capítulo III

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Sexta-feira 13, Seul, restaurante de iguarias às 9:30 p.m.

A situação constrangedora continuava entre os rapazes, principalmente quando o silêncio se alastrou no local. As moças esperavam os namorados darem a iniciativa de uma tentativa de prosa entre eles, chegado até a dar pisões e beliscões em suas pobres pernas abaixo da mesa. Já irritados, os dois garotos decidiram colocar seus planos em ação — Sim, Jimin havia bolado um plano —. Mas antes que o moreno pudesse se levantar, o rapaz a sua frente pôs-se de pé e foi em direção a o banheiro que não era tão longe dali, o tirando qualquer saída daquela conjuntura.

Ao chegar no local, apressadamente, Park retirou o celular do bolso e buscou em seus contatos o número de seu amigo, trando rápidamente de digitar uma mensagem pedindo socorro.

                Jimin<3: Hoseok, me ajuda, em nome de tudo que é mais sagrado!

               Hobi Amor: O que tu quer? Se for para me meter em alguma enrascada novamente... estou fora!

                Jimin<3: E quando eu fiz isso? Ah, deixa. Só... me liga daqui há cinco minutos dizendo que não está bem e precisa de mim.

                Hobi Amor:  Sei não, hein.

                Jimin<3: E se eu te pagar aquele hambúrguer gorduroso de 30 centímetros do Subway que você adora?

                Hobi Amor: Agora sim, você está falando a minha língua. Beleza, até daqui a cinco minutos, bebê.

O loiro bloqueia a tela do celular e direciona os calcanhares para onde a sua namorada se localizava.  Se sentou a mesa e sorriu falsamente para todos ali presentes, inclusive para aquele que era seu principal motivo para se retirar dali.

Com a passada de alguns minutos, o aparelho do loiro que se encontrava em cima da mesa começou a tocar, deixando à vista a tela com o nome do número que estava ligado — Hobi Amor — e que foi logo atendido pelo dono. A conversa telefônica foi bem breve, dando direito até para falsas caretas de preocupação do rapaz, que após alguns minutos de atuação, desligou a chamada e se virou para namorada afoito.

— Amor, o Hoseok não está nada bem, eu preciso ir! — Disse em um tom de preocupação.

— Calma amor, pode ir. Precisa que eu te leve?

Tentando não ser mal educado, o mais velho puxou a carteira e retirou seu cartão de dentro e em seguida dando para a namorada e a agarrando deixando um ardente beijo em seus lábios.

— Não precisa amor, eu pego um táxi, assim que chegar na casa dele eu te ligo. Dirija com cuidado. — Ditava beijando a mão da parceira e continuou a falar se virando para o casal a sua frente — Ah, me desculpe por sair assim no meio do encontro, mas eu realmente preciso ir. Tenham um bom jantar, foi um prazer conhecê-la, Jieun. — Se curvou para a menina que logo se levantou e repetiu a ação sorrindo alegremente.

Park se levantou dado as costas para todos ali e foi em direção a saída, desfilando com todo glamour que possuía. Dentro de si estava se sentindo aliviado de sair daquela circunstância e aos poucos seu coração se apertava, ainda não sabia o porque, porém lá no fundo da sua consciência, sabia, mas iria negar até o final.

Foi para a esquina acenando com a mão e sinalizando para o primeiro que aparecesse, agora se encontrava amargurado em seus pensamentos, com lembranças de um passado não tão distante se repassado lentamente, como se aquele potinho onde colocou cada amargura relacionada a esse episódio de sua vida tivesse sido trazido de volta pela maresia, que o condena.

Jimin se xingava mentalmente a cada segundo que se passava, se sentindo uma pessoa fraca por não aguentar rever seu ex namorado com outra pessoa. Ele sabia que isso podia acontecer, porém não sabia que reagiria tão mal, virou sua cabeça olhando de soslaio para o vidro do carro, mas a única coisa que conseguiu ver foi seu reflexo soltando uma solitária lágrima que deslizava aos poucos sobre sua delicada e macia pele.

