Quarta-feira, 5:50 am.
Quinta-feira, 6:02 am.
Sexta-feira, 5:45 am.A semana monótona passa depressa, quase que no piloto automático. Acordar cedo, correr, voltar para a casa, estudar e ir para a universidade. Às vezes eu sinto como se 90% da minha vida estivesse sendo controlada pela rotina e pelas obrigações. Falta tempo e energia, com isso vem a frustação de não conseguir fazer tudo o que deveria ser feito. "Acorde, você precisa fazer dinheiro" é o que eu penso sempre que escuto o barulho infernal do meu despertador. Eu sempre tento pensar no lado positivo das coisas. Eu estou aqui por um motivo, não? Um propósito. Independente de tudo, até as pessoas mais estáveis emocionalmente tem suas recaídas. É normal, somos humanos.
— Perdida nos pensamentos?
A voz de Matt me tira do transe, fazendo com que prestasse atenção a última aula do dia. Por sorte, as práticas foram canceladas porque a Sra. Merandus não pode comparecer durante a semana. Bem... levando em consideração que essas aulas serão repostas em algum momento, eu não diria que é tanta sorte assim. Volto a atenção para a folha com o conteúdo da aula, sem nenhuma anotação ou resquício que indicava a minha produtividade durante a aula.
— O que aconteceu, (sn)?
— Como assim?
Ele virou os olhos como se a resposta fosse óbvia. Eu sabia o que ele estava querendo dizer, eu só não queria trazer o assunto à tona.
— Das duas aulas que nós tivemos juntos, eu não vi você prestar atenção a nenhuma. Eu duvido que no resto tinha sido diferente...
Sua voz era suave e baixa, como um sussurro, a fim de não chamar atenção de outras pessoas. Matthew olhava para o meu rosto, enquanto eu estava com a cabeça baixa rabiscando algo qualquer em meu caderno. Eu fazia essas coisas quando ficava nervosa.
— Eu estou cansada. Juro que é só isso!
— Esse seu cansaço não tem nada a ver com o companheiro cujo nome não deve ser mencionado, né?
— Tom? Não! Por Deus! — bufei com a pergunta idiota — Ele não falou comigo e eu segui a minha vida. Ficou no passado.
— Então o que é?
— A universidade, Matt. Estou cansada de estudar. Infelizmente, eu preciso estudar para aprender as coisas. Isso cansa, Matt. Cansa!
Minha voz começara a falhar. O suor frio percorrendo o meu rosto e minhas mãos tremulas indicavam o nervosismo. Matthew percebe e me conduz para nos retirássemos da aula. Eu acho uma tremenda falta de educação sair da aula no meio da explicação, mas era uma emergência. Nos retiramos da sala e do departamento, indo para o campus aberto.— Certo, (seu apelido). Acalme-se!
O pedido não ajudou, só fez com que eu desmoronasse. As lágrimas caiam e escorriam sobre o meu rosto. Meus músculos realizavam ações involuntárias, fazendo com que o meu queixo tremesse. Olhava para as árvores sem folhagem por causa do frio, buscando algum tipo de conforto. Mas não encontrei, apenas comecei a chorar mais. Estávamos sentados um pouco distante de nosso departamento. Alguns alunos passavam por nós, mas não davam muita atenção ou, se lançavam olhares de preocupação, eram só olhares. Eles tinham seus deveres, assim como eu. Sinto como se o meu espírito tivesse sido roubado. Um vazio, uma lesão, que nenhuma outra pessoa seria capaz de ver ou entender.
— Por que você está assim, meu amor? Você nunca fica assim!
Eu não respondia, ficava em silêncio balançando as pernas. Concentrando-me em acalmar os soluços causados pelo choro.
— Vamos, (sn). Colabora comigo! Eu só estou tentando ajudar...
— Eu sei, Matt. Mas, eu... eu não sei! Minha cabeça está a mil. Faz duas semanas que eu não estou conseguindo dormir direito e quase não sinto fome. Isso está me deixando sem energia... — fiz uma breve pausa, acalmando a minha respiração —E para melhorar tem o estresse. Está sendo sufocante!
Eu estava envolvida nos braços de Matthew. Suas mãos percorriam meus cabelos que estavam soltos, ora ou outra tocando em meu pescoço.
— Você está estudando demais. Precisa descansar um pouco, o que acha?
— Descansar? Você já viu o quanto de matéria estão passando? Eu não tenho tempo para...
— Escuta o que você está dizendo, (sn)! Olha... você precisa descansar. Você está esgotada emocionalmente, não tem como negociar.
— Eu só não sei o que fazer. Não quero decepcionar ninguém, nem a mim mesma.
— E por que você decepcionaria alguém? Você é incrível e sabe disso. Quando nós nos conhecemos, você me disse que nada te abalava. Eu quero ver isso em você! Não tem problema nenhum em chorar, mas se você está se sentindo assim há semanas... eu só... eu só não quero que você se perca nessa tristeza, tudo bem?
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Stranger Boy
FanfictionApós anos de muita dedicação, mudar-se para a Inglaterra não foi surpresa para nenhum de seus amigos e familiares. Poder desfrutar do sonho de estudar em uma das universidades mais respeitadas do mundo, Cambridge; morar com sua melhor amiga e ter s...