Acerto de contas

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A

Acordei com uns estalos em meus ouvidos e me remexi um pouco notando o quão difícil era fazer qualquer movimento. Eu parecia...presa! Abri os olhos com um susto. Eu havia sonhado que Carlos Torres tinha me sequestrado e me drogado. Quando abri os olhos me deparei com ele e sua esposa Lucia. Também podia ver George O'Malley atrás de ambos. Que raios estava acontecendo?

- Bom dia bela adormecida. Como foi o sono de beleza? Está confortável?

- O que vocês querem? Pra que todo esse teatro? Porque não dizem o que querem? Quanto é? Eu pago! - Ouvi a gargalhada estridente de Lucia Torres. -

- Querida, se fosse depender de dinheiro, pobre desse jeito...você ia morrer aqui.

- Quem disse? Só porque as pessoas vivem uma vida simples, não significa que sejam desafortunadas, seria a palavra correta, senhorita Torres, pobre é pejorativo. Ninguém é pobre, pois mesmo sem dinheiro somos ricos de muita coisa, como pessoas queridas ou mesmo a nossa própria presença já é uma riqueza.

- Tá bom...que seja! Podemos matá-la já, Carlos? Está me dando nos nervos. - A mesma sacou uma arma. Eu dei um pequeno pulo na cadeira onde eu estava amarrada. -

- Senhorita Robbins, você parece ser uma pessoa interessantíssima de se conversar, mas eu quero que você suma daqui.

- Cara, eu estou amarrada, você é doido ou só está brincando de ser?

- Não, deixe-me explicar. Vamos fazer um acordo certo?

- Depende.

- Aposto que vai mudar de ideia. Bem, eu tenho dois homens de confiança em Nova York. Na rua onde Barbara e Daniel Robbins residem,

- Como posso saber se você não tá mentindo?

- Essa é fácil. - O mesmo sacou o celular e abriu no facetime ligando para alguém chamado Robert. Que atendeu. O homem sorriu ao me ver na câmera. E virou-a para a porta verde escuro. Número 2345. A casa dos meus pais. A casa onde eu cresci. O meu porto seguro. Onde só guardo memórias boas. E agora essa. -

- Deixe-os em paz, Torres. Meus pais não tem nada a ver com isso.

- Como eu disse. Meus homens estão lá para garantir que o plano se concretize. Se você não me passar a senha do seu login da empresa. E prometer que vai embora da Califórnia para nunca mais voltar. Eles morrem. - Senti o impacto de suas palavras quando Lucia apontou o revólver que tinha em mãos direto na minha direção. Eu dava de cara com ele. E eu podia senitr as lágrimas dos meus olhos escaparem sem parar. Eu queria desaparecer naquele momento. Queria que tudo isso fosse apenas um péssimo pesadelo, mas era verdade. - Então?

- Lucia, como você pode simplesmente ignorar suas filhas para fazer o que esse cara que te humilhou traindo você e ainda teve uma filha obrigando você a criar a filha de outra? Será que vale a pena mesmo? - Eu percebi seu olhar em mim, seu movimento com a arma afrouxou pendendo para o lado de Carlos de maneira sútil. Ela estava refletindo. Eu podia perceber em seus olhos. Lucia era apenas uma mulher presa dentro de um mal relacionamento, abusivo. Ela merecia bem mais, apesar de saber que era uma pessoa cheia de rancor. Eu podia notar que ela nutria um estranho sentimento de proteção por Callie. E sei que amava Aria, sua filha de sangue. Ela só precisava tomar coragem pra sair dessa. -

- Lucia? - O homem falou com a voz firme. Lucia arrumou a postura e voltou a apontar a arma para mim, com convicção como fazia anteriormente.Vi uma lágrima escorrer em seus olhos, ela rapidamente limpou com a mão livre. -

- Cala a boca menina! Você ouviu meu marido, é pegar ou largar!

Permaneci em silêncio. Ouvimos um celular tocando. Carlos olhou para o visor do seu celular e nada disse. Saiu dali. Ficamos eu, Lucia e George nos encarando. Em silêncio. Com George eu não conseguiria falar com ela. Eu conseguiria tocar seu coração, mas o mesmo não arredava o pé dali. Ficava me olhando como um guarda. Um guarda daquele tamanho? Onde já se viu? Eu parei de olhar para eles e olhei em volta. Uma cabana de madeira como qualquer outra, parecia aquelas de filmes de sessão da tarde onde tinha uma família que ia passar as férias perto de um lugar no meio do nada, pra que os filhos tivessem aquela experiência ao ar livre. Tinha fotos da família por todo o local. Callie estava em todas. Sempre grudada no pai, ela tinha um carinho enorme por ele. Nunca perguntei como ela se sentia em relação a tudo isso que estava acontecendo. Era difícil descobrir coisas horríveis sobre alguém que a gente ama e respeita tanto. Ouvimos o barulho da porta se abrir e eu voltei de meus pensamentos.

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