Você é idiota? - Capítulo 6

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Minhas palavras o deixaram agitado. Pude perceber porque ele estava se movimentando na cadeira enquanto falava, mais do que já estava a poucos minutos.
— Isso! — ele pronunciou e estendeu sua mão para um high five — Eu estava pensando em jantar na próxima semana. Eu não vou estar aqui, mas você pode ir a Londres no fim de semana.
Merda! Era só o que me faltava.
— Londres? — perguntei com surpresa e ele concordou com a cabeça em um movimento frenético — Eu não sei se eu consigo ir para Londres no fim de semana, muito menos durante a semana.
— Como assim? Por quê? Londres não é tão longe de Cambridge...
— O próximo sábado é dia de pesquisa e eu não posso faltar.
— Só sábado?
— Sim. Sábado de manhã das 7 até o horário do almoço.
— Perfeito! Eu passo às 17:00 no seu apartamento e a gente vai direto para o restaurante. Ou você prefere que eu te busque mais cedo e a gente passa a tarde pela cidade? Eu sou um ótimo guia de turismo!
— Você vai vir aqui me buscar?
Londres não fica muito longe de Cambridge. Confere. O problema é que ele faria uma viagem de 8 horas, ida e volta (duas vezes), para que nós pudéssemos jantar.
— E deixar você sã e salva novamente. — abri a boca para protestar, mas Thomas acabou por me interromper —  E antes que você negue, não tem problema. Se nós fossemos jantar em Cambridge, eu teria que fazer a viagem de qualquer forma.
— Mas você faria só uma viagem e não duas.
— É um bom argumento, mas não vou aceitar. — rimos em sincronia — Passo no seu apartamento às 17:00, então?
— Não é como se eu tivesse outra opção, né?  

Sábado, 12:30. 
Acordei bem mais tarde do que eu estava acostumada. Eu havia perdido duas supervisões durante a manhã, o que passou totalmente despercebido quando eu concordei em sair. Quando eu cheguei ao apartamento, já se passava das três. Não faria nenhum sentido ir às supervisões sem ter dormido nada. Tom havia me deixado em casa. Nós ficamos horas conversando na lanchonete e acabamos nos conhecendo ainda mais. Eu acabei descobrindo que eu havia passado o número errado para ele, por isso ele não conseguiu falar comigo. Diga o nome de uma pessoa mais lerda que eu e falhe miseravelmente.  MAS, dessa vez eu peguei o número dele e a gente xecou ambos números para ver se eles estavam certos.
Tom havia sido um cavalheiro comigo, durante todos os momentos. Quando ele estacionou em frente ao meu prédio e abriu a porta para que eu saísse, foi extremamente difícil superar as minhas forças e não agarra-lo ali mesmo. Mas tudo o que eu recebi, foi um beijo na bochecha. Nada além disso. 

Levantei da minha cama e abri a janela para que o quarto refrescasse um pouco com a brisa gelada. Estava frio e nublado, para variar. Volto para a cama e a arrumo. Jogo os dois travesseiros e estico o edredom, cobrindo a cama. Volto os travesseiros e as almofadas cima da cama. Estava bom. Apresentável. Segui para a cozinha para tomar café... ou almoçar, no caso.
A cozinha tem uma bela vista para a sala e reparo Mare toda jogada, de qualquer jeito, no sofa,  usando a mesma roupa de ontem, o que me fez deduzir que ela não teve nem coragem — ou condições — de ir ao quarto. Não faço questão de acorda-la, porque não faço ideia do horário que ela chegou.
Não estava com fome para comer comida, mas também não estava sem fome. Entende? Coloquei uma fatia de pão na torradeira, adicionando uma fatia de algum queijo e uma folhinha de alface só para ficar mais coloridinho e balanceado. 

O silêncio do apartamento foi quebrado assim que Mare acordou. Ela raramente tem olheiras, mas hoje ela as assumiu com gosto.
— Jesus! Você está horrível, Mare.
— Não começa! — eu gargalhei com o mau humor. Era inevitável — Só faz um café para mim e eu vou buscar um remédio para dor de cabeça.
Assenti e fiz o que a minha amiga mandou eu fazer. Coloquei bastante pó na cafeteira para fazer um café bem forte para ela, pois estava precisando. Não demorou muito até que ela voltasse do seu quarto mexendo no celular.
— Que horas você chegou, Mare?
— Acho que às 6:20, ou um pouco antes.
— O quê? — arregalei os olhos — O que você ficou fazendo até essas horas? 
— Eu fui para a casa de um cara... o nome dele era... acho que era David. Talvez Julian...
— Ele te trouxe de volta?
— Você acha? Quem dera! Chamei um uber antes que ele me acordasse e começasse a inventar desculpas do tipo "Ah, você precisa ir. Eu preciso almoçar com a minha mãe". Me poupe, (sn)!
Mare não é o tipo de garota que gosta de um relacionamento sério. Ela tem os rolinhos dela, mas é só. Seu foco é a universidade, e os garotos só servem para tira-la do tédio. Ela já sofreu bastante com as traições do ex namorado e, por isso, optou por ficar na dela e evitar ter o coração partido mais uma vez. Não a julgo. Foi uma fase horrível para ela! 
— E você? Por que foi embora tão cedo?
Suspirei, levantando em seguida para servir o café. Peguei duas canecas e servi o café para nós duas, sem açúcar. Eu não estava de ressaca, eu só não dispenso café fresco. Do balcão onde a cafeteira ficava, voltei para o centro da cozinha, sentando novamente a mesa. 
— Thomas estava lá e...
— IDIOTA! — ela gritou enquanto batia as mãos sobre a mesa — Eu não acredito que você perdeu a chance com o bonitão!  
— E eu beijei o Matthew.
— (Seu nome)?? O Matthew é gato para caralho, mas eu nunca soube do seu crush por ele.
— Eu o beijei e... EU NÃO TENHO UM CRUSH NELE! Eu me arrependi depois. É só um beijo, mas ele é o meu melhor amigo. É muito errado!
— Eu também acho, mas, já que você beijou, tire uma dúvida... ele beija bem?
— MAREENA! — exaltei a minha voz como forma de reprovação a pergunta, mas não havia porque mentir — Sim. Muito bem. 
 — SABIA! — ela riu. 
Continuamos a tomar café na cozinha e eu contei sobre o resto da noite a ela. Mare me mencionou que Matthew também sumiu depois que eu fui embora, provavelmente com alguma garota. Eu contei que encontrei Tom e que voltaria a vê-lo na próxima semana em Londres, para um jantar. 
— Ele vai jantar você! É melhor ir preparada...
— Preparada para o quê? — ela arqueou a sobrancelha ao ouvir a minha pergunta, o que era a minha resposta — Ah... isso.
Ela ficou feliz em saber que as coisas "estão no caminho para dar certo". Assim espero! 

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