Let me be yours - Capítulo 8

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Não sei dizer se dias ou semanas se passaram, qualquer uma das opções foram igualmente demoradas. Eu estava contando cada segundo para poder ver Thomas... Tom  — ele acha Thomas sério demais. Ele não voltara a me ver novamente depois do nosso beijo na segunda-feira. Eu ainda não havia superado aquele beijo. Eu fui atingida por uma corrente elétrica de amperagem nunca vista por um amperímetro. Os lábios quentes e macios de Tom me entorpeceram e, agora, estou em abstinência. 
Mantemos o contato durante toda a semana: mensagens e ligações estavam nos aproximando cada vez mais. Estamos nos conhecendo mais e, diferente do que eu havia pensado antes, temos bastantes coisas em comum. Tom é um pouco mais extrovertido que eu, o que é totalmente compreensível, levando em consideração o trabalho dele. Ele é um menino doce, gentil e se preocupa com todos a sua volta. Sem mencionar o quão carinhoso e atencioso é comigo. Eu joguei os números certos na loteria. Eu só não sei o que...
 Senhoria Krünger? Ainda está conosco?
Eu estava prestando atenção em tudo, menos no que o professor estava dizendo. Estava no laboratório de pesquisas e a minha turma pesquisa sobre qualquer coisa que ajude a curar ou desacelerar a ação do câncer. Era uma aula importante porque eu iria seguir carreira nessa área, então se o meu professor achasse qualquer coisinha que conseguisse fazer que eu fosse suspensa do grupo de pesquisas, eu teria grande dificuldade no futuro. Ajeitei a minha postura e passei os olhos rapidamente pela lousa que possuía apenas alguns rabiscos. Stanford, sistema imunológico, linfoma, camundongos. Eureka! Eu já havia lido sobre o assunto. 
 Perdão, Sr. Campbell. O senhor estava falando sobre a recente pesquisa feita na Universidade de Medicina de Stanford, sobre uma possível vacina que pode destruir as células cancerígenas a partir de um anticorpo que ativa as células T. Eles fizeram testes em camundongos com câncer de cólon e quase 100% dos resultados foram positivos.
 Brilhante como sempre, Senhorita Krünger. Prosseguindo... 
Ok. Talvez seja hora de prestar atenção às aulas... 

Batia com o meu lápis impacientemente sobre as folhas sobre a bancada do laboratório. Já se passava de 12:45 e o meu professor ainda não havia nos dispensado. O Senhor Campbell era um homem muito gentil. Tinha estatura baixa e uma barriga que era reflexo do consumo exagerado de cerveja, aparentando ter por volta de 55 anos. Eu iria para Londres no fim na tarde jantar com Tom, assim como havíamos combinado. Durante toda a semana, eu me mantive ansiosa e irritada. Irritada porque tinha medo que as coisas dessem errado e principalmente porque EU poderia estragar tudo. Eu havia escolhido várias roupas durante toda a semana, diversas vezes por dia. Nenhuma delas parecia boa o suficiente. Eu queria que tudo fosse perfeito, nada menos que isso!
 Antes que eu dispense vocês voltei a atenção para o Sr. Campbell — Não se esqueçam de pegar o material na sala do xerox para que vocês possam escrever os relatórios. Vejo vocês em duas semanas.
Peguei a minha bolsa, colocando o meu estojo e a minha pasta com as anotações feitas. Levantei da cadeira e conduzi o meu corpo para a porta do laboratório, mas antes que pudesse sair, escutei o meu nome sendo chamado.
— Exceto você, senhorita Krünger. 
Certo. Eu estava fodida! Eu vou perder a minha vaga na pesquisa e algum zé mané vai ficar com ela. As pessoas valorizam muito o seu currículo se você vem de uma grande universidade, mais ainda se você consegue se destacar. A pesquisa é um jeito de se destacar no meio dos milhares de alunos dessa universidade. Não mais para mim... 
— Senhor... eu... perdão pela falta de atenção. Eu... hum... realmente não vai acontecer de novo. Eu posso compensar passando mais horas no laboratório...
— Senhorita... acalme-se! — gesticulou com a mão na tentativa falha de me acalmar— Não é sobre isso que eu quero falar com você.
— Não?
— Não... — ele riu—No próximo mês, Oxford irá realizar uma espécie de olimpíada para os alunos de quase todas as universidades da Inglaterra.
— Perdão, Senhor Campbell, mas acho que não estou entendendo.
— Eu gostaria que você nos representasse. Eles estão procurando alguém que consiga mostrar uma maneira de desacelerar a multiplicação das células cancerígenas e, pelo o que eu vejo aqui — entregou uma pasta rosa, grossa por causa da quantidade de folhas que tinha — você tem grandes chances de se destacar.
— Eu não... não sei... o que dizer?
— Eu conversei com os demais professores e, a julgar pelo seu histórico de notas e de pesquisas, todos acham que a carta na manga é você.
— Eu fico muito honrada, mas não sei... bem... é uma grande responsabilidade, não?
— Sim. Mas, como eu já disse, nós queremos você. Você tem até esta segunda-feira para dar-me a resposta. Pode mandar um email e eu irei encaminhar o que eu precisar de você. É uma grande oportunidade para o seu futuro, Senhorita. 
— Muito obrigada, professor. Eu irei pensar e darei a minha resposta assim que possível. Novamente, fico muito honrada com o convite.
— É seu mérito, Krünger. Orgulhe-se disso! — ele estendeu a mão para que eu apertasse em um cumprimento— Até segunda, então?
— Até segunda!
Permaneci estática até vê-lo saindo pela porta. Eles queriam que eu representasse Cambridge na frente de outras universidades. Ao mesmo tempo que eu fico extasiada com a oportunidade, sei que eu vou me decepcionar muito se não me sair bem e não dar a universidade aquilo que esperam de mim. Eles estão colocando tanta fé em mim, mas será que eu tenho tanta fé quanto eles para seguir em frente com isso?

Chacoalhei a cabeça e segui o meu caminho, deixando o laboratório. O dia estava lindo, mas ainda assim, frio. O sol batia em meu rosto, deixando minhas bochechas rosadas da cor de um algodão doce. Contudo, o vento gelado não deixava que eu tirasse o meu casaco. Era uma boa combinação, um certo equilíbrio climático. Caminhava pelo campus que começava a ficar verde, graças a primavera, até que sinto o meu celular vibrar. Retiro do bolso do meu jeans e vejo que é uma mensagem de Mare, perguntando se eu gostaria que ela preparasse o meu almoço. Não preciso comentar o que eu respondi, certo? Porém, não há só a mensagem de Mare. Tom havia me mandado algumas mensagens enquanto eu estava no laboratório que passaram despercebidas, como é de se imaginar.

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