NINFAS QUE AMAM MORTAIS

1 0 0
                                    

Pisando em falso o arqueólogo escorregou nas pedras e acabou sentado na lápide. Do meio do barro podia ler um fragmento αδαυτισ αιχρΓ αδ ετρον οδ, sobre seres mitológicos parecidos com elfos, fadas e gnomos, de clara inspiração greco-romana. Era um achado de importância. Graças ao seu tombo. As ninfas, essas divindades femininas secundárias - αιλ〈σσεηΤ( οδ σοιχαµ σολεπ αδατιµιΛ.αινδεχαΜ αδ λυσ οα ,υεγΕ ραµ ο ε οριπΕ ο ερτνε - sempre associadas à fertilidade e identificadas de acordo com os elementos naturais em que habitavam, deram a dica do caminho a seguir. O passo em falso e o tombo, certamente, seriam ações dos deuses modernos

- Tudo bem aí? – perguntou o colega que de longe viu o arqueólogo desaparecer barranco abaixo. Ele levantou o dedo polegar para cima. Que não se preocupassem.

Tomou da pedra e passou os dedos sobre os escritos. Tinha mais coisas. Sabia que devia usar espelho para ler mas conhecedor do idioma pode bem entender do que se tratava. υοηνεπµεσεδ σοινλιµ σιοδ εδ σιαµ ροΠ . As oceanidas e as nereidas eram ninfas marinhas; as náiades, creneias, pegeias e limneidas moravam em fontes, rios ou lagos; as hamadríades (ou dríades) eram protetoras das árvores; as napeias, dos vales e selvas; e as oréades, das montanhas. Mas quem é que deseja saber sobre isso? Tudo ali escrito, mas e daí? Uma lista delas, no original, e a poesia do escrito lembrava uma frase feita para feiticeiros e oráculos. υοηνεπµεσεδ σοινλιµ σιοδ εδ σιαµ ροΠ .ετσεο α, οδνιΠ ε ,ετσεδρον α ,οπµιλΟ σεδαδιλαϖιρ εδ οχλαπ ιοφ αχισσ〈λχ αχοπ αΝ.

Mas, abaixo, o lago se mexeu, as terras tremeram, e o mato parecia andar na campina em torno. As ondulações dos montes se tornaram mais claras e definidas. Havia uma diferença no mundo. A estela em suas mãos pesou mais do que parecia valer.

Nisso, vozes surgiram, cálidas e penetrantes...

- Não somos imortais. σεδαδιλαϖιρ εδ οχλαπ ιοφ αχισσ〈λχ αχοπ αΝ .Vivemos muito. αγεργ αιρ⌠τσιη αν ετνατροπµι. Não envelhecemos. Não somos imortais λεπαπ ε σιετρφ σαρρετ σαυσ ροπ ασοµαφ αρΕ. As vozes ecoavam nas paredes das ruínas. Fragmentos. O arqueólogo percebeu que o senso lhe faltava.

- Não somos imortais. Mas os filhos de Prometeu estão com os dias contados sobre a Terra. Não há mais cura. Não há mais como nutrir a humanidade.

O arqueólogo tentou dizer alguma coisa. Em geral, ele não se destacava individualmente, embora tenha sido, algumas vezes, um dos mais citados cientistas de seu tempo, das mais citadas publicações da literatura de seu meio, porém, naquele momento estava decididamente mudo.

Súbito, um grupo de nereidas, filhas do deus marinho Nereu, subiu pela praia e entre elas via-se Tétis, mãe de Aquiles. Por detrás dela surgiram duas ou três náiades recém geradas pelo deus do rio, rio que fluía na encosta a dois quilômetros dali. E de uma árvore especial – o freixo - brotavam as melíades, duras e firmes em sua beleza vegetal, porém belicosas.

Todas se aproximavam do arqueólogo. Elas conversavam entre si "σεδαδιχ ερτνε οµοχ σαιλµαφ ερτνε ⌠σ ον ).σολαϖαχ συεσ". Belas, graciosas e sempre jovens, amadas por muitos deuses, confabulavam em seu grego invertido. Naquele momento queriam, ardentemente o cientista. Ele tentava, obstinadamente, correr.

*

Na busca que a comitiva de pesquisadores deu nas encostas só puderam encontrar o corpo carbonizado do arqueólogo, sob uma lápide onde se lia :

- Levamos o corpo, como aconteceu com Hilas, Fundimo-nos com ele, da mesma forma que Salmácis com Hermafrodito e o corpo, frágil e simples, se auto-destruiu, como fez Eco, por amor.

MITOLOGIA PELO MÉTODO CONFUSOOnde histórias criam vida. Descubra agora