Capítulo XV: Sentimentos.

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A mulher a frente dos forasteiros tinha uma postura muito firme, culta e polida; ela se aproximou e fez uma reverência.

— Sinto muito por terem sido pegos em meio a um problema que não lhes diz respeito e também pela forma como meus colegas místicos os abordaram!

Victorious balançou a cabeça em sinal de que não foi nada, embora só estivesse sendo educado.

— Por favor... isso já não importa! — disse Lahar educadamente. — Mas ainda precisamos de um item que lhe pertence e suponho que também haja um Titano nesse país para ser derrotado.

— Admiro sua objetividade! E sim de fato um Titano também invadiu Helder, mas eu já dei conta dele.

— Finalmente alguém com bolas. — brincou Victorious.

— Esse tipo de senso de humor machista não me é apreciável — disse a imperatriz lhe lançando um olhar de censura.

Lahar se segurou para não rir da estupidez do amigo.

— Acompanhem-me — ela pediu.

Eles subiram uma escada circular que estava atrás da sala do trono, era vasta e extensa, e demoraram longos minutos para chegar ao topo; lá estava uma grande fonte circular, praticamente uma banheira e acima dela um brilhante anel com um cristal na cor turquesa que envolvia a fonte com uma chuva de energia branca luminosa, além disso, a sensação térmica naquele salão estava muito mais fria.

— O Titano está lá dentro! — exclamou a imperatriz. — Consegui lhe causar sérios danos, mas não fui suficientemente forte para derrotá-lo com minhas próprias forças, então o enviei para a fonte dos sentimentos.

— Fonte dos sentimentos... — repetiu Victorious, intrigado.

— O que é isso? — perguntou Lahar.

— Ela mostra a verdade no coração de quem está em seu interior, é um lugar frio onde as lembranças podem consumir o que há de melhor em você, mas honestamente não acredito que aquela criatura tenha lembranças próprias, mas sim de seu criador, e mesmo que a fonte não surta efeito, o bicho eventualmente vai morrer de frio e fome, pois o anel místico está trancando a passagem de saída.

— Já sei onde essa conversa vai nos levar — murmurou Lahar.

— Se matar a criatura não haverá mais necessidade do anel permanecer guardando a fonte.

— Então o anel é a chave — murmurou Victorious para si mesmo.

— Vamos! — exclamou Lahar para o companheiro.

— Espere... preciso de uma arma. — ele respondeu olhando encabulado para a mística que lhe retribuiu um olhar de desaprovação.

— Você não vai precisar de uma — ela disse friamente. — Se o seu coração for forte vai sobreviver à fonte.

— Mas e o...

— Não importa! — Lahar o interrompeu, zangado. Vamos depressa!

— Mas Lahar...

— Eu já disse.

A mística liberou a passagem por um momento e os dois mergulharam, se olharam e uma forte correnteza os surpreendeu levando-os em direções opostas. Lahar caiu em um lugar escuro, não havia água lá ou nada mais além de frio e solidão, mas nem sinal do Titano o qual Lahar não fazia a menor ideia de que tipo de animal seria ou o que enfrentaria, mas quando lhe ocorreu tal pensamento imediatamente como instinto colocou a mão esquerda para checar o Slicerin em sua cintura, mas ficou espantado ao notar que não estava lá, tão pouco, sua espada nas costas, nem sequer sua armadura; ele estava vestido com roupas brancas e capa azul, simples, exatamente igual à que usava em seu passado distante na época em que ele era um "Alado", logo passou a mão na cabeça com estranhamento e notou que seus fios de cabelo eram longos, também como costumavam ser, e por um momento sentiu um alívio, uma leveza no coração como não sentia há anos. Ele se viu em meio ao campo brincando com os animais, pensou que tudo o que passará talvez não tivesse passado de um longo pesadelo e ele finalmente havia acordado; seus colegas surgiram e se aproximaram dele, logo sua família também estava ali sorridente. Um trovão ecoou forte, tão forte que quase ensurdeceu Lahar, o céu se fechou com nuvens negras, mais negras do que jamais havia visto e uma forte chuva de sangue começou a cair.

Lahar, O Conquistador de Nações: Livro Um, Draconis (VERSÃO BETA).Onde histórias criam vida. Descubra agora