REIA, A MÃE DOS DEUSES

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Ensaio para opereta.

Coro das Danaides  (descendo as escadas de nuvens do templo, gritando fervorosos. Uns cantam melodias dóricas):

Reia.

Reia em Creta.

Reia na Arcádia e na Beócia.

Reia em Atenas, cidade estado magnífica e bela. Reia!!

Nela, o santuário que a deusa compartilhava com o irmão e esposo Cronos. Coisas de rico barro e gamas de ouro.

Coro (já no chão, repousados sobre tapetes cretenses): Reia, antiga deusa.

Reia pré-helênica e Grande Mãe cretense.

Reia dos ritos agrícolas, símbolo da terra; sincrética esposa de Cronos.

Reia, titânida, filha de Urano e Gaia - o casal primordial, céu e terra.

(Entra o oráculo, barbas longas, cego e sujo).

O oráculo, entupido de gases lacrimejantes, dança e grita nos montes calvos. Conclamou a turba para que todos soubessem:

- Dessa união nascerão seis filhos: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus, mas um de seus filhos lhe tomará o trono.

Feita a profecia ele se retira claudicante. Pisara num seixo pontiagudo que ninguém vira enquanto limpavam o salão.

Pulemos para outra cena.

Reia passa o tempo a ver Cronos devorando cada um dos filhos, logo que nascem (tempo perdido e tédio, sem trocadilhos). Cronos quer reinar para sempre (um tanto estranho para quem é o próprio tempo. Na verdade ele deseja ganhar tempo). Ele é o tempo. Ele perdura. Cronos desafia o céu e desce à terra para dominar as hostes pré-humanas.

Reia, muito esperta, quando da gestação de Zeus, foge e desaparece de seus palácios. Reia foi para Creta e, numa caverna sem luz do monte Dicte, deu à luz o caçula, que foi amamentado pela cabra Amalteia. Envolveu então uma pedra em panos, como se fosse a criança, e deu-a ao esposo, que a engoliu sem perceber a troca. Cronos e cego.

Coro (rolando pelo chão como se sentisse dores de barriga):

Reia, mãe de Zeus.

Zeus destrona Cronos e o obriga a vomitar a todos. Zeus Cronida.

Reia, mãe do deus de pedra. Reia faz Zeus renascer. Reia comanda as estátuas.


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