A Caçada - Parte I

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Conseguia ver o animal na minha frente, devia estar a pouco mais de duzentos metros de distância, a pelagem coberta pela neve dificultava um pouco. Tratava-se de um alce, não devia ser muito velho pelo tamanho dos chifres, no inverno esses animais costumam se mover o mínimo possível, aqui ele revirava a neve para encontrar o seu alimento embaixo dela. Não podia fazer barulho nenhum, até mesmo Cintia apreendera a manter a matraca fechada e mantinha seus olhos fixos em nossa presa. Enquanto, Fofo tentava se aproximar sem ser notado, sim havíamos resolvido nossas diferenças não foi fácil, ao contrário. Tudo começou a três meses atrás quando a convivência com o filho de Satanás estava insuportável, novamente tive que recorrer ao mestre Aquiles em busca de seus valorosos conselhos.

*** Três meses antes - Base Secreta: "Refugio dos Boludos" ***

- O cachorro não deixa você nem trepar em paz? – falava o mestre sem cerimonias.

- Sim, começa a arranhar a porta do quarto e fazer uma gritaria infernal! – lamentava a minha má sorte e o dia de tê-lo levado para minha casa.

- Coloca o bichano para fora! – disse Cesar, um pobre leigo no assunto mandado pela mulher. Como todo homem nessa situação deveria saber que estava mais fácil eu ser colocado para fora do que o cachorro.

- Parece que até não conhece a Thalia! – exclamei! Foi quando mestre Aquiles deu um grito em minha direção e pela sua cara devia ter chegado a resposta daquele enigma.

- Você vai ter que mostrar para esse cachorro quem manda! – e o mestre continuou a nos contar sobre a sua brilhante ideia. Fiquei surpreso como não tinha pensado naquilo antes.

Corri imediatamente para casa teria que colocar aquele plano em execução naquele exato momento. Abri a porta e o demônio encarou-me, começou a lançar seu rosnado, estava frente a lareira se esquentando. Dei um passo e pisei numa de suas minas, coco mesmo, a raiva tomou conta da minha alma e seria hoje que o exorcizaria o Satanás de seu corpo. Antes dei uma breve olhada no quarto e observei que Thalia cochilava tranquilamente. Dei início a operação batizada de: "Xô Satanás". A execução corria tranquilamente quando a criatura resolveu utilizar da violência, porém revidei e ele gritou. Thalia saltou da cama e veio caminhando com os olhos pesados para ver o que estava acontecendo.

- Amor por que o Fofo está gritando? – ela coçava os olhos – Você pisou nele de novo?

- Não ele me mordeu e eu o mordi de volta! – respondi.

- Você fez o que? – a sua expressão angelical começou a sumir do seu rosto. Devia ser obra do Satanás que procurava desesperadamente por outro corpo para possuir.

- Eu o mordi! E a partir de hoje toda vez que ele me morder o morderei de volta!

- O seu idiota! Ele é um cachorro! – ela cobriu o nariz – E que cheiro de urina é esse? Afinal que poças são essas por toda a casa?

- Eu mijei na casa inteira para demarcar meu território!

- O que? O que? O QUE! – Thalia ficou transtornada – O seu filho da puta! Você mijou na casa inteira? Eu vou te matar! Seu desgraçado! Lazarento! Você vai limpar isso agora! Está me ouvindo? Agora! Eu vou voltar para aquele quarto e quando sair de lá! Eu quero tudo isso aqui brilhando! E aí se eu sentir cheiro de urina! – Fofo correra para o seu lado, mas ela não permitiu que entrasse. – E você também seu cachorro mijão! Trate de se entender com o cachorro-mor caso contrário vai os dois para casa do caralho! Estou cansada das briguinhas de vocês dois!

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