Sarah

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Sentia os seus braços me percorrer, o seu beijo, quando abria os olhos ele havia sumido, apenas o som do vento, um chapéu de palha que nunca o tive voava de minha cabeça sendo carregado pelo vento. Ficava observando o chapéu por um tempo e depois me desesperava quando notava que ele havia sumido. Escutei uma voz interromper meu cochilo.

- O barriguda! – gritava Cintia pelo simples prazer de me acordar.

- Fala malcomida! – a respondi e pude ver o sorriso sumir de seu rosto. Gutierrez a tinha apelidado disso e não demorou para o apelido pegar.

- Olha a grosseria! Parto essa melancia no meio que se alojou em sua barriga. – falou Cintia colocando logo sua mão sobre minha barriga. – Oh! Ele deu um chute! De novo!

- Claro deve estar tentando chutar a sua cara feia! – Cintia ignorou minha fala e encostou seu ouvido sobre minha barriga. – O encosto, desencosta!

- Credo Thalia estou aqui mimando o teu filhote e você só me zoando! – protestou Cíntia.

Cíntia revelará que assim como eu sempre quis ter um filho, no entanto, parecia que Cesar, digamos, não se esforçava muito para isso acontecer.

- Quando será que o Matheus retorna? – ela perguntará algo que gostaria de saber, sentia a sua falta e desde sua partida poucas vezes sairá dos meus pensamentos. Sentia até uma espécie de sensação ruim desde que partiu, queria poder ter ido com ele, infelizmente essa barriga me impedia.

- Não sei. – respondi chateada e ela pode sentir minha aflição. – Espero que logo! Bom, tenho que voltar para minhas crianças.

Levantei-me da cadeira, coloquei um sobretudo grosso e fui de encontro aos meus capetinhas que me esperavam ansiosamente. Gostava de passar as tardes os ensinando, na maioria do tempo contava histórias de guerreiros famosos que um dia existiram, pelo menos nos livros. Durante esse tempo minhas preocupações ficariam de lado, não foi o que ocorreu naquela tarde. De repente notei uma imensa movimentação na aldeia. Meu coração disparou passei minha turma para a Mestre Anastacia e corri para o salão principal. Esperava encontrar Matheus lá, não o encontrei. Algo estava errado, não via as caças abundantes que foram prometidas, nem as risadas alegres e vozes altas contando sobre a aventura vivida. Ao contrário via rostos tristes, mulheres chorando e pessoas se consolando. Entrei de supetão interrompendo a conversa. Ivan e Natanael estavam a frente de meu pai e de Aquiles, os dois ficaram a me olhar.

- Cadê o Matheus? – perguntei, imediatamente Natanael abaixou a cabeça. – Cadê a porra do meu marido!

- Thalia! Acalme-se! – ordenou meu pai.

- Lamento muito Thalia, mas Russo está morto. – respondeu Ivan.

- Morto? – estava incrédula, meu coração parece que havia sido apunhalado e Aquiles veio ao meu socorro.

- Sim, durante a caçada fomos emboscados pelos kanhanduras, tentei ajuda-lo, mas não consegui. Vi com meus próprios olhos quando ele foi morto! – falou Ivan sem a menor cerimônia.

- Você está mentindo! Mentindo! Eu sei que você está mentido! É tudo mentira sua! – gritava descontrolada.

- Thalia vou pedir apenas mais uma vez para manter a calma! – falava meu pai como se já soubesse de sua morte – E quanto a Helena e o resto?

- Helena parece que também foi atingida no tiroteio e está desaparecida. O pior ainda estava por vim, quando voltamos para junto de Jeremias. Eles haviam ficado com o restante do pessoal para armar as armadilhas. Não encontramos ninguém vivo apenas corpos espalhados, um massacre. – disse Natanael mostrando o seu desanimo.

As Sete TribosOnde histórias criam vida. Descubra agora