O Começo

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Um dia de inverno, como qualquer outro, mas será mesmo?

Era tudo o que eu queria, ficar sozinha em meu quarto frio e escuro até minhas mãos congelarem, a todo tempo olhava para a janela onde a neve se acumulava, porém, por mais que eu permanescese ali dentro esperando morrer de hipotermia, não adiantaria, porque era impossivel.

Em primeiro lugar, eu era a fonte do frio e da neve, o gelo no meu quintal era minha culpa, não conseguia parar. Estava agoniada por não ser capaz de acabar com a minha própria vida.

Esse é o preço que meus pais pagaram por sua arrogância, se é que posso dizer que eles realmente foram os punidos. Quando eu era pequena, tranformei meus pais em estátuas de gelo acidentalmente, eles nunca descongelaram, estão no quarto deles até hoje, nesta casa. Havia ficado tão perdida que causei essa tempestade na cidade toda, ninguém se aproximava da casa, nem se quisesse, havia uma espécie de barreira de vento protegendo o local.

Depois daquele dia, nunca mais sai de casa, me alimentava...você que está lendo pode achar um pouco nojento, mas eu comia os ratos que caçava dentro do meu próprio lar, com dificuldade assendia uma fogueira para assa-los e a água era fácil, apenas derretia o gelo ao meu redor.

Eu queria me matar, mas me faltava coragem, o máximo que consegui fazer foram vários cortes no braço.

É claro, também haviam coisas que me davam saudade. Todo dia acordar e ir a escola, ter pais para me ajudarem e me amarem, ver e conversar com as pessoas, até de coisas básicas como sentir calor. Mas agora, o que me restou foi o frio, a tristeza, a agonia e a solidão.

Não haviam muitas coisas para me destrair, meus pais tinham uma mini biblioteca, mas já li todos os livros nos ultimos anos, ainda tinha um piano na sala e a minha flauta transversa, mas nem sempre queria toca-los, de vez em quando, eu ficava girando um disco de gelo que consegui fazer. A anos não tenho luz e nem água encanada, estou nessa prisão a seis anos...

Derrepente, eu notei uma coisa incomum, sem nem mesmo uma chama asesa, o gelo na janela estava derretendo, gotas de água escorriam de cima para baixo limpando o embaçado do vidro, notei também que a temperatura tinha aumentado. Como poderia ser?

Levantei meu corpo esquelético e abri a janela, foi minha maior surpressa. Lá fora, em meio a nevasca, uma siliueta de um homem se aproximava da casa.

Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora