Thomas me encarava sem nenhuma expressão. Seus olhos castanhos não demonstravam nenhuma emoção. Eles estavam vazios. O garoto estava encostado em uma espécie de pilastra, próxima ao bar, segurando uma cerveja cuja garrafa tinha coloração verde. Antes de levar a garrafa a boca para ingerir o líquido, levantou a mesma para mim, como se estivesse brindando comigo, exceto pelo fato de que não havia nada para ser celebrado. Observei que ele se movimentava, desencostando da pilastra e seguindo para fora do estabelecimento.
Saio do transe ao sentir as mãos de Matt uma de minhas bochechas, acariciando-as. Matthew era meu amigo e não havia motivo para fazer com que esse beijo se transformasse em qualquer outra coisa, senão arrependimento.
— Matthew...
— (Seu nome)...
— Isso foi errado! Eu preciso... eu realmente preciso sair daqui.
Antes que eu pudesse sair de onde estávamos, sinto Matthew me impedindo ao puxar o meu braço, o que fez eu arregalar os olhos de imediato contra o ato.
— Espera, (sn)! Thomas... você não pensa em ir atrás dele?
— Matthew, eu penso que o que aconteceu foi um erro. Nós somos amigos e você sabe que...
— Foi só um beijo! Pelo amor de Deus!
— Sim, apenas um beijo. Agora, se você me der licença, preciso ir.Segui para o lado externo do pub, não esperando ser acompanhada por Matt. Eu não posso fazer isso com ele sendo que não existe nenhum sentimento envolvido. Não posso engana-lo, e também não posso me enganar.
Algumas pessoas estavam sentadas na calçada bebendo e fumando, conversando com os amigos que faziam o mesmo. Enviei uma mensagem para Mareena avisando que estava indo para casa e que era para ela voltar de taxi ou uber, pois todos os nossos colegas haviam bebido. O efeito do álcool estava começando a passar, mas ainda sentia o meu corpo pesado e mole. Sabia que estava na hora de parar de beber e assim fiz. Peguei uma bala que estava em minha bolsa — sujeita a fazer aniversário de cem anos — e a coloquei na boca, a fim da glicose fazer o seu devido trabalho.
— (Seu nome)?
Viro-me ao escutar o meu nome sendo chamado, me deparando com Thomas. Incrivelmente lindo, eu o descreveria. Usava uma jaqueta de couro preto sobre uma camiseta azul estampada com flores brancas, além de uma calça no tom preto ainda mais escuro que o de sua jaqueta. Seus cabelos estavam mais enrolados e arrumados do que em nosso último encontro. Thomas estava com os olhos cravados em mim, esboçando um sorriso no canto dos lábios, mas sem alegria.
— Errmm... oi! — minha voz saiu como um sussurro — Como vai?
— Eu? Ãhmm... eu tentei te ligar, mas, obviamente, não consegui. Não sabia que você tinha acompanhante. Tudo bem que essa não foi a sua pergunta, mas...
— Acompanhante? Como? Você tentou me ligar?
O cortei antes que pudesse terminar a sentença. Minha voz demonstrava surpresa, enquanto a dele, desentendimento. Ele havia me ligado, mas eu não havia recebido nenhuma ligação. Eu estava tentando processar o que estava acontecendo. Acredite quando eu digo que o álcool não agiliza essas coisas.
— Sim, eu tentei. Mas o número sequer existe. Olha... se você não gostou de mim, eu entendo, mas era só ter falado que não queria passar o número.
— Thomas, eu...
— Não! Eu gostei de você e realmente queria ter te chamado para sair, mas acho que falei cedo demais. Com licença, mas eu...
— Ele não é o meu namorado, acompanhante ou qualquer outra coisa — levantei o tom de voz, a fim de fazer o menino parar de falar — . Ele é o meu amigo e o que aconteceu não passou de um beijo.
— Você não precisa justificar, (sn).
— Preciso, porque eu estava esperando a sua ligação. Eu realmente estava! Esperei dias, mas você não me ligou. Eu não recebi nenhuma ligação — retirei o celular de minha bolsa a fim de mostrar que não estava mentindo.
— Certo...
— Qual é, Thomas! — bati uma de minhas mãos em minha coxa, exausta com a tentativa inútil de convence-lo — Eu estou falando sério. Não tenho mais o que dizer, mas disse a verdade! Se você quiser dar meia volta e fingir que nós nunca nos conhecemos, faça, mas não me enrole.A noite havia sido um caos, ainda que estivesse relativamente cedo. 1:40 da manhã, sábado. Conduzi o meu corpo para a calçada, sentando afastada das pessoas o suficiente para não ficar entre a fumaça que era emitido pelo cigarro das pessoas que estavam por lá, decidida a chamar um uber e ir para casa. Queria me afastar de Thomas. Ou, pelo menos, fazer com que ele fosse embora e me deixasse com os meus pensamentos. Acabou que ele me acompanhou, deslocando-se da saída do pub até o lugar onde estava sentada, poucos metros depois.
— Eu sei que você não está mentindo — afirmou enquanto sentava ao meu lado — . Eu só queria muito te conhecer melhor. Quando eu te vi lá dentro, sabia que havia perdido para o universitário bonitão.
Thomas me olhava, esperando por alguma resposta, mas eu sequer sabia o que dizer, deixando um silêncio absurdo entre nós. Eu também queria conhece-lo melhor e também queria não ter beijado Matt. Como eu não posso voltar ao passado, decido prosseguir com a única opção disponível e viável que eu via. Levantei e estiquei a minha mão para que ele a pegasse e, assim, levantasse também.
— Eu conheço uma lanchonete que tem o melhor milk shake de toda Inglaterra, talvez de toda Europa. Pegar ou largar.
Sem exitar, ele segurou a minha mão e levantou em um pulo.
— Eu dirijo!
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Stranger Boy
FanfictionApós anos de muita dedicação, mudar-se para a Inglaterra não foi surpresa para nenhum de seus amigos e familiares. Poder desfrutar do sonho de estudar em uma das universidades mais respeitadas do mundo, Cambridge; morar com sua melhor amiga e ter s...