Um Contra Todos

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Ana:

Depois da explosão, tudo ficou escuro e frio, eu sentia a neve e o gelo que me enterraram. Não conseguia mover um músculo, se ousase, vinha uma dor insuportável, era quase como se eu tivese sido atingida por uma avalanche que veio pra cima com tudo (porque provavelmente, foi o que aconteceu). Não tinha idéia do que acontecia ao meu redor, onde estava Dimitry ou quanto tempo se pasou depois que fui apagada pela pancada forte de uma onda gelada. Tudo o que eu via, era o escuro, o que sentia, a neve, o que eu ouvia...

Espera, eu realmente ouvia algo!

A sensação que a neve me passava mudou, tinha alguém se movimentando perto de mim, não só uma pessoa, talvez Dimitry, ou...bem, o inimigo.

Fiz um esforço para levantar e sair pra fora, ver a situação....a situação devastadora!

Sobre a neve, só se via as armas de alguns bravos guerreiros e poucas pessoas se levantando, a alguns metros, podia ver Stevan ajudando a outros jovens se levantarem. Meus poderes interagiam com a neve, me possibilitando sentir algum sinal de movimento. E eu sentia...bem perto...quase ao meu lado!

Localizei de onde vinham as vibrações, cavei até achar Dimitry, tremendo de frio e batendo os dentes. O puxei pra fora da neve com toda a minha força, persebi então, que apesar de estar com frio, ele estava quente, não um quente de febre, mais um calor sobrehumano. Começo a me preocupar quando lembro do que, um dia, eu ouvi, "Os elementais morrem com seus elementos, são corroidos de dentro para fora". E já que Dimitry tem poderes sobre o fogo...

- Ah meu Deus...

Lembrei-me também, de uma coisa que eu podia tentar, lá do passado, quando minha vida mudou pra melhor. Dimitry desfez o estrago que causei com meus poderes descontrolados, talvez eu pudese fazer isso também. Não tinha certeza se funcionava com seres vivos, mas eu tinha que tentar:

- redit ad normalis...- susurrei.

Senti fagulhas de frio sairem da ponta de meus dedos, resfriando o interior de Dimitry, até ele voltar a temperatura normal, vi de relance sua mão se mover. Precionei minha palma contra sua bochecha gentilmente, murmurando:

- Acorde...

Seus olhos se abriram, era visivel que ainda estava fraco e desestabilizado depois do choque térmico, mas pelo menos estava vivo! Isso era o que importava:

- Dimitry, você precisa se esquentar.
- Preciso...

Disse ele, parecendo perceber o que estava acontecendo. Enquanto ele se recuperava, ouvi um berro de pura angústia e dor e o pior, de uma voz familiar, Louis:

- ZOE!!!!!

Fui correndo até lá, para me deparar com uma cena triste, que eu pensava ser pesadelo...mas não era.

O corpo de Zoe, imóvel e sem vida, uma flecha cravada em seu peito, deixando o redor da ferida ensanguentado. Stevan também estava próximo, chocado e triste com a cena. E eu...não tinha nem palavras, só lágrimas que escorriam por meu rosto.

Me abaixei e tomei o corpo dela em meus braços, dando o último abraço, uma última demonstração de carinho. Agora, minhas lágrimas se misturavam ao sangue dela, mesmo que meus olhos estivesem fechados. Eu precionava a cabeça dela contra mim e acariciava-lhe os cabelos. Finalmente a deixei em paz, Louis a pegou novamente e olhou pra mim enguanto eu levantava, olhando decidida para o inimigo, que ainda estava de pé e sorria com a situação:

- O que vai fazer? - perguntou Louis.
- Apenas não saia daqui.

Enquanto andava, via mais e mais guerreiros se levantarem, atordoados e enfraquecidos. E eu não ia permitir que mais dessa gente venha a falecer. Idependente de qualquer ordem minha, uma cúpula de gelo, enorme e forte, se formava atrás de mim, protegendo a todos os que ainda restavam vivos, incluindo Stevan e Dimitry, que já percebeu o que eu iria fazer e agora estava batendo contra a parede da cúpula, gritando:

- SAIA DAÍ! VOCÊ VAI MORRER! POR FAVOR! VOLTA!!!!!!

Mas eu não dava ouvidos, Zoe não precisava ter morrido hoje, nem nenhum dos outros que arriscaram a vida, isso começou comigo, terminará comigo:

Chegando perto do inimigo gritei:

- O QUE ESTÁ ESPERANDO!? A GUERRA AINDA NÃO ACABOU!!

Ele riu, achando que eu estava brincando, mas bastou olhar pra mim para saber que eu estava decidida a lutar até o fim:

- Tola! Quem lhe garante que depois da sua morte, não irei assassinar todos esses seus amigos?! Todos os que ama!
- Já perdi os que amo uma vez, não vou perder de novo! Posso até morrer aqui, mas não vou cair antes de te ver morto!

Ele fez sinal para que o exército avançase. Todos vieram de uma vez, prontos para acabar com a minha vida, mas com uma coisa eles não contavam...

Ventos selvagens de um frio congelante rodavam ao meu redor, a meu favor. As correntes de ar derrubavam os soldados e seus companheiros, vendo aquilo, bateram em retirada:

- Voltem! Ataquem! Usem seus poderes! - berrou Nick, o lider inimigo.
- Senhor, meus poderes não funcionam contra isso! - disse um dos soldados.
- Não me importa! Apenas mate-a ou a capture!
- Mas senhor...
- Isto é uma ordem!
- Vocês não persebem!? Ele não liga pra vocês, liga apenas para seus próprios intereses!
- Você não vai convence-los com sua lábia! E mesmo se convencer...

Ele levantou um celular, mais parecido com um controle, sorrindo maliciosamente:

- Eles não tem escolha a não ser me obedecer.

Ele mexeu no aparalho, na mesma hora, todos os que antes recuavam, avançavam com violencia, usando seus poderes ao extremo. Os ataques eram fortes e rápidos, eu não conseguia defender todos, cheguei a ter que fazer uma barreira de gelo sólido, alguns dos golpes me atingiam mas pelo menos, conseguia neutralizar a maior parte dos danos. Porém, eu não ia aquentar se continuase assim.

Atrás de mim, eu ouvia as vozes dos meus amigos protegidos pela cúpula, gritos desesperados, mais entre todos os berros, os que eu mais ouvia era os de Dimitry. Eles tinham motivo para estarem assim, eu não iria conseguir sozinha, mas também não iria desistir fácil assim.

Começei a me sentir fraca, os ventos frios que eu comandava estavam falhando e a barreira estava rachando, a cúpula só continuava inteira porque não estava recebendo golpes esternos, mais sabia que também estava ficando mais fraca:

- Eu...EU NÃO POSSO DESISTIR!

Derrepente, uma onda de água atingiu grande parte dos atacantes, deixando-os inconciêntes. Depois, uma rajada de vento cortante feriu outra parte do exército. Nick, olhou para cena abismado, como se tivese visto um fantasma, chegou a empalidecer:

- NÃO PODE SER! - gritou ele.

Eu também não acreditava no que via, mas era. Bem ali, lado a lado, estavam os meus pais.


Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora