Revelações

594 50 5
                                    


C

O plano estava pronto. Hoje. Na noite do aniversário de Carlos Torres ele sofreria uma humilhação pública, por toda sua maldade feita. Estava junto Arizona, Catherine e Scott o detetive contratado por mim para investigar o homem que eu tive a infelicidade de chamar de pai. A confusão dentro de mim permeava. Quando eu olhava para o jeito elegante de Catherine Avery eu lembrava de mim.  Apesar dos meus traços serem exclusivamente latinos como os de minha avó paterna. Carlos sempre se emocionava ao lembrar-se dela. Dizia com tanta convicção que tinha muito orgulho de eu me parecer com Hilda Torres. Ela deve sentir vergonha do filho de pariu. Homem no qual se tornou um grande corrupto em todas as áreas de sua vida. Eu tinha nojo de só de olhar.

- Callie, você está prestando atenção? Não pode ocorrer nenhum erro. Eu vou estar com Scott na empresa, ele irá hackear o telão e projetar uma coisa completamente inesperada para seu pai.

- O vídeo. Eu vou estar ao vivo, mas ninguém saberá.

- Eu...eu entendi. Desculpe. Eu só estou um tanto aérea.

- Vocês podem nos deixar a sós um momento? - Catherine assentiu escondendo um sorriso discreto e Scott nada disse. Os dois saíram pela porta do escritório. Ficamos sozinhas. Arizona me encarava com uma expressão neutra, talvez tentasse decifrar o que eu pensava. Seus olhos azuis cintilantes percorriam cada área do meu rosto. Sua boca formava um bico inquisitivo. Ela tamborilava os longos dedos na mesa de vidro do escritório. Eu podia ouvir no silêncio a sua perna se mexer ansiosa debaixo da mesa. Arizona tinha essa mania adorável de nunca ficar parada. A loira era muito acelerada. E sempre tinha de mexer algum membro do corpo para mostrar a ansiedade ou por vezes nervoso com a situação. - Você está com medo.

- Você está me analisando. - Levantei a sobrancelha como um gesto desafiante por sua análise a mim. -

- Estou, mas isso não é novidade, Calliope. - Calliope. Era como música para os meus ouvidos ao ouvir Arizona Robbins pronunciar meu nome. Sua língua levemente presa pronunciava de um jeito adorável. - Vamos, Callie...o que há?

- E depois de hoje? O que será?

- Você quem me diz isso, Calliope. O que será?

- Acha que irão prendê-lo?

- Não sei...mas é o que esperamos. Não temos provas, a única prova é você, mas sabemos que ele tentará dizer o contrário.

- Mas serão depoimentos de muitas mulheres contra ele. O trabalho de Scott de pesquisa foi impecável e Lupe de relembrar os casos. 10 mulheres. Funcionárias que ficaram a mercê do assédio e violência dele. - Arizona levantou-se de sua cadeira em silêncio e sentou-se na mesa de frente para mim. Senti suas mãos delicadas percorrerem meus cabelos, deitei na palma de sua mão como um gesto involuntário de conforto. Ela me fazia sentir-me segura. Desde que Arizona havia entrado na minha vida eu nunca mais tive medo. -

- Tudo vai ficar bem. - A loira sorriu. Seu sorriso iluminou minha alma. Eu sentia dentro de mim aquecer com a atitude. Ouvimos uma batida na porta quebrando completamente o momento. Era Lupita. -

- Callie, nós temos que ir. Sua mãe está me ligando feito louca.

- Ela sabe que estamos juntas?

- Está maluca? Se ela souber vai desconfiar na certa.

- Certo. Vá indo com o motorista. Arizona vai me levar. - Arizona arregalou os olhos. -

- Callie, não acho que seja uma boa ideia.

- Por favor, eu preciso de você.

- Está bem. - A mesma assentiu. Lupe não disse nada. Apenas concordou e foi embora. -

FamousOnde histórias criam vida. Descubra agora