O FIO DE ARIADNE

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O jovem aportou.

Desceram todos do navio negro. Madeirame protegido por breu compacto. Estavam, os jovens, aparentemente amarrados. Levados a palácio vi muita coisa estranha. Foram presos nas celas da praia e eu não tirava meus olhos daquele que parecia ser o príncipe dos príncipes.

Aquele era Teseu. Filho de Egeu. Príncipe tebano.

Os gritos do Minotauro ecoavam nas noites longas de Creta e ele parecia faminto ou adivinhava que a época dos tributos havia chegado.

As mulheres, nas noites longas de Creta, se embelezavam para a festa do Tributo. Os 14 jovens trazidos esperavam pela morte. Nas ruas, mulheres sem posses ou aristocratas devassas exageravam no vermelho da boca, lembrando vulvas que se abririam ao toque.

Corri para a praia. Pelo caminho do mar alcancei as celas que recebiam o sal das marés.

Chamei Teseu. Combinei com ele que traria na noite seguinte, véspera do envio dos 14 para o Labirinto, um rolo de fios dourados. Ele sorriu. Ele estava convicto de que o filho de Egeu não poderia permanecer preso muito tempo. Chamou-me de ninfa que sai das águas. Fez-me crer que desejava um beijo.

Corri alegre, dali, para mergulhar e fugir do príncipe. Em ponto seguro voltei-me e nada via no escuro da noite azul. Contra os desenhos da lua o que me chamou a atenção foi notar que um grande pássaro partia das muralhas, alçava voo com asas que pareciam de cera. Nada mais.

Fiz o que foi combinado.

Quando, os 14 foram enviados para as portas da muralha, fiz com que o rolo de fios dourados alcançasse as mãos atadas de Teseu de roupas negras. Ele tomou daquilo, o ouro coruscou igual aos cabelos do príncipe e acreditei que no futuro eu poderia viver com a majestade daquele semi-deus, longe da minha louca mãe, amante de Zeus Taurida, e do terrível pai Minos, sempre preocupado com os negócios de estado. Principalmente, saber que, finalmente, o irmão abominável teria fim e teria fim também, o tributo e a morte de jovens inocentes como eu.

Teseu entrou para os corredores do Labirinto. Rápido e forte. Vi que desenrolava o novelo. Prendeu uma ponta na entrada e seguiu adiante.

Restava esperar. 

Teseu voltaria, seguindo o fio.

MITOLOGIA PELO MÉTODO CONFUSOOnde histórias criam vida. Descubra agora