Capítulo II: A dura batalha.

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Naquela noite choveram flechas ao comando de Elena, mas nenhuma foi capaz de penetrar na dura escama dos Draconis, que também usavam armaduras para proteger suas partes humanas. Scarlat riu, gargalhou na verdade, com toda sua garganta, alto, e sem delongas, saltou feroz e rapidamente para frente em um impulso tão forte que ela foi absurdamente rápida; tudo o que Lubonir pôde ver foram os olhos da mulher dragão em chamas quando ela perfurou seu abdômen, suas garras foram tão afiadas que traspassou o corpo rígido de Lubonir que caiu ensanguentado ao chão com os olhos arregalados ao notar Scarlat passando sua língua pelos seus dedos e garras, com expressão de quem se deliciava bebendo o sangue.

— Que raios caiam... — murmurou Lubonir em seu leito de morte — Caíam sobre a cabeça de cada Draconi e sua raça seja extinta para sempre.

— NÃO! — gritou Elena do alto, aterrorizada.

Scarlat acenou para o forte Draconi ao seu lado, Zahi, cujo qual de seu corpo de pele negra as únicas partes cobertas de escamas verde esmeralda eram seus braços fortes e muito habilidosos; ele retirou de seu cinturão uma adaga, foi tão rápido que Elena sequer percebeu quando a adaga voou fincando bem no meio de sua testa; ela caiu lentamente pela beirada da muralha enquanto o sangue escorria pelo seu rosto; seu corpo caiu duro percorrendo todo o caminho até o chão onde bateu estourando o seu crânio.

Lahar gritou, mas seus gritos foram inaudíveis ao que eram fortes de mais os sons da tropa na linha de frente sendo massacrados e o portão despedaçado pela terrível força dos Draconis. Adalberam gritou e puxou Lahar para a batalha; eles lideraram as defesas contra os Draconis dentro das muralhas. O confronto foi acirrado mesmo com uma tropa que possuía toda a determinação de Lahar que estava ardendo em ódio; muitos perderam a vida em ambos os lados, os Draconis que conseguiram avançar receberam uma chuva de lanças arremessadas pelas tropas de defesas, mas ainda assim muitos com suas duras escamas conseguiram se salvar sem grandes danos, outros cujas escamas não lhes favoreciam em pontos vitais perderam suas vidas. Mas muitos arqueiros estavam escondidos em pontos estratégicos, e começam a voar pelos céus flechas de fogo; a mira era perfeita, muitos foram atingidos, eram os melhores treinados por Elena. A ponta pequena da flecha acabava sendo muito mais efetiva do que as grandes lanças em alguns poucos dos orgulhosos que estavam sem armadura.

Para todos os envolvidos parecia que aquela batalha já durava horas, mas só alguns minutos haviam se passado e poucos eram os sobreviventes de cada lado e a cada segundo uma vida era perdida; para a surpresa dos Alados surgiram debaixo da terra Draconis que possuíam a habilidade de cavar o chão graças às suas particularmente grandes e fortes garras que se diferenciam consideravelmente dos demais que já eram de se impressionar; esse foi o fim de Amálie e suas tropas por completo. Todas as casas foram destruídas, habitantes dilacerados ao chão, muitos devorados.

A visão era aterrorizante e causou a distração e morte do orgulhoso Bóris com uma mordida de tão grandes presas que arrancou metade de seu pescoço; Belle estava paralisada, Adalberom tentará de tudo para protegê-la, mas foram surpreendidos por um golpe de lança vindo de trás, as lágrimas escorriam dos puros olhos de Belle quando a lança foi retirada de seu corpo e ela caia lentamente ao chão, a vingança foi pela lâmina da espada do próprio Adalberom, mas o forte guerreiro não havia sequer percebido que foi agarrado naquele momento e teve seu braço esquerdo amputado, ao que havia cortado a cabeça daquele que matará a doce Belle o mesmo já estava condenado à morte. Lahar estava aterrorizado, mas em nenhum momento desde o início da luta sua espada havia deixado livre à espada de Zahi, era como uma dança de espadas, com dois dançarinos muito preparados e bem treinados, mas por um segundo que se distraiu ao ver os corpos de seus companheiros ao chão e pensou em sua família, recebeu um golpe certeiro da espada de Zahi, em seu peito e caiu lentamente ao chão perdendo a consciência.

