Virei a cabeça para ver que horas eram. No relógio marcava dez horas, como é que não reparamos na passagem do tempo?
- Jake, já é tão tarde, e ainda não jantamos! Queres que eu prepare alguma coisa para comermos? - Perguntei, um pouco preocupada, não queria deixar o meu convidado sem comer.
- Está bem. - Disse ele, enquanto sorria.
- Vou fazer uma pizza, está bem? É a coisa mais rápida que tenho para fazer. - Disse um pouco atrapalhada correndo para a cozinha.
- Está bem, mas não precisas de estar com tanta pressa. - Disse ele com um tom reconfortante.
- Então quer dizer que eu sempre tive asas? - Perguntei, continuando a conversa que tinha deixado a meio.
- Exato. Eu vou tentar ensinar-te a usá-las, mas não prometo que funcione. - Disse ele com um sorriso. - Tu és um caso excecional.
- Mas como é que me podes ensinar a usá-las. Não deveria ser outro anjo a ensinar-me? - Perguntei, voltando a sentar-me ao seu lado no sofá.
- Como já te disse, estou há muitos anos a estudar isso. - Disse ele com um sorriso. - É meu dever, como bom profissional, saber isso. Além disso eu fiz uma tese sobre a Anatomia dos Anjos.
O forno apitou interrompendo a nossa conversa. Levantei-me e fui até à cozinha, peguei num prato e abri o forno para retirar a pizza, o que fez com que queima-se um pouco as pontas dos dedos. Coloquei-a em cima do balcão e fui buscar uma faca para a cortar. Depois de cortada levei-a até à mesa de café, colocando-a junto dos livros que ali se encontravam. Fui de novo à cozinha para trazer algo que beber, como não tinha vinho, trouxe duas garrafas de cerveja.
- Desculpa lá não ser um grande manjar. - Disse, um pouco dececionada comigo mesma.
Ele sorriu e pegou numa fatia. - É o melhor manjar que se pode pedir às dez da noite.
Eu também peguei numa fatia e comecei a comer. Enquanto comíamos continuávamos o assunto da conversa que tinha sido interrompida pelo forno. Quando terminamos de comer eram quase onze horas.
- Acho que é melhor ir para casa, já é bastante tarde. - Disse ele levantando-se.
- Sim, amanhã tens de trabalhar e eu de estudar... Então vemo-nos por aí... - Disse.
Despediu-se de mim com dois beijos na cara. Eu acompanhei-o até à porta, fechando-a à chave quando ele saiu. Voltei ao dormitório e vesti o pijama, depois fui até à casa de banho lavar os dentes e desmaquilhar-me. Voltei para o quarto e deitei-me.
A minha mente foi evadida por memórias do passado. Há minha cabeça vinham imagens dos meus pais. Já há algum tempo que não pensava nisso, pois não me queria lembrar de como foi doloroso. As lágrimas teimavam em cair, enquanto estava deitada na cama a olhar para o teto, mas não queria chorar, há anos que superei isto. Mas seja como for, eram os meus pais...
As horas iam passando, mas finalmente deixei que a exaustão me tomasse.
O despertador tocou, eram oito e meia da manhã, levantei-me e fui-me vestir, tomei o pequeno-almoço e saí de casa para me dirigir à universidade. Nada tinha mudado desde sexta-feira, mas eu sentia-me diferente, sentia-me uma pessoa nova, talvez porque tudo o que achava ser uma mentira, afinal era verdade, talvez tivesse mudado por causa de tudo o que descobri...
A Sarah veio ter comigo à entrada da universidade, ela estava temporariamente a viver no campus pois a sua casa estava a ser fumigada. Vinha com o seu típico encanto e parecia mais feliz que nunca.
- O encontro de ontem correu bem, suponho? - Perguntei curiosa.
- Porque dizes isso? - Perguntou ela com um sorriso radiante.
- Vejo-te mais radiante do que de costume. - Disse em tom de brincadeira.
- O encontro com o Richard foi fantástico! - Disse ela com um enorme sorriso.
- Notasse. E então, conta como foi! - Acho que ela me contagiou-o o entusiasmo.
Dirigimo-nos para o enorme edifício que se erguia à nossa frente, enquanto isso, ela contava-me pormenorizadamente o seu encontro. Enquanto ela falava com grande energia e entusiasmo, vieram-me à mente imagens dos meus momentos com o Richard, de quando nos conhecemos, do nosso primeiro beijo, dos gestos românticos e daquelas pequenas coisas que deixam uma rapariga feliz. Mas isso já tinha passado e não penso olhar para trás.
Depois de uma esgotante manhã de aulas fui para a biblioteca trabalhar, mas hoje era um dia especial, pois consegui uma autorização para entrar no Arquivo. Foi complicado, mas lá a consegui, claro que tive um pouco de ajuda da Senhora Lynch, se não fosse por ela, provavelmente, jamais teria conseguido esta autorização.
A biblioteca estava calma, não havia demasiado movimento. Havia pessoas com os seus portáteis a trabalharem, alguns adolescentes estavam nos computadores da biblioteca a jogar e também havia pessoas a estudar para os exames que se aproximavam.
Perto da hora de fechar decidi dar uma espreitadela no Arquivo. Entrei na sala escura, ascendi as luzes e avancei até à caixa forte, estava fechada. A atmosfera era a mesma da noite em que tudo mudou.
Olhei para o relógio que estava na parede, eram nove horas.
Hora de fechar, hoje não penso ficar até mais tarde.
Dirigi-me à entrada e desliguei tudo, saí e tranquei a porta. Comecei a andar em direção à minha casa, mas uns minutos depois algo me impediu de avançar. Sentia a sua presença, era tão familiar.
Vi um rosto pouco iluminado por detrás daquele velho candeeiro de rua, mesmo estando bastante escuro, reconhecia aquelas feições. E quando percebi quem era paralisei, estava gelada desde a ponta dos pés às dos cabelos. Não podia acreditar no que via.
- Olá Annabelle...
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Diário do Destino [Em Revisão]
FantasíaIMPORTANTE: O livro encontra-se em processo de revisão. Annabelle Collins é uma jovem universitária que trabalha a tempo parcial numa biblioteca pública em Londres. Numa noite de tempestade, enquanto trabalhava, encontrou um pequeno livro no chão d...