Capítulo XVI

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O ambiente dentro do carro era tenso, podia-se ouvir uma mosca. Eu olhava pela janela, na minha cabeça passavam muitos pensamentos, mas nenhum era claro. Estava preste a descobrir quem sou... o que posso fazer... Estes últimos dias tem sido bastante confusos. A semana passada era uma rapariga totalmente normal, e agora estou aqui... prestes a descobrir os meus poderes.Esta história dos anjos é bastante confusa, mas talvez com esta visita consiga entender tudo.

Notavasse que todos estavam nervosos, mas nada se comparava à confusão de sentimentos que tinha naquele momento. "Porquê eu?" Perguntei-me a mim mesma.

O carro parou, era o momento. Todos abrimos a porta e saímos, Sarah dirigiu-se à mala do carro e retirou de lá a espada do assassinato, deu-ma para a mão.

- Talvez isto te ajude. - Disse ela baixando a cabeça.

- Talvez seja melhor que a Annabelle vá sozinha lá cima. - Disse Jake. 

- Vocês podem ir já para casa, eu estarei melhor sozinha. - Disse.

- Tens acerteza? - Perguntou Richard.

- Sim, vão embora, eu irei a pé para a casa, e se acontecer alguma coisa... eu telefono. - Disse sorrindo.

Todos vieram à minha beira e demos um abraço de grupo, depois eles entraram no carro e foram embora, quando deixei de ver o carro, subi à encosta que leva ao Stonehenge, aproximei-me vagarosamente da corda que circundava o local. Aquilo era lindíssimo ao por-do-sol. O meu coração batia com violência, como se quisesse sair do meu peito.  Toquei na corda, e uma imagem veio-me à cabeça, mas estava desfocada e não consegui ver com claridade o que era. Levantei a corda e avancei até ao pé de uma das pedras do lado mais afastado do centro. " Acalma-te 'Belle." Pensei para mim mesma. Toquei na pedra e a mesma imagem que tinha visto anteriormente voltou-me à aparecer, mas desta vez podia ver com maior claridade. Havia um fogueira no centro de um circulo feito por homens vestidos com capas negras que tinham capucho. Ao pé dessa fogeira estavam três pessoas, uma de joelhos, outra atrás do que estava de joelhos e um outro à frente. O meu coração começou a bater ainda mais depressa, sentia-me triste, assustada e irritada ao mesmo tempo, era como se sentisse as emoções dos que estavam presentes.

Aquela imagem desparaceu e eu caí de joelhos no chão, pus a mão no peito, doía-me imenso, olhei em frente, respirei fundo e avancei. Foi até ao centro do círculo, pousei a espada em cima da pedra do centro. Uma nova imagem apareceu, desta vez pode ver a cara do sugeito que estava de joelhos. 

- Pai... - Disse num sussuro e caí no chão de joelhos, o meu coração batia rápidamente, a lágrimas vieram-me aos olhos. 

Não reconheci a pessoa que estava por detrás do meu pai, mas aquele sorriso sínico e aquele olhar diabólico eu conhecia, o homem que estava ao lado do meu pai era Lúcifer. 

- Vais pagar por tudo o que fizeste! Não me queres entregar a tua filha? Então vais sofrer as consequências. - Disse Lúcifer. 

O meu coração batia cada vez mais forte, a minha cabeça latejava e as lágrimas não paravam de correr. 

- Prefiro morrer, a deixar a minha filha nas tuas mãos. Annabelle estará bem sem mim... - Disse o meu pai quase sem forças. Não podia acreditar que estava a ver a morte do meu pai em primeira pessoa. A dor que sentia não tinha descrição possível, o meu pai preferia morrer a deixar-me nas mãos de Lúcifer. Naquele momento sentia orgulho e medo, orgulho de ser filha de quem sou e medo daquilo que sou. 

Até agora só me tem dado informações confusas, ninguém me sabia explicar o que podia fazer, ninguém sabia dizer o que sou, um anjo, um semi-anjo, não sabia o que era... " Será que agora tudo ficará mais claro?..." A minha cabeça parecia que ía explodir.

Fechei os olhos, pus as mãos na cara e chorei... chorei como nunca tinha chorado na vida, naquele momento só queria que o meu pai estivesse comigo para me ajudar, queria ser uma pessoa normal, com pais normais, queria ser normal.

Então senti uma mão nas minhas costas, olhei para trás e limpei as lágrimas que me obstruiam a visão. Não conseguia acreditar no que estava a ver.

- Annabelle... És o maior orgulho da nossa vida, tornaste-te numa mulher bonita e forte... - Disse ela, com aquela doce voz que eu conhecia tão bem.

- Mãe... - Disse enquanto me levantava.

- Annabelle, meu amor, estamos orgulhosos de ti... És a melhor coisas que nos aconteceu. - Disse ele, enquanto me tocava na mão com suavidade.

- Pai... Vocês morreram por minha causa... - As lágrimas corriam pela face.

- Está na hora de descobrires a tua verdadeira natureza... Mas o que aqui for revelado, mais ninguém pederá saber, nem a Sarah nem o jovem Jake. - Disse a minha mãe enquanto abria uma espécie de portal.

- O que é isso? - Perguntei.

- Aqui se encontra a fonte dos teus poderes. Aqui descobrirás quem realmente és... - Disse o meu pai enquanto entrava naquele portal. Entrei e a primeira coisa que vi foi um lago, havia uma cascata que parecia começar no céu, aquela água caía dentro dele, ao redor havia relva e árvores.

Aproximei-me lentamente daquele lago e toquei na água cristalina, uma imagem apareceu. Era eu com umas bonitas asas...

- Pretas?! - Disse eu sobressaltada.- Mas só os anjos caídos é que tem asas negras.

- Olha com mais atenção. - Disse o meu pai.

Quando olhei melhor, vi que as asas terminavam num tom acizentado.

- Annabelle, és um anjo muito especial. - Disse a minha mãe.

Depois apareceram os elementos naturais. Água, gelo, terra, fogo e ar...

- Isto é o que posso fazer? - Perguntei.

- Sim, querida. - Disse o meu pai.

De repente tudo desapareceu... O lago, a cascata, tudo... Agora só estava eu, a espada e um monte de pedras. 

Quando peguei na espada mais uma imagem apareceu. A mesma espada que tinha na mão, estava na mão do homem que estava atrás do meu pai. Então num golpe rápido e frio, a cabeça do meu pai caíu no chão, e então o mesmo homem que atacou o meu pai atirou o seu corpo à fogueira. Vi no fundo uma figura brilhante, parecia ter asas, mas então olhei com mais atenção e consegui ver o meu pai a sorrir.

Olhei para a espada, estava meio congelada. Sorri e comecei a andar em direção ao pôr do sol... Sentia que alguma coisa, dentro do meu coração, tinha mudado.

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