All i want

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A.

Estava num quarto abarrotado de pessoas me cutucando. Maquiagem pra lá. Fotos pra cá. Puxões de cabelo. Minha mãe estava muito feliz e matracava alguma coisa sobre um detalhe no meu vestido que a costureira vinha arrumar juntamente com April e Callie que tanto quanto eu só queriam que as pessoas falassem mais baixo, pois a minha cabeça foi mergulhada em tequila na noite anterior. Eu sei que Callie não tinha outro dia para fazer uma despedida de solteira, mas tinha que ser no dia antes do meu casamento? Eu já tinha perdido a conta de quantos aspirinas eu tinha tomado, uns 3 porque acho que minha mãe ficou preocupada que eu estivesse sutilmente desistindo do casamento tentando me matar. Então ela escondeu o remédio. Acho que talvez mais tarde eu apenas afogaria a cabeça em mais tequila pra interromper essa ressaca maldita com outro porre. Callie estava calada hoje. Diferente de ontem que ela pareceu se divertir bastante. Talvez seja o nervoso de ver Carina. Elas ainda não tinham se cruzado o que era bom e ruim ao mesmo tempo. Porque quando finalmente acontecesse poderia ser uma explosão. Eu não sei porque todas as mulheres na minha vida tem de ser explosivas. Isso inclui dona Bárbara que estava um vulcão em erupção prestes a explodir. Ou mesmo Sofia que apenas com 7 anos já era um pequeno furacão. Eu estava tão orgulhosa da minha afilhada que nunca parava de falar e ela ia ser com toda certeza o centro das atenções quando entrasse com as alianças. Claro que Carina não se opôs a isso, mas teve que soltar "mas é claro que tinha que ter uma Torres pra chamar a atenção na minha noite. " eu não disse nada, mas com toda certeza Sofia roubaria toda a atenção, mas isso sempre acontece quando crianças estão nos lugares, oras. E eu queria ser uma "mãe" babona uma vez na vida. Afinal eu não teria outra cria, eu considerava Sofia era como se fosse minha. E mesmo que eu me casasse de novo e espero que isso não tenha de acontecer provavelmente Sofia trocaria o vestido de flores por algo mais decotado e curto porque com certeza ela não será essa gracinha pequenininha. O que é ótimo afinal crianças crescem. Vejo por mim. Eu quase vejo a menininha loirinha de anos atrás naquele vestido de flores e vejo Callie do meu lado. Pelo simples fato de Sofia ser a cópia desenhada dela. Até me dava uns flashbacks da nossa infância quando eu olhava pra ela as vezes. Agora a menina loirinha estava com um vestido tomara que caia com uma cauda gigante e sua fiel escudeira ali ainda permanecia. Callie já estava quase pronta. A vi retocar algo na maquiagem. Seu vestido era vermelho. Callie fica bonita de vermelho. Combina com sua pele avermelhada. Fiquei um tempo observando cada parte dela, seus cabelos soltos, os lábios volumosos pintados de vermelho ela sorria enquanto conversava com April. Eu adorava quando ela sorria parecia iluminar todo o ambiente. Me assustei com minha mãe que tocava meus ombros nus pelo vestido tomara que caia.

- Esta linda filha. Parece uma princesa. – Sorria para mesma. – E filha?

- Sim?

- Tente lembrar de focar na sua noiva e não na madrinha. Ou não ficará nada bonito para você. – Corei um pouco envergonhada por ter sido flagrada observando Callie. Eu me sentia uma adolescente sendo pega fazendo alguma besteira e levando bronca da mãe. Ela me encarou séria e acariciou meu ombro novamente. – Tem certeza que sabe o que está fazendo Arizona?

- Claro que sim mãe! Eu amo a Carina!

- Bem...então se sabe o que está fazendo então nem preciso me preocupar.

- Pode ficar tranquila. Eu estou bem e sei o que estou fazendo. – A mesma assentiu e voltou para Callie e April. Eu só queria que o tempo passasse mais rápido e estivesse casada logo. Isso era normal né? Afinal eu estava ansiosa para oficializar a coisa toda. –

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Horas depois e lá estava eu esperando para entrar na igreja. Minhas madrinhas estavam logo a frente. Eu tinha uma sensação estranha o tempo inteiro e Callie sempre me lançava um olhar preocupado pra checar se eu tava bem. Eu sempre assentia e mostrava que tava bem. Quando o sino da música clássica tocou no grande salão que alugamos no lindo teatro de municipal de Boston elas entraram. E quando já estavam no altar eu entrei. Não conseguia olhar para os lados e meu pai estava sendo um grande apoio para que eu não desabasse no chão de tanto nervoso. Quando tive a visão dos olhos castanhos de Callie meu corpo todo se acalmou, seu olhar sempre teve esse poder de me deixar calma. Meu pai nem sequer precisou me segurar. Seus olhos estavam serenos e tive que olhá-los por um tempo para me acalmar, mas me esqueci de onde eu estava. E só notei quando Callie mexia a cabeça para que eu olhasse para trás. Onde Carina entrava. Claro que perdi metade de sua entrada, pois estava distraída. E quando a mesma parou do meu lado e olhou em direção a Callie e depois pra mim ela fechou a cara. Eu sou a pior noiva do mundo. Minha mãe não me alertou para eu não focar na madrinha? Onde eu estava com a cabeça? Tentei focar no que o cerimonialista dizia. Até que por fim acabou aquela tortura de pessoas me observando. Eu sou péssima sob a pressão de pessoas me olhando e claro que alguma coisa sairia errado. Mas Carina parecia feliz depois que o cara oficializou e disse podem beijar e demos um beijo. Eu ainda não sabia o que sentir, mas pelo menos a minha cabeça tinha parado de doer. Quando a festa já estava iniciada a um tempo tudo corria bem. Acredito que vi até Callie cumprimentar Carina. O que era bom. Nenhuma explosão. Quando depois do discurso dos meus pais, meu irmão, April, Alex e até Aria que era quase como uma irmã. Finalmente por último, mas com certeza não era a menos importante Calliope subiu no palco com seu violão. Era o velho violão que eu a via tocar quando éramos adolescentes. Ela tremia de nervoso. Eu imagino que estava nervosa com toda aquela gente olhando pra ela. –

Love is patientOnde histórias criam vida. Descubra agora