Capítulo 20 - "Ages como se pedir desculpa fosse um crime"

2.3K 89 1
                                    

Quando a professora continuou e falar e a falar de coisas que não interessam a ninguém, também conhecidas com geometria, não pude deixar de pensar na cara do Ross quando lhe disse tudo aquilo no corredor antes de vir para a aula. Não tinha preço. Quer dizer, deviam tê-lo visto, a cara dele era como se eu tivesse passado por cima do seu carro.

Se pudesse ter gravado aquele momento com o meu telemóvel…

Oh, espera, mesmo que o pudesse ter gravado eu não o podia ter feito porque me tinham tirado o telemóvel graças ao Ross.

Bem, não foi ele que me tirou o telemóvel, foi a minha mãe mas foi graças a ele que ela mo tirou.

Agora que penso nisso, tudo corre mal na minha vida há um mês, por causa dele.

Estou a começar a pensar que Deus tem alguma espécie de plano para mim.

Penteei o cabelo que caía à frente da minha cara com os dedos, tiraram-me dos meus pensamentos quando senti que uma bola de papel me acertava na cabeça. Olhei para trás e vi Carly com um sorriso triste no seu rosto.

- O que se passa?

- Desculpa – sussurrou – Não te queria acertar na cabeça. O meu objetivo era o braço…

Olhei para ela antes de me inclinar para baixo e agarrar na bola de papel que caiu ao chão. Tentei decifrar a sua letra, explorava as suas palavras sobre o papel enrugado.

Fiquei confusa. Com a minha caneta escrevi uma resposta perguntando-lhe a que se referia antes de amachucar o papel de novo e o atirar até ela.

Carly apanhou-o com as mãos e abriu-o, escreveu nele e atirou-o outra vez para mim.

Quando o abri de novo pus-me logo a ler a sua resposta.

“De onde conheces o Danger?”

Senti que fiquei sem ar quando li essas palavras mas assegurei-me de que ela não via a minha reação. Agora a última coisa que queria era que me descobrisse.

Escrevi do lado oposto do papel dizendo-lhe que não sabia do que estava a falar, antes de fingir que estava interessada nas palavras da professora e tentar mostrar algum interesse enquanto olhava para o quadro.

Ouvi o papel bater na minha mesa. Inclinando-me, apanhei-o antes de o abrir.

“Não te faças de parva Sara. Sabes do que estou a falar”

Voltei-me para ela, agitando a mão para captar a sua atenção. Uma vez que o consegui, fiz-lhe um gesto com o papel enrolado na mão antes de lhe articular que realmente não sabia do que estava a falar.

Ela dirigiu-me um olhar severo leve. Mesmo quando estava quase a abrir a boca para dizer algo a professora interrompeu-me.

- Há alguma coisa que vocês as duas queiram partilhar com a turma?

- Não.

- Desculpe – desculpou-se Carly com um gesto desdenhoso.

Ri-me ligeiramente entre dentes, sacudindo a cabeça. Ela sempre foi o tipo de pessoa que não se importava com o que diziam ou pensavam.

O resto da turma manteve-se em silêncio, sem querer chatear a professora porque as duas sabíamos que se a chateássemos íamos ter que ir para o castigo e isso era a última coisa de que precisava.

Quando tocou para a saída cantei “Aleluia” na minha cabeça e levantei-me. Não podia esperar para chegar à cafeteria e conseguir alguma comida para o meu organismo. Estava mesmo esfomeada. Lancei o caderno para dentro da mochila e saí rapidamente da sala mas fui detida pela Carly.

Danger [Português/Adaptada]Onde histórias criam vida. Descubra agora