Sobre poemas anônimos, garotos e amor - Livro I [COMPLETO]

Bônus: Ações e reações - Johann Adams

ATENÇÃO: o capítulo a seguir contém cenas que podem ser gatilhos relacionados a questões familiares, tais como ausência paterna, desprezo familiar e pressões psicológicas. Por ser um bônus, sua leitura é facultativa, apenas ajuda na compreensão da história, mas é de total critério do leitor lê-lo ou não.

Once I was eleven years old
My daddy told me
Go get yourself a wife
Or you'll be lonely
Once I was eleven years old
Seven Years - Lukas Graham

Uma psicóloga, a qual frequentei durante um tempo, me disse uma vez que "nossas ações são consequências de ações passadas e gerarão consequências futuras nesse loop infinito chamado vida". Até hoje, eu não sei se era algum tipo de frase pronta ou se ela era a autora dela, mas é a segunda sentença mais verdadeira que já ouvi em minha vida. Qual é a primeira? Meu pai dizendo que não me amava e que, na verdade, era melhor que minha mãe não tivesse levado a gravidez adiante.

Geralmente, ao falar,as pessoas não levam em conta o que as outras sentirão ao ouvir aquelaspalavras. Eu sei, eu sei, você deve estar pensando "mas,Johann, você sempre fala coisas que machucam as outras pessoas, não percebeisso?". É claro que eu percebo, porque eu faço de propósito.

Uma coisa que aprendicom o meu pai duranteos poucos anos em que ele permaneceu na casa conosco, minha mãe e eu, foi que omelhor jeito de fazer as pessoas respeitarem você é pelo medo. Se elas o temem,não se metem com você.

Minha mãe, Beatrice Adams, é a diretora da escola e a única pessoa que eu posso dizer que amo. Por tudo o que ela fez por mim, todas as coisas das quais abriu mão por minha causa e, principalmente, por não ter desistido quando teve a chance de fazê-lo.

Ela ainda era muito nova quando descobriu que estava grávida de mim. Meu pai, que sempre foi um vagabundo da pior qualidade e só se importava se tinha um maço de cigarros no bolso e uma garrafa de bebida na estante, não queria que ela tivesse o filho. Mas eu estou aqui hoje, não estou? Infelizmente ou não, eu não sei. Então, somos apenas minha mãe, Maya e eu. Ah, Maya é uma gata.

Além da minha mãe, Maya é a única que vê o meu lado mais humano: o Johann carinhoso que não existe em outros momentos e com outras pessoas, já que, normalmente, não acreditam que eu possa ter esse lado. Então, acabo nem perdendo meu tempo com esforços em vão.

Mas tem ela.

Aquela que desperta em mim tantos sentimentos que eu não consigo pôr em palavras. Ela é tão interessante, tão complexa que, provavelmente, nunca olharia para um garoto o qual apenas age como um babaca 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Mas, ao mesmo tempo em que quero desesperadamente que ela me note, perceba que eu exista, também não queria mudar o meu modo de agir. Não queria ter que mostrar a todas as pessoas o meu verdadeiro eu e, desse modo, não perdendo a posição que tenho entre os outros.

Escolhas são decisões difíceis.

Isaac Newton, em sua terceira lei, escreveu que toda ação tem uma reação. Mostrar o meu lado verdadeiro às pessoas implicaria em perder a colocação de destaque que ocupo.

Mas mostrar o meu lado verdadeiro apenas para ela, teria qual reação?

Oioi para quem chegou até aqui!

Eu quis escrever esse bônus do Johann porque o meu bichinho é muito injustiçado nessa história. Queria dizer para vocês não sentirem ódio dele, ele é uma pessoa com sentimentos como qualquer um dos outros personagens. A segunda parte da história pretende mostrar um pouco desse lado mais humano e eu espero, de coração, que vocês terminem a história amando o Johann tanto quanto eu. Ele também merece muito amor.

Espero também, de coração mesmo, que vocês não tenham se sentido muito mal com esse bônus. É difícil para mim também tratar sobre esses assuntos. Não tenho a intenção de fazê-los se sentirem mal, apenas preciso passar esse lado humano do personagem e espero ter feito certo.

Até o próximo bônus.