Barreiras

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C.

Estava indo para o meu apartamento fazer uma vista grossa com a corretora. Semana passada April devolveu o apartamento. Não falo com ela a um tempo, nem sequer a vi, ela fez todo o processo com a corretora. Eu só queria por aquela droga de apartamento a venda e me livrar dele de uma vez por todas. Afinal mais uma vez eu teria uma lembrança ruim dele. Julia ou seja lá como ela se chama sumiu do mapa. Depois de eu tanto insistir meus amigos disseram que eu devia deixar a história pra lá. E foi o que fiz. Nunca saberei se ela mentiu ou não o nome, mas pelo seu sumiço tudo indicava que sim. Isso só fazia com que eu criasse mais uma barreira a minha volta. Agora resolvi erguer uma barreira mais forte para que ninguém a quebre. Depois de ver todo o apartamento pedi para a mulher me deixar lá sozinha para me despedir do lugar. Cada canto daquele apartamento contava uma história minha em que eu não queria lembrar. Que eu queria deixar no passado enterrada. Na minha bolsa trouxe uma pequena garrafa de vodka, sentei-me no chão de brindei com o ar. Bebia o liquido puro que me embriagaria naquele fim de tarde. Ultimamente era o que eu mais fazia. Tinha deixado minha vida no piloto automático. Trabalhava porque era o que tinha que fazer, bebia, ficava com quem eu queria e nas horas vagas tentava dar a atenção devida as únicas pessoas que eu ainda me importava nessa vida. Meus amigos e meus pais. As vezes eu pensava que eu nunca teria isso que as pessoas tem. De ser surpreendida com o amor. Mark estava tentando sair da vida que levava porque encontrou a Lexie. E eu estava ali. No mesmo lugar de sempre. Quando a bebida começou a fazer efeito ouvi a porta da frente ser fechada. Quem seria? Levantei com dificuldade e fui até lá. Me deparei com a figura loira. Ela tinha cortado o cabelo e não pareceu nada surpresa a me ver.

- O que faz aqui?

- Eu vim falar com você.

- Eu não tenho nada pra falar contigo, Julia ou seja lá como se chama.

- Arizona Robbins. - A mesma pareceu buscar algo na bolsa. Retirou e mostrou para mim a carteira de identidade. Esse era o nome da segunda loira a me magoar. -

- Espero que você tenha uma boa explicação para toda essa bobagem que me fez passar. - Disse com frieza. -

- Você bebeu?

- Dá pra falar logo? - A loira assentiu. -

- A verdade é que eu entrei em pânico, Calliope.

- Você entrou em pânico porque? Você é fugitiva da polícia? Tem medo de ser deportada? Eu gostaria de saber porque me meteu em toda essa sua farsa, Arizona. - Essa era a primeira vez que a chamava pelo nome verdadeiro e a sensação foi estranha. Parecia errado, mas era só o fato de tudo o que presenciamos ter sido uma farsa total. Inclusive o que eu sabia sobre aquela desconhecida ali a minha frente. Eu não sabia quem era ela. O que ela queria comigo. Eu não sabia de nada. -

- Eu sou jornalista, Callie.

- Ah...tá explicado. O que? Preciso de todo esse teatro pra tirar uma foto constrangedora minha? Queria um pornô particular com Callie Torres para publicar na mídia? Só me diga que droga você quer de mim, afinal, todas as pessoas que entram na minha vida querem algo de mim. Dinheiro, uma foto, um autógrafo, fama, privilégio, qualquer coisa o que você quer?

- Eu quero você, Callie. É a única coisa que eu quero. Nada mais que isso. - Vi lágrimas escorrerem do rosto da loira. Não me pareceram teatrais, mas continuei calada. Apenas observando-a. Gostaria de saber o que se passava em sua cabeça. Qualquer coisa. -

- Então porque mentiu? Se tudo o que quer sou eu. Bom você me tem...está satisfeita? Eu não consigo pensar em outra coisa a não ser em você, mas como eu posso ficar com alguém que mentiu o próprio o nome para mim Arizona? Você faria isso? Confiaria em alguém assim? Eu nem sequer sei quem é você.

