Capítulo I: Os Alados.

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Anoiteceu na cidade de Argus, no extremo Leste de Galouro. A lua cheia iluminava aquela bela e pacifica cidade, lar dos "Alados", um grupo treinado na arte da guerra para proteger a cidade de invasores; eram liderados por Lubonir, um homem de quarenta anos, cabelos negros com alguns fios grisalhos, pele clara e olhos amendoados.

O território de Argus ia além da cidade com altas muralhas de pedra e casas simples, mas bem projetadas; seguia noroeste na Floresta do Encanto; sudoeste nas Nascentes da Fertilidade, cujo riacho seguia adentro da cidade, repleta de poços espalhados em cada canto para abastecer seus moradores. Bem além ao Leste seguia um campo verde que foi chamado de Campo da Paz, mas embora tivesse esse nome era usado como campo de treinamento ao ar livre pelos Alados.

Lahar saiu de sua casa naquela noite, se despedindo de seus pais.

— Estou de ronda essa noite — disse o jovem de dezesseis anos, com vestes azuis como safira ao que saiu porta a fora e seus longos cabelos negros esvoaçaram com o bater do vento. Ele era branco, alto e esbelto; exibia um belo e largo sorriso no rosto, carismático; seus profundos olhos negros transmitiam um ar de mistério.

— Estou pronta — disse se aproximando, vinda da casa ao lado, com vestes iguais as de Lahar, uma morena; forte e encorpada.

— Elena, a estrategista. Como vai minha mais preciosa amiga?

— A lua está linda hoje, não acha? — ela disse virando seu rosto para o céu estrelado.

Lahar fez como sua amiga.

— É talvez, mas o ar está gélido, como se o vento estivesse trazendo algo ruim.

— Achei que só nós mulheres tivéssemos sexto sentido — ela riu.

O som da trombeta soou forte, juntamente com o som dos sinos, distraindo a todos na cidade. Alguns moradores saíram por curiosidade e abriram suas janelas para espiar.

— Todos para dentro agora! — ordenou Lahar.

Na torre Adalberom tocava a corneta com seus lábios carnudos e avermelhados; ele tinha a mesma idade de Lahar, mas era bem mais másculo; o luar iluminava seus cabelos dourados e olhos azuis.

— DRACONIS! — ele gritou a todo pulmão.

Lubonir surgiu com sua capa aveludada azul e uma grande lança, seguido de Hector, um jovem com altura mediana, que coçava seus cabelos castanhos, encarando misteriosamente com seus olhos verdes; assim como Amálie sua adorada irmã gêmea. Logo se aproximaram um homem negro e forte, era Bóris; Yvon também chegou exibindo seus cabelos vermelhos ardentes; e Belle a mais jovem, uma pequena graciosa, de olhos verdes e cabelos quase brancos que se destacavam por onde quer que ela fosse.

Lahar, Elena, Adalberom e outros Alados de patentes menores se uniram ao seu líder, Lubonir.

— A situação — exigiu o líder para Adalberom.

— É mesmo Draconis Senhor — ele disse — Vindos do Sul. Um grande exército.

— Alados! — exclamou Lubonir firmemente ao que todos se colocaram em perfeita postura militar para ouvi-lo. — Como sabem os Draconis são criaturas metade Homens, metade Dragões; são seres míticos que vivem nas sombras; são temidos por sua força e por sua falta de princípios e escrúpulos. Eles devem estar vindos de muito além do Sul, além do Vale do Desespero, além do Vulcão do Tormento. Vamos ter que dar tudo de nós para defender nossa amada Argus. Agora vão, se equipem e se preparem para o pior; e que façam valer todos os anos de treinamento.

Os Alados puderam ouvir de longe os gritos dos Draconis pelo nome de Scarlat, aos berros e rugidos fortes e assustadores.

— Não pode ser — murmurou Lahar, ao que saiam para se equipar.

— O que foi? — perguntou Adalberom.

— Eu já li todos os livros e pergaminhos antigos que temos sobre Draconis, se esse nome for o da mesma Scarlat nós estamos perdidos.

— Não importa quem seja, vamos vencer.

— Você não entende.

— Se apresse, vamos! Você é quase tão habilidoso quanto eu, não tem tempo pra isso, seu lugar é no campo de batalha pro que der e vier.

Lahar e Adalberom se equiparam de espadas e escudos e lideraram as linhas de defesa dentro da cidade. O grande portão levadiço foi aberto para Lubonir e sua tropa esquipados de grandes escudos e lanças, eles se postaram em posição de defesa com escudos acima do corpo e lanças apontadas para cima, quando o portão foi fechado. Elena estava no alto da muralha, liderando os arqueiros, avistando os Draconis que carregavam tochas e armas.

O exército invasor se aproximou, finalmente; era liderado pela mais bela Draconis já vista, ela era alta e encorpada, sua escamosa pele tinha cor de rubi como a de suas garras e seus olhos, embora escamosa essa não cobrisse toda a sua pele, inclusive seu rosto era livre quase por completo exceto por uma pequena parte de suas bochechas de escamas que desciam pescoço abaixo, era quase como se o centro de seu corpo fosse livre de escamas, mas pouco se podia ver devido à armadura que trajava; ela era intimidante, cabelo negro longo belo como tudo a seu respeito; intrigante e mortal.

— Por Scarlat! — berravam os Draconis.

Lubonir observava atentamente e julgou ser necessária uma aproximação, falar de líder para líder, visto que os invasores não atacaram de imediato; eles estavam esperando, então essa era à única atitude sensata a se tomar. Sua postura é impressionante, é como um rei mesmo não possuindo tal título, ele tem o olhar, a pose, a determinação e a atitude.

— Sou Lubonir! Líder dos Alados, protetores da cidade de Argus. Não apreciamos visitas de exércitos armados das cabeças aos pés.

— Não apreciam a visita? — ela debocha. — Ah, mas é claro, onde estão meus modos? Scarlat, ao seu dispor!

— O que traz um exército de homens metade dragão as pacíficas terras de Argus?

— Bom à verdade é que nos separamos de uma das tribos do sul bem distante daqui e formamos uma nova tribo no leste, entretanto nosso território e tão pequeno e pretendemos conquistar o leste por completo.

Ela é sedutora e sua palavra mesmo ameaçadora deixa-o intrigado talvez perdendo um pouco o foco, mas isso não dura.

— Como eu já disse somos pacíficos, mas se é briga que você quer saiba que somos muito bons nisso — ele esbravejou erguendo seu braço direito em sinal as suas tropas.

— Alados preparem-se para bater as asas! — ele comanda.

— POR ARGUS! — gritaram atrás de Lubonir.

— Meus Draconis amados — ironiza Scarlat. — Chegou a hora de depenar alguns frangos e galinhas também — ela riu, fitando Elena no alto da torre.

Lubonir ergueu sua lança em sinal de alerta e apontou para frente em sinal de ataque, por sua vez Scarlat também sinalizou aos seus draconis e ambos os exércitos avançam para a batalha.    



Olá leitores. O que estão achando?

Essa versão atualizada foi para corrigir alguns erros gramaticais, mas talvez alguns tenham persistido em ficar. Em breve Lahar terá uma nova versão com novo prólogo e novos capítulos então vamos considerar isso aqui como uma "versão beta". 

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Eu ficarei muito feliz com a opinião de vocês.

Abraços.

Lahar, O Conquistador de Nações: Livro Um, Draconis (VERSÃO BETA).Onde histórias criam vida. Descubra agora