Zoe:
Aquilo era surreal, inimáginavel. Ao meu lado, tinha Louis, todo ensanquentado e inconciênte, o responsável pela ferida em seu abdômen, era um cristal de gelo que o atravesava. Tirei meu casaco e rasguei parte da camisa, na tentativa de estancar o sangramento. Ao meu redor, um mundo de devastação, soldados, feridos e congelados. Ana também estava inconciênte, ela era o centro de toda a destruição do lugar.
Zoe! Vocês precisam de ajuda!
Disse Elinor, apenas confirmando o que eu já sabia:
- Alice! Ajuda aqui!
Ela veio correndo na minha direção, já sabendo que precisariamos de mais ajuda:
- O que faremos?
- Eu tenho uma idéia, e sei que Alice, está pensando a mesma coisa.
- Sim...podemos chamar Stevan. - confirmou Alice.
- Ele está com o braço quebrado da luta com Dimitry, tenho certeza de que não recusaria ajudar, mas seria dificil ferido daquele jeito.
- Alice pode ajudar.
- E-eu?
- Sim, você sabe o que fazer, use seus poderes.Alice olhou destraida para o chão, como se pensase sobre o assunto. Eu nunca a havia visto usar seus poderes, apenas sabia que era elemental, então não poderiam ser poderes de cura. Minha mente ficou ocupada tentando pensar em qual poder ela teria para que pudese ajudar...porém eu descobriria mais cedo ou mais tarde:
- Tudo bem, mas preciso que você traga Ana pra perto de Louis. - disse Alice, se dirigindo a mim.
Concordei com a cabeça e fui buscar Ana. Ela era mais pesada do que parecia, estava tão gelada, que meus braços aguentaram por pouco:
- Isso não é nada bom...- disse Elinor.
- O que? O que houve?
- Ana está congelando de dentro para fora, isso significa...
- Que ela está morrendo! Alice! Precisamos ir rápido!
- Eu sei! Louis também está desaparecendo!Ai droga! Lembro-me da aula em que ensinaram que os neutros e os elementais morriam com seus próprios dons, enquanto metamorfos, como eu, voltavam a forma de nascensa. O gelo de Ana, por sua temperatura, deve estar por quase todo o seu interior, quando o lado de fora começar a congelar já será tarde de mais...
Coloquei minha amiga, delicadamente, ao lado de Louis. Alice concentrou seus poderes no chão, murmurando:
- argentum laminam.
Uma placa de metal cinsento e brilhante saiu do chão levantando Ana e Louis. O objeto flutava a vontade de Alice:
- Temos que levar os dois, mas não podemos ter mais companhia, Zoe, preciso que se transforme em um passáro pequeno e danifique as câmeras no caminho.
- Pode deixar.Virei um beija-flor e comecei a arrancar os fios conectados nas câmeras, uma após outra pelo caminho, sem que nenhuma filmase Alice. Chegamos ao esconderijo, felizmente sem sermos vistos. Elinor analizou cuidadosamente o estado de Ana e Louis.
Do meio da escuridão surgiu um rosto conhecido por todos que já pasaram pela infermaria:
- Dr.Antônio?! O que faz aqui?
- Agora não é tempo! Preciso de ajuda com esses dois, antes que seja tarde de mais! Elinor! Já sabe o que fazer.Ela asentiu pegando uma agulha e ingetou o líquido que ela portava em Louis, depois começou a retirar o pedaço de gelo da ferida dele com o dobro da atenção, para não fazer mais estragos. Em quanto isso, Antônio se preocupava com Ana, colocando sua mão na região do coração dela. Uma estranha luz surgiu e o médico pareceu sentir dor:
- O que está acontecendo?!
- Ana usou mais de seu poder do que o limite, sua energia vital está sendo drenada aos poucos, o único jeito de salva-la agora, é tranferindo energia suficiente para o coração voltar a funcionar. - explicou o médico.
- Caso contrário, ela será consumida por gelo e morrerá.- concluiu Elinor.A luz diminuiu, se tornando fraca como a de uma única vela:
- Droga! O gelo começou a ficar resistente!
De um lado, minha melhor amiga quase morta, do outro, o garoto que eu gosto com uma ferida fatal e eu impotente sem saber o que fazer!
Dimitry:
Eu me encontrava no meu quarto, sozinho, as paredes queimadas por conta do descarregamento de minha furia. Mas agora que todo o ódio tinha pasado, só conseguia pensar em Ana. Exeto quando a dor da ferida na perna atrapalhava meus pensamentos.
Alguém bateu na porta, e sem esperar que eu atendese, saiu entrando no quarto.
O garoto com quem eu já estava acostumado a conviver dentro do exército, cabelos castanhos, espetados, pele clara, corpo magro e olhos acinzentados, penetrantes. Todas essas caracteristicas não o ajudam muito, mais já vi suas habilidades o bastante para que ele mereça meu respeito:
- Oi Carlos, parece que te falta um pouco de educação.
- Olha quem fala! A gente já se conhece cara, não tem nada pra esconder de mim.
- Fala logo o que você quer e cai fora.
- Bom, é claro que você foi dispensado da missão por conta do seu...inconveniente.Ele olhou para a marca de mordida na perna:
- Isso não é nada! Não é um simples cachorro que vai me intimidar, se Ana não tivese interfirido, eu teria desfigurado a cara dele.
- Calma, relaxa tá? Olha, é sobre essa tal de Ana que tenho que falar com você.Ele? Falar sobre Ana?:
- Ok, tem minha atenção, continue.
- Alguns dos nossos, receberam a ordem de captura-la, eles a querem viva.
- Porque querem ela?
- Hora Dimitry, não se faça de bobo. Sua paixonitezinha tem um poder absurdo. É claro que querem ela por causa das habilidades.Pensei um pouco sobre o assunto, se querem captura-la...
- Espera, ela está sendo forçada?
- Bom, fiquei sabendo que ela recusou o convite, mas mesmo assim ainda estão atrás dela.
- Ela tem o direito de recusar. Quem tá liderando essa missão?
- O chefão.
- O chefão geral?
- Esse mesmo. Só tô dizendo, que estão certos sobre captura-la, seria um disperdício ela não fazer parte do exército.
- Mas ao menos se perguntaram como ela se sentiria?
- É claro que não, e quem liga? Ela não sabe a oportunidade que eles estão dando, no final tenho certeza de que vai agradecer, bem, se conseguirem acha-la né.Olhei para o chão. Tomara que não a encontrem, ela não merece isso.
Carlos abriu a porta e se foi, com um breve gesto de despedida. Logo depois, arrumei uma mochila discreta e coloquei a roupa mais neutra que tinha. Já que todos estão atrás de Ana e infelizmente sou muito popular, seria dificil o que eu faria agora.
Ana precisava saber e eu precisava ve-la.
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argentum laminam: placa/baixela de prata em latim
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Coração De Gelo
RomanceUm corpo frio, uma mente destruida e um coração sem esperança... Estas palavras são o que melhor definem Ana, uma garota de deseseis anos atormentada por sua peculiaridade. Vivendo sozinha em sua casa com seus pais inconcientes por seis anos. Mal im...