- Eu quero que me conheça, quem sou de verdade Callie. É para isso que vim até aqui. Eu quero que você saiba quem eu sou desde as coisas mais superficiais como o fato de eu ter re-assistido todas as temporadas de rupauls drag race porque eu acho hilário e me alegra quando estou triste. Até o fato de eu ter um medo tremendo de perder as pessoas que eu amo e a decepção da minha vida é saber que meu irmão nunca estará no meu casamento um dia porque ele morreu. Ou que eu fumo quando estou nervosa. Eu quero saber tudo sobre você Callie, mas não por eu ser jornalista e meu trabalho basear-se em saber coisas para informar ao mundo e sim porque você é uma pessoa fascinante e quero mergulhar tanto em você até saber de cor a sua alma. - Não a deixei terminar o que dizia. Eu me aproximei e a tomei nos braços. O beijo que invadia sua boca com pressa de tê-la cada vez mais. Suas mãos me puxavam mais para si. Aos poucos acabamos afastando nossas bocas em busca de ar. -

- Eu preciso confiar em você. Você precisa ter paciência, não sabe como sou difícil de confiar nas pessoas facilmente e eu confiei em você e você falhou comigo.

- Me perdoe por isso.

- Não sei ainda, é muita coisa e eu preciso ir agora.

- Eu também, eu nem falei com ninguém ainda eu acabei de chegar em LA.

- Por onde esteve?

- Nova York, visitando meus pais.

- Por um mês?

- É...mais ou menos. Eu precisava fugir um pouco e refletir.

- Sei bem...você fez uma besteira.

- Eu sei...eu fui uma idiota. Me desculpe de novo, Callie. - Eu apenas assenti. Depois de despedir da loira peguei um táxi já que tinha vindo sem meu carro e fui para minha casa. Chegando lá fui recebida por Mark que conversava animado algo com meu pai enquanto viam um jogo de baseball. -

- Ei Torres! - Mark levantou-se me abraçando. -

- Ei...porque está tão animado?

- Você bebeu a essa hora Callie?

- Ah Mark...nem me venha com essa.

- Pelo amor Callie, vamos subir. Seu pai não pode te ver assim, vai preocupá-lo. - Mark me arrastou para o andar de cima abrindo a porta do meu quarto. Assim que entrei me joguei na cama. -

- Eu conheci a Arizona... - Disse ainda deitada vendo o teto rodar. - Ela voltou.

- Quem voltou? Que raios é Arizona? Você foi no Arizona beber? Diga que é só o nome de um bar e não o estado.

- Na verdade é uma mulher Mark. Arizona Robbins, a mulher que vai me levar a minha morte.

- Ah não Callie...de novo não. Esse nome com certeza é inventado. Vai virar moda agora você ser enganada por impostoras.

- Não seja idiota Mark. Estou falando de Julia.

- Como assim?

- Ela voltou...e ela se chama Arizona Robbins. Ela é jornalista. Eu vim de táxi, então tive tempo de pesquisar. Aliás eu to craque em pegar impostoras. - Mark abriu o notebook que estava na escrivaninha e começou a digitar algo. -

- Ela existe!

- Foi o que eu disse.

- Ela trabalha na Avery Corp.

- Sim...jornalista. Eu disse isso também não? Porque está repetindo o que eu já disse?

- Porque você está fedendo a alcool e poderia estar sonhando acordada. Não me diga que se entregou a essa impostora de novo Torres.

- Eu a beijei, era tudo o que eu sonhava todas as noites. A boca dela. O corpo dela. E pelo menos um sonho eu tive de realizar.

- Torres...

- Mark, pare de agir como um pai. Eu sou uma mulher adulta e sei bem o que to fazendo. Talvez eu não soubesse antes, mas agora eu sei. Eu não irei me entregar a Arizona Robbins sem ter plena certeza de que ela não está tentando me enganar de novo.

- Eu só estou tentando te proteger. Você é minha melhor amiga Callie. Eu quero que seja feliz com alguém que queira mesmo estar contigo. E Callie eu quero que você pare de sair com Erica Hahn. Essa mulher não faz bem a você. Veja só que horas são e você está bêbada. - Eu podia ouvir o que Mark dizia. Eu o responderia se não estivesse tão cansada. - Vá dormir, Torres. A gente se fala mais tarde. - Vi Mark arrancar as botas que eu usava e me aconcheguei em minha cama espaçosa. Mark depositou um beijo em minha testa. Depois que a porta fechou-se eu adormeci.

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