Capítulo IX

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A sua cara tinha uma expressão tremendamente séria, o que me estava a deixar bastante nervosa.

- Diz lá de uma vez! Já me estás a assustar.  - Exclamei passado pouco tempo, já com um tom ligeiramente irritado na voz.

- Calma Annabelle,  não é nada de mal. - Disse calmamente abrindo logo de seguida um grande sorriso. - Estive a pesquisar sobre os teus poderes e habilidades. Mas lamentavelmente o teu caso é tão singular que quase não encontrei informação nenhuma.

- E então? - Perguntei já um pouco impaciente.

- Pelo que li nos manuscritos, os poderes dos Anjos nascem com eles e vão evoluindo à medida que crescem. Tu és considerada um ser híbrido, isto é que possui duas partes, neste caso a parte Humana e a parte Angelical, sendo que a parte Humana está em maior percentagem. Pelo que consegui encontrar, os teus poderes existem e estão dentro de ti, o problema é que, sendo humana, estás a bloquear os teus próprios poderes. - Ele fez uma pequena pausa e olhou-me nos olhos. - Tens de voltar ao local onde o teu pai se sacrificou, talvez isso ajude a que consigas desbloquear os teus poderes.

- E isso é aonde? - Perguntei.

- Pelo que li foi no Stonehenge. - Respondeu rapidamente.

- Eu vivi lá perto quando era pequena, e agora que penso um pouco o meu pai morreu lá perto, mas a policia e a minha mãe sempre disseram que foi um homicídio. Mas esquecendo isso, quando é que vamos lá? - Questionei, deixando Jake um pouco perplexo.

- Nós? - Retorqui engasgando-se um pouco.

- Sim, Jake, nós. Eu, tu e a Sarah- Disse com um pequeno sorriso. Eu tinha quase a certeza absoluta que ele não tinha pensado nesse "nós", mas sim neste "nós": apenas nós os dois, o que me pareceu um pouco cómico, já que isso deixaria de ser uma viagem de pesquisa e passaria a ser uma viagem romântica com um final do mais cliché: casamento.

Estes pensamentos estranhos fizeram com que eu mandasse uma gargalhada um pouco descontrolada.

- Que foi? - Perguntou com uma cara um pouco estranha.

- Nada de mais, estava apenas a pensar numa coisa engraçada. - Respondi entre pequenos risos.

- Está bem, então a viagem pode ser este fim-de-semana? - Questionou arregalando um pouco os olhos.

- Eu acho que sim, mas vou falar com a Sarah e planear a viagem. Eu depois ligo-te, está bem?

- Okay... Mas, por favor, tem cuidado, agora que os anjos caídos sabem que tu sabes que eles existem vão tentar-te matar e eu não quero que nada de mal te aconteça. - Advertiu Jake com um ar preocupado.

- Jake, não te preocupes comigo, eu já sou crescidinha- Disse em tom de gozo.

- Não brinques com coisas sérias Annabelle, é a tua vida que está em jogo. - Afirmou. - Agora tenho que ir embora... Adeus.

Ele foi-se embora, mas eu decidi ficar mais um pouco no pub. As pessoas há minha volta conversavam animadamente, mas eu não me sentia tão animada assim, para ser sincera sentia-me um pouco triste por tudo o que tem vindo a acontecer na minha vida.

Eu sei que tenho de ter cuidado com os Anjos Caídos, porque, mesmo sabendo um pouco de karaté, não tenho força suficiente para me enfrentar a um deles. Mas o que mais confusão me faz é o porquê dos meus pais não me terem revelado isto antes, talvez acharam que eu era muito jovem e que não ia entender, ou simplesmente não acharam necessário, não sei, mas espero obter uma explicação em breve. Eu tenho direito a saber, é a minha vida, sou eu!

Mais tarde, quando já estava a anoitecer decidi ir ao apartamento da Sarah para lhe contar o que tinha descoberto e planearmos a viagem ao Stonehenge, mas quando lá cheguei não encontrei ninguém, toquei na campainha umas quantas vezes, mas ninguém atendeu.

Que estranho, ela costuma estar em casa a esta hora, será que aconteceu alguma coisa?

Depois de um quarto de hora à espera decidi voltar para casa. O céu estava nublado que junto da lua nova fazia com que as ruas ficassem ainda mais escuras do que de costume. A rua onde a Sarah morava era bastante calma, não havia nem uma alma naquela rua, o vento gelado fazia com que o meu cabelo voasse sem uma direção concreta, e eu tinha a sensação que alguém me estava a seguir, o que não era nada agradável. Olhei umas quantas vezes para trás, mas não vi ninguém, como não gosto de andar sozinha à noite comecei a andar um pouco mais depressa para ver se chegava mais rápido há minha rua que normalmente é bastante mais movimentada.

Mas porque é que não vim de car...

Vindo do nada, uma flecha cruzou o meu campo de visão, interrompendo os meus pensamentos, um pouco do meu cabelo caiu no chão cortado pela tal flecha. Um pouco mais à frente um homem com o cabelo escuro e pele clara começou-se a aproximar lentamente, quando estava a poucos passos de mim, disse com uma voz muito suave:

- Annabelle Collins tem muito cuidado...  - Ele passou ao meu lado em direção à parede onde ficou espetada a flecha, colocou a sua mão sob ela e aplicou um pouco de pressão retirando-a. - Lúcifer...

Ele voltou para a minha beira e mostrou-me a flecha, ela constituída por uma ponta de prata presa a um cabo de madeira que terminava com duas penas, uma branca e outra preta, a branca estava coberta, do que me pareceu ser sangue.

- O que significa isto? - Perguntei olhando para o homem que se encontrava há minha frente.

- Significa que a batalha começou...

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