Os dias se passaram e ainda não tinhamos resposta para o mistério que nos envolvia.
Depois da tempestade nossas terefas foram dobradas e como Zoe tinha dito, nós tivemos que limpar toda a bagunça, o que não foi problema já que Dimitry derreteu tudo, o verdadeiro desafio foi trocar os canos estourados. Impedi várias vezes que barras de ferro despencasem em cima de Stevan, que começava a ficar meu amigo.
Depois de toda a confusão, pudemos voltar para nossa cabine, que era muito mais confortável do que a sala de clasificação.
Mas finalmente chegamos ao nosso destino, estavamos na Inglaterra, confirmei isso quando vi um ônibus de dois andares que, provavelmente, nos esperava. Nos alto falantes, ecoava:
- Todos peguem seus pertenses e formem filas na saida do navio!
Eu não tinha muitas coisas para levar, mas havia um item mais importante: meus pais.
Expliquei a Zoe o que iria fazer e sai da cabine pela ultima vez carregando minhas roupas. A essa altura eu não tinha dificuldade em achar a sala de comando, onde poderia encontrar a professora Daphne. Para minha sorte, ela estava lá:
- Com licença, profesora Daphne...
- Sim?
- Eu queria saber...se poderia ver meus pai antes de desembarcar - ela olhou pro comandante que se encontrava ao seu lado - Por favor, não me deixaram ve-los nenhuma vez durante a viagem.O comandante concordou com a cabeça e Daphne me orientou a segui-la. Seguimos por um alçapão na própria sala de comando, descemos a escada que vinha depois da portinha e então nos deparamos com um corredor pouco iluminado, chegando a duas portas que nós abrimos.
Agora estavamos numa espécie de laboratório, o que me chamava mais atenção se encotrava lá no fundo da sala:
- Meus pais!
Sai correndo olha-los mais de perto, Daphne, como manteve o ritmo, chegou segundos depois de mim. Um momento de tristeza, eles ainda estavam congelados, porém não intactos, lascas do gelo ao seu redor estavam ausentes:
- Estão esculpindo o gelo deles?
- Não estamos coletando amostras, como já deve saber, o gelo fornecido por você não é comum, é mais resistente e difícil de ser derretido, queremos saber a melhor maneira de remover a substância de seus pais sem feri-los.
- Então eles estão vivos? - perguntei esperançosa.
- Tem possibilidade, mas ainda não podemos afirmar. Agora é melhor você ir pra saida, já estão colancando vocês, jovens, nos ônibus.Ela me acompanhou por todo o caminho até a saida do navio, lá haviam muitos outros jovens numa confusão danada, a professora Daphne se colocou num dos cantos do espaço e gritou:
- Todos aqueles que não forem elementais para trás!
No mesmo momento, aquela mulher da noite da nevasca, cujo o nome descobri que era Clarisse, apareceu na porta de saida que já estava aberta:
- Na minha frente, quero uma fila com todas as meninas elementais!
Fiquei no vigésimo terceiro lugar na fila, depois, Clarisse mandou os meninos elementais fazerem a mesma coisa. Haviam dois homens, cada um colocando pulseiras de identificação, verde claro pras meninas, verde escuro pros meninos:
- Senhoritas e ralazes, de dois em dois vão entrando no ônibus uma menina e um menino, vão sentando nos ultimos bancos de acordo com sua entrada, mas não serão liberados de acordo com a fila, e sim de acordo com a chamada que o professor Boris vai fazer.
Um sujeito grande e barbudo se levantou com uma prancheta e caneta em mãos, começando a fazer a chamada:
- Agatha e Alex, Alice e André...
Ele chama em duplas, sempre um casal, percebi que tinham muitas meninas cujo o nome começa com a letra A, em quantos os meninos, já se entrava na letra D:
- Amanda e Dênis, Ana e Dimitry...
Espera...eu e o Dimitry?
Obedecendo a chamada entrei no ônibus junto com Dimitry, ele me deixou sentar na janela, o que foi bom, porque depois que o ônibus saiu eu não parava de ver coisas novas, era tudo tão fantástico! Meu parceiro me orientava o que era cada coisa, shopping, prédios, super mercado, restaurante... coisas que pensei que jamais veria de novo, as cores avermelhadas tomavam conta da paisagem onde haviam bosques e praças, além do Sol que estava se pondo, as variações de laranja, amarelo e marrom das folhas entregava o fato de estarmos no outono.
Depois de um tempo, chegamos a uma contrução gigantesca, quase colosal, além dos portões um jardim imenso se estendia, outros jovens estavam espalhados pelo gramado, uns conversando em grupo, outros lendo livros de baixo das árvores de copas cheias, mas quando nosso ônibus passava todos olhavam com esperança.
Saimos do veículo em frente a entrada e fomos guiados para o que seria a recepção, ainda nas duplas separadas pela chamada lá no navio, de dois em dois, eramos atendidos pelas balconistas. Quando chegou minha vez e de Dimitry, as mulheres se alegraram ao olhar para ele:
- Sr.Dimitry! Que prazer em ve-lo novamente! Tome, aqui está, seu quarto é o 1 corredor 9 no segundo andar! - disse uma das recepcionistas entregando um chaveiro de duas chaves a Dimitry.
- Seu nome? - a outra recepcionista perguntou a mim.
- É Ana Viscol.Ela olhou em seu computador e pegou um chaveiro parecido com o de Dimitry:
- Quarto 2 corredor 7 segundo andar.
- Eu te levo até lá, é caminho para o meu quarto, pra você não ter problemas em achar o corredor e não ficar perdida por aí. - ofereceu Dimitry.
- Obrigada, é muita gentileza sua.Ele me guiou por uma escada próxima que dava direto no corredor. Nesse corredor havia somente cinco portas, com placas indicando seus números 6,7,8,9,10, Dimitry, me levou até a porta com o número 7 e me intruiu pegando meu chaveiro:
- Essa é a chave pra essa porta, que é a do seu corredor, atrás dessa porta vai ter cinco quartos numerados, procure o que tem o numero 2 e use a outra chave para abrir, certo?
Ele me devolveu o chaveiro e eu abri a porta, além dela, havia um corredor pequeno que levava a uma sala média. Dimitry me seguiu pra dentro do corredor e se justificou dizendo que queria ver como era o meu quarto. Abri a porta com o número 2 e me espantei.
Não era muito grande mais confortável, tinha ar condicionado, aquecedor e televisão, o cômodo já estava decorado com quadros de paisagens e globos de neve:
- Eles sempre fazem isso, decoram de acordo com o poder da pessoa.
- Acho que você tá aqui faz tempo né?
- É verdade, a uns três anos, esse foi meu primeiro quarto.
- Não brinca.
- Sério, decoraram isso aqui com tochas acredita?
- Hahaha! Nossa, que bom gosto hein!
- É verdade, eles deviam deixar os donos do quarto enfeitarem...Ele era um pouco fofo explicando as coisas, e engraçado também:
- Bom, é melhor eu ir, antes que as pessoas desse corredor cheguem.
- Ok, até mais!
- Até...Ele sorriu e foi em bora, em quanto isso, a porta com o número 1 se abria lentamente revelando alguém familiar:
- Olá, prazer em conhece-la!
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Coração De Gelo
RomanceUm corpo frio, uma mente destruida e um coração sem esperança... Estas palavras são o que melhor definem Ana, uma garota de deseseis anos atormentada por sua peculiaridade. Vivendo sozinha em sua casa com seus pais inconcientes por seis anos. Mal im...