixonaram o que é que Deus pode fazer. O amor é a maior força do universo. - Os seus olhos brilhavam, mesmo com a pouca luz oferecida pelos velhos candeeiros.

Mas como é costume em Londres, do nada começou a chover, assim que começamos a correr os dois em direção à porta do meu prédio. Entramos para dentro do hall e eu fui até junto do elevador.

- Londres sem chuva não é Londres. - Disse num tom de brincadeira.

- Estou totalmente de acordo. - Retorquiu entrando dentro do elevador, e começamos os dois às gargalhadas.

Subimos até ao meu andar e depois de abrir a porta Matt ficou parado à porta, não sei porquê mas parecia que estava a ter um déjà-vu.

- Esta casa é incrível! - Exclamou ele um pouco depois.

- Obrigada! - Agradecia a sua simpatia. Eu ainda não percebi porque é que toda a gente que entra na minha casa fica tão impressionada, não há nada de mais, apenas uma enorme sala que se estende até à cozinha que também é grande, tem duas casas-de-banho uma com duche e outra com uma banheira de hidromassagens e um quarto bastante grande, este Loft também tem uma varanda com um jacuzzi... Pensando bem até que é uma casa bastante grande, e eu não poderia viver nela se não fosse pelo dinheiro que os meus pais me deixaram.

Sentamo-nos no sofá e estivemos lá a conversar durante um bom bocado.

- Vou-te confessar uma coisa... - A sua expressão tornou-se pensativa.- Eu... Tenho-te andado a vigiar.

- Como? - Disse levantando-me, não podia acreditar.

- Então há bocado quando disseste que passavas ali por acaso era mentira! - Afirmei irritada, não podia acreditar que me tinha mentido.

- Foram ordens dos superiores, desculpa ter-te mentido. - Desculpou-se levantando-se e aproximando-se de mim, mas eu afastei-o com uma mão e fui até junto da televisão.

- Mas porque é que te mandaram vigiar-me? - Perguntei depois de algum tempo.

- Para te proteger, desde que descobriste tudo isto, os Anjos têm medo que os Anjos Caídos de façam alguma coisa de mal. - Revelou aproximando-se de mim.

- Okay, Okay... - Fiz uma pequena pausa e virei-me dando de caras com Matt. - Não faz mal...

Sem me dar conta ele abraçou-me, eu fiquei sem reação, simplesmente deixei-me ficar nos seus braços. Já há muito tempo que não sentia o que estou a sentir neste exato momento.

Era tão estranho, sentia como se o conhecesse de toda a vida, quando na verdade não passávamos de dois desconhecidos... Os nossos olhares cruzaram-se e agora que estávamos tão próximos pude ver que os seus olhos eram verdes, um pouco para o cinzento e brilhavam imenso. Os nossos rostos aproximaram-se lentamente juntando-se um beijo repleto de desejo, nos meus lábios sentia uma eletricidade que já não sentia fazia algum tempo. Afastamo-nos, mas naquele momento senti que necessitava mais e voltei-me a aproximar dele roubando-lhe um beijo mais selvagem.

Ele pegou em mim ao colo e levou-me até ao quarto, enquanto o meu desejo por ele crescia a cada passo. Ele pousou-me em cima da cama como se fosse o objeto mais delicado no qual havia pegado. Começou-me a beijar com lentidão, cada toque na minha pele era como pequenos focos de desejo que nasciam dentro de mim. As suas mãos suaves a passar na minha pele provocavam arrepios agradáveis. As suas mãos percorreram cada centímetro do meu corpo deixando-o em chamas. Já há muito tempo que não me sentia assim, era imensamente bom. Eu apenas queria ser possuída por ele. Quando lhe tirei a camisa fiquei surpresa ao aparecerem duas enormes asas brancas, ele realmente era um Anjo... Os nossos corpos começaram a dançar a um ritmo próprio sem dar conta das horas e do passar do tempo... Eu nunca me tinha sentido tão viva!

      Na manhã seguinte acordei, uma luz suave iluminava o quarto, havia algumas penas brancas pelo seu chão. Virei-me lentamente para o lado para dar a Matt um beijo de bom-dia, mas a cama estava vazia.

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