Certezas

413 39 10
                                        


C.

Após o tenso café da manhã. Todas nós fomos dormir para o jantar de hoje. Mas eu não conseguia pregar os olhos. Meus pensamentos voltavam sempre para a loira no quarto ao lado do meu. Provavelmente ela dormia ou apenas aproveitava o tempo a sós com sua noiva. Sua noiva. Eu as observava durante todo o café como Arizona a tocava o tempo inteiro. Sem medo algum de demonstrar afeto por ela. Ela nunca me tocaria assim. E quando Carina falava sobre sua vida perfeita e bem sucedida. Eu sentia vontade de pegar aquele pescoço magro e enforcá-lo. Ela se exibia sobre a vida. E me interrompia o tempo inteiro quando eu começava a dizer algo. Eu sei eu era invejosa. Eu sentia raiva dela. Só por querer estar no lugar dela. Arizona parecia estar nos observando, mas eu sabia que sua cabeça estava em outro planeta. Será que ela pensava em mim? Oh céus! Eu me tornei esse tipo de pessoa. Aquela que não tinha coragem de dizer o que estava realmente sentindo, mas não deixava a outra pessoa ir. Eu precisava deixá-la ir. Foi quando Arizona finalmente falou algo.

- Calliope...esqueci de lhe contar a grande novidade com toda a agitação de ontem. – Esperei então. Parei o que eu fazia. Focando minha atenção apenas nela. A mesma parecia calma ao dizer. Parecia séria. O que me fez ficar um pouco tensa. – Carina e eu estamos noivas! – Suas palavras saíam rápidas, mas como giletes me cortando. O que eu ouvia doeu muito. Eu apenas queria ter alguma reação. Vamos Callie. Via a cara de Carina se fechar com a minha hesitação em dizer ou fazer algo. Faça qualquer coisa. Eu sorri. Com muito esforço. – Quero que seja minha madrinha! O que acha? – O meu sorriso desabou. Eu com toda certeza não estava preparada para esse convite, mas o esperava. É claro que ela me chamaria para ser madrinha, mas no fundo eu esperava que não. Que fosse a April. Carina sorria e enchia o peito. Como se me desafiasse. Meu corpo pulsava de raiva e eu só queria que essa tortura terminasse. Mas ela parecia estar longe de acabar. Obviamente. – Callie? – Despertei dos meus devaneios. Eu lhe devia uma resposta. -

- Desculpe...eu só...fiquei meio chocada. Quem diria! Alguém fisgou Arizona Robbins! – Esse momento foi o mais doloroso. Dizer aquelas palavras quase me fez engasgar. Eu sentia uma dor física por ser obrigada a ainda responder positivamente. Aquele dia não poderia piorar mais, poderia? – Meus parabéns! E claro que serei sua madrinha! Estarei lá muito orgulhosa dessa sua nova conquista! – Foi o único momento em que parecia estar apenas eu e Arizona. O silêncio tomou conta da sala. E com os olhos eu dizia. Eu estarei lá, por você apenas por você.

A.

Horas mais tarde depois que consegui descansar. Depois que acordei as 19h. Fui direto para para o banheiro. Carina preparou um jantar especial e eu não poderia me atrasar, pois ela odiava atrasos. Callie estava calada esta noite. Depois dessa manhã talvez estivesse chateada pelo modo como lhe dei a noticia. Talvez ela quisesse mais privacidade para receber uma noticia como aquela. E claro que eu fui dura. Talvez eu tenha agido com raiva pelo que descobri dela, mas de qualquer forma ela ajudou Carina na cozinha. E o clima pesava cada momento mais. Quando Alex e April entravam na casa pedi que eles tentassem descontrair a tensão entre Callie, Carina e eu. April iniciou com seu modo tagarela e até funcionou bastante. Alex perguntou informações sobre a vida de Callie para que ela se distraísse e assim a conversa fluiu melhor. Isso tudo antes de sentarmos a mesa. Imagina quando sentarmos. Quando a campainha tocou novamente estranhei, pois não havia chamado mais ninguém.

- Amor, você chamou mais alguém? – Carina saiu da cozinha. Secando as mãos no pano de prato e sorriu de forma brincalhona para mim. O que raios ela aprontava? Ela então abriu a porta revelando a visita. Erica Hahn. Meu rosto se fechou e os olhos de Callie se encontraram com os meus. Eu sabia. Eu dizia a ela com os olhos. Ela então apenas abaixou a cabeça. Como se não tivesse nem forças no momento para desculpar de mim. Carina sorria e brincava com a amiga em tom de comemoração. Ela sabia que aquilo me deixava irritada e o clima entre eu e Callie ficaria ainda pior. O jantar foi ainda mais torturante. April ficava tentando puxar assunto para tentar evitar o silêncio constrangedor.

Love is patientOnde histórias criam vida. Descubra agora