TESEU RETORNA

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A luta com o Minotauro, em meio ao labirinto estava a meio; o rapaz se via fugindo, correndo, caindo, jogando pedras no homem/animal; isso deixou-o exausto e por pouco não perdia o fio de ouro que atava à cintura. Aventura como aquela nem mesmo nas mais de mil páginas da Ilíada.

Minotauro, filho de Pasifae e Zeus, longe de ser uma besta era apenas um ser destruído. Sim. Nascera com defeitos genéticos horrorosos que o tornavam parecido a um touro. Um bisonte. A cabeça muito grande e alguns ossos que explodiam sob a pele a modos de chifre.

Na verdade nem parecia bisonte, nem touro, nem pecus algum... a sua estrutura destruída apenas lembrava um ser monstruoso... se fosse na China seria chamado Minodrago, por exemplo.

Minos, com vergonha, encarcerou o filho ainda criança e esqueceu o garoto por lá. Este cresceu sem a famosa educação minoica e nem sentido de humanidade alguma, com ou sem filosofia. Mas isso era prática normal. Nasceu deformado(?), direto para o abismo(!), era essa a prática daqueles tempos, naquelas regiões paraolímpicas...

Não havia paraolimpíadas na Grécia de antanho.

Minos aproveitou e mandou para o Inferno, ops, para o submundo,  o arquiteto do labirinto. É evidente e claro que a presença do filho abominável o fazia lembrar de Zeus. O fazia lembrar que Zeus estivera em sua casa, o honrara com sua presença, comera sua mulher e destinara um par de chifres augustos na testa de Minos, facilmente visíveis a quilômetros espirituais.

Abro parênteses mas, não sei se fecharei. A história de Teseu não é uma história simples de se ouvir ou contar. A gente se perde no que é mentira ou verdade. Por exemplo: É verdade que Pasifae era ninfomaníaca por isso Zeus a comeu fácil... bastou passar o rabo entre as pernas da mulher. No entanto Zeus houvera comido outras que não eram ninfomaníacas, outras que eram ninfas e outras que eram apenas maníacas, ou mesmo frias.

Teseu aportou em Atenas usando espada e par de sandálias que Egeu havia deixado para seu filho, em Troezen;  sandálias confeccionadas com couro de lagartos velozes. Medeia, esposa de Egeu, bruxa de larga envergadura e capaz de solércias infinitas, tentou envenenar Teseu, mas reconheceu as sandálias, e impediu que o jovem bebesse do veneno. Egeu proclamou Teseu herdeiro; Medeia fora banida.

Bem... eis me aqui... fecho parênteses e pego um atalho.

Teseu matou o Minotauro, MonstrHomem que habitava o intransponível labirinto – até aquele momento - na ilha de Creta. Teseu, filho de Egeu, rei de Atenas, filho de Etra, que por sua vez era filha do sábio Piteu, rei de Trezena, na Argólida... e senão pararmos ai iremos ao início dos tempos onde Adão não tem vez. Os gregos adoram estas filiações, especialmente as que deságuam num deus ou num titã. Pontificam as nomenclaturas intermináveis. Eles se orgulham de saber de suas ascendências, que, volta e meia acabam num bando de assassinos monstruosos do passado. Filhos de dragões, de touros, de putas...

A descendência também não deixa por menos.

Enquanto Teseu percorria os corredores do labirinto, suado e sujo de merda, lembrava-se das histórias que o pai Egeu contava ao pé do fogo, à beira do mar sem nome. Egeu escondera a espada sob a rocha. Espada esverdeada, construída com pedras e metais variados numa aglutinação de energias e liames nunca sabidos; dizem que tinha poderes especiais, no entanto, Teseu sabia que era mentira. O poder mais especial de uma espada é o braço que a levanta. Mas, essa rocha, dizia Egeu, acabaria por simbolizar Teseu e sua força e seu poder. Uma dessas histórias o transformou em Rei.

- Meu filho..., - dizia Egeu cofiando a barba, olhando a tinta egípcia que escorria pelos seus dedos,  em posição de pensador ensimesmado, - procure apenas a rocha quando for bastante forte para levantá-la.

MITOLOGIA PELO MÉTODO CONFUSOOnde histórias criam vida. Descubra agora