O cenário era catastrófico; Argus, que foi tão feliz e pacífica já não existia mais. O exercito adentrou mais fundo na cidade ateando fogo nas casas, matando os inocentes; as famílias dos bravos Alados. Os gritos de horror ecoavam como a canção da morte. Estava tudo destruído, a adorável terra no leste dominada. Foi quando a chuva começou a cair sobre aquelas terras como se o céu estivesse chorando. Era um cenário melancólico, mas veio seguido de um milagre: Lahar abriu os olhos. Ele não podia acreditar ainda estar vivo e convenhamos não são muitos que sobrevivem a um certeiro golpe de espada no peito, mas Lahar havia se esquivado levemente antes de receber o golpe e seu coração não foi atingido, mas claro ainda assim estava muito ferido se levantou com gigantesca dificuldade e ao olhar a seu redor não podia acreditar, não havia antes imaginado nem visto em seus piores pesadelos uma cena como aquela; os corpos de seus companheiros, todos em Argus ensanguentados no chão, os restos do corpo de Elena destroçados ao lado de seu arco, os demais, todos mortos, os olhos de Belle ainda abertos e sem vida, ele trata de fechá-los e reza para que ela possa encontrar a paz, seus olhos derramam ainda mais lágrimas silenciosas ao ver os rastros de sangue de Amálie que havia usado suas últimas forças para chegar até o corpo de Hector seu irmão gêmeo e morreu deitada em seu peito, mas Lahar sabia que no fim morrer juntos era o maior desejo de ambos depois de uma vida cheia de alegria, só era lamentável que tenha durado tão pouco; o corpo com braço decepado de Adalberom, Lahar também rezou por ele.

— Grande Guerreiro — ele disse sobre o corpo do amigo. — O Gigante Alado, descanse em paz.

Lahar pensou em sua família, foi o momento mais difícil, ele sentiu lagrimas esquentarem sua face e queria gritar, mas perdeu suas forças, sentiu sua garganta fechar, entretanto ele mesmo não sabia se sobreviveria com tal ferimento, então decidiu caminhar para longe dali antes do amanhecer, olhou mais uma vez para o corpo de seu líder Lubonir e agradeceu em silencio por todos os ensinamentos.

Foi dura e difícil à caminhada, usava um cajado que havia encontrado ao chão como uma bengala para facilitar, assim mesmo lentamente se afastava mais e mais daquele que um dia foi seu lar e tinha em mente que se sobrevivesse jamais esqueceria o que os Draconis fizeram para sua família, seus amigos e seu mestre, e que os teria mortos, todos eles, mas tirando ele dos pensamentos negativos a visão de um leão bastante peculiar, branco e imponente, seus olhos amarelos eram profundos e o encarava cautelosamente, o mais peculiar neste leão era um chifre dourado pontudo em sua testa, Lahar já ouviu antes lendas de cavalos unicórnios, mas nunca um leão, ele ficou embasbacado e apreensivo quando o leão se aproximou.

— Parece que você não tem muito tempo — rugiu o leão unicórnio. — Venha depressa!

— Vo... Você fala...

— Suba logo em minhas costas, garoto! — insistiu o Leão. — Eu te levarei para ser tratado.

Assim o fez, Lahar subiu nas costas do leão e segurou com as poucas forças que lhe restaram na juba do animal, assim levado para longe daquele que não era mais o seu lar. 



Olá leitores!

Uma dura batalha de fato, não é?

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Lahar, O Conquistador de Nações: Livro Um, Draconis (VERSÃO BETA).Onde histórias criam vida. Descubra agora