A única coisa que conseguiu pensar em meio aquela onda de lembranças era bebidas. O que com certeza iria fazer com que ele esquecesse de todos os seus problemas e mesmo não tendo um bom organismo em relação a bebida, ele insistia em ingerir álcool quando era para socializar e esquecer da vida.

Solicitou para o motorista, que era um rapaz muito educado de aparência na casa dos vinte, que parasse em uma conveniência perto de seu apartamento. Seu pedido foi logo atendido com um sorriso no rosto o condutor do veículo puxou a marcha e continuou sua jornada. Percebendo o frustração do garoto do banco de trás tentou ajudá-lo com uma breve fala.

— Moço, não sei nada sobre o senhor e não quero me intrometer, mas pela sua aparência, parece ser muito jovem, você tem cerca de vinte anos, certo? — Disse chamando a atenção do loiro que retirou sua visão do seu reflexo, se voltou para o jovem condutor e o respondeu positivamente. — Bom, eu sei como é ser jovem, aliás, eu sou um. — Disse soltando uma risada engraçada por ser algo óbvio e continuou — Se está assim pelo que estou pensando, vale a pena chorar. Libere a sua alma, deixe tudo sair. É apenas uma dica. Me desculpe, sou mesmo muito intrometido. — Com o que soltou no final de sua fala fez com que Jimin soltasse uma risada e o agradecesse.

O carro freou em parada fazendo Park perceber que já tinham chegado ao seu destino, retirou o dinheiro do bolso e pagou ao adorável homem que tinha conhecido mas que sequer sabia o nome. Antes que o carro partisse, fez questão de perguntar o nome do homem que logo respondeu, Park agradeceu e se afastou do carro. Observou o automóvel até ele sumir de sua visão após dobrar a esquina.

Adentrou a pequena conveniência indo direto às estantes onde ficavam as cervejas e durante alguns segundos, lembrou do pedido de seu amigo Jung, mas decidiu deixar para ser cumprido outro dia, nesse resto de noite ele decidiu encher a cara. Girou os calcanhares em direção ao caixa pagando o preço devido com o resto de dinheiro que tinha sobrado em sua carteira. Com certeza iria sentir isso pesar no orçamento do mês, talvez por causa desses gastos terá que fazer horas extras, algo que o deixava extremamente chateado, pois era muito cansativo para o jovem que só queria viver a sua liberdade.

Foi andando para casa, observando delicadamente aquela noite de luar forte com pequenos pontinhos a sua volta representando as estrelas que infelizmente eram ofuscadas pela poluição luminosa. A noite estava um pouco fria com fracos sopros de vento gelados passando pelo corpo do garoto estremecido, o fazendo colocar as mãos no bolso e continuar com a sua caminhada.

Com a chegada em seu prédio, passou pela portaria dando um pequeno sorriso para o porteiro animado pelo início da noite, e subiu degrau por degrau, passando pelo andar de seu apartamento direto para a sacada do edifício — tal qual era um dos seus lugares favoritos —. O local era mal iluminado, e a pouca iluminação vinha de uma lâmpada que falhava a cada minuto fazendo um zumbido dando o aviso que logo iria queimar.

Se sentou no chão e pegou uma das cervejas que estava dentro da sacola, a abrindo e dando a primeira golada da noite, aliás, a primeira de muitas…

Ali, refletiria cada episódio de sua vida, vasculhando lembranças esquecidas e passados dolorosos, nessa longa noite de luar conversava com a sua principal amiga, a Lua, a única que teria coragem de expor suas fraquezas. Pensava que se recorresse aos seus amigos iria irritá-los, pois foram longas noites de choro no colo de Seokjin e foram longas tardes trancado em seu quarto com Hoseok batendo a porta, ele tinha causado todas aquelas preocupações e superado tudo para desmoronar de novo? Nem pensar! Nunca cogitaria essa ideia.

Entre a quinta latinha de cerveja, se perguntou em meio a conversa silenciosa com a lua, por que o destino está fazendo isso comigo?

Quem é Vivo Sempre Aparece | JikookWhere stories live. Discover now