Capítulo 40 - "Não me mintas"

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Ross’ POV:

Devia estar estampado na minha cara que estava zangado e que tinha vontade de matar alguém porque Sara notou logo no momento em que me sentei dentro do carro.

- Estás bem? – Perguntou-me, conseguia perceber que estava preocupada e confusa pelas suas palavras.

Fechei a boca com força, tratando de conter a minha raiva para não a descarregar sobre Sara. Lambendo os meus lábios, dei a volta à chave ligando o carro, saindo da calçada.

- Estou bem.

Pelo canto do olho consegui ver Sara a mover-se incómoda, querendo fazer-me outra pergunta mas mordeu a língua, sem querer chatear-me.

Boa rapariga, pensei interiormente enquanto virava a esquina, sentindo as minhas veias estalarem com veneno.

Pondo o braço direito na parte superior do volante, um desejo repentino apoderou-se de mim, inclinei-me para o lado, procurando no porta-luvas a única coisa que desejava naquele momento.

Peguei num maço de cigarros, movi-me no meu lugar, olhando entre o maço e as ruas, assegurando-me que não era suficientemente estúpido para ter um acidente.

Deixei que a sensação de neblina tomasse conta de mim enquanto os meus músculos relaxavam. Deixei escapar um gemido de alívio. Há muito tempo que não aproveitava tanto um cigarro. Deixando a janela aberta no momento em que me apercebi que o ar estava cheio de fumo, continuei a conduzir.

Sara observava-me com atenção. Os seus lábios rasgaram-se para um lado, as suas sobrancelhas estavam perfeitamente juntas no centro. Olhava como se estivesse a contemplar algo.

Suspirando, desviei o carro para uma paragem.

- O que foi? – Cuspi.

Sara parecia surpreendida e assustada com a minha explosão porque me olhava com os olhos muito abertos.

- Nada…

- Não me mintas, Sara – murmurei, metendo o cigarro à boca novamente, mantendo o fumo por um momento antes de o soltar.

- Não…

- Eu disse – comecei uma vez mais, a minha voz era fria e ácida – Para não me mentires – os meus olhos eram escuros enquanto ela me olhava com os seus iluminados.

Engolindo saliva, ela lambeu os lábios.

- Eu… Só… – Fez uma pausa e suspirou com frustração – Pareces…

- Deita cá para fora, Sara – sussurrei, tentando não deixar que o monstro tomasse conta de mim.

- Pareces tenso, está bem? Como se tivesses algo – falou de seguida.

Apertei os lábios, olhando fixamente para a frente. Circulavam inumeráveis carros, as nuvens lá em cima moviam-se lentamente, o sol desmoronava-se no céu e a escuridão estava próxima.

O ar crescia espesso no instante em que as recordações inundaram a minha mente, levando-me de volta a casa, mesmo antes de irmos.

- Não passará muito tempo até ter a tua miúda a gritar o meu nome para que lhe dê mais – sussurrou-me Jason ao ouvido em tom de gozo.

As minhas mãos transformaram-se imediatamente em punhos. Não passou muito tempo antes de eu agarrar a sua camisola e imobilizá-lo contra a parede com dureza, com as costas em duro contacto.

- Se eu fosse a ti, tinha cuidado com o que dizia – cuspi, o meu rosto estava a escassos centímetros do seu.

Jason, em troca, simplesmente se riu entre dentes.

Danger [Português/Adaptada]Onde histórias criam vida. Descubra agora