Capítulo 2

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– Olha a frente! – gritou a garota morena vestindo um biquíni roxo, antes de sair correndo pelo pátio de tijolos e mergulhar na piscina.

Uma onda enorme cresceu ao seu redor, agitando a superfície cristalina da água. A casa dos Reynolds era o triplo do tamanho da casa de Elissa e ainda tinha piscina com cascata e um ofurô. Essa gente tinha dinheiro. Alguns garotos e garotas estavam estirados ao redor da piscina tomando banho de sol, enquanto outros brincavam de Marco Polo na parte rasa. A certa altura, Bonnie Reynolds arrancou Elissa de perto de Sarah, insistindo que ela tinha que conhecer seu filho.

– Veja, querida. Aquele ali é o Tyler – disse, toda sorridente, apontando para um garoto musculoso, que vestia uma sunga verde fosforescente. – Ele pode mostrar tudo por aqui, se você quiser. Tyler é o capitão da equipe de natação, mesmo sendo o mais novo de todos. Ele e os amigos se envolveram em um projeto de combate à fome depois das aulas e conseguiram arrecadar mil dólares ano passado.

Enquanto falava, ela alisava os cabelos como se quisesse mostrar as luzes recém-feitas e as unhas perfeitamente tratadas no salão.

– O dinheiro foi para a África, ou será que foi para o Tibete? Não sei ao certo, mas tenho certeza que foi para um desses lugares distantes, onde as coitadas das pessoas não têm nem o que comer.

Elissa balançou a cabeça, fingindo prestar atenção ao que ela dizia, mas estava muito mais interessada nos cheeseburguers chiando na grelha ou na bola inflável da piscina viajando por cima de mesa de piquenique. Ela só estava com a Sra. Reynolds havia uns três minutos, e já não aguentava mais aquela mulher. Era o tipo de mãe que acha que tudo que o filho faz (seja amarrar o cadarço do tênis, arrumar a própria cama ou assoar o nariz) é digno de aplausos. Elissa estava prestes a se libertar dela, quando Tyler – o homem, o mito, a lenda em pessoa – veio na direção delas. Ele lançou um olhar para a mãe e, imediatamente, ela saiu andando na direção dos outros adultos.

– Foi mal pela minha mãe – disse ele, calmamente. – Não preciso nem adivinhar, ela partiu para cima de você com o pacote completo, não foi? – perguntou, secando as costas com a toalha e sacudindo os cabelos molhados.

– Fica tranquilo, as mães gostam mesmo é de encher a bola dos filhos. – Elissa sorriu, contente por Tyler parecer ser quase normal pelo menos. – Eu tenho certeza que você é o maior perdedor da cidade.

Tyler riu – uma risada real e autêntica –, depois a levou até à mesa do buffet. Entre as guloseimas, um prato de salada de repolho, outro de batatas fritas,uma bandeja de cachorros-quentes e a salada de batata com aparência esquisita que Sarah tinha preparado. Seu maior erro tinha sido colocar picles no meio, mesmo Elissa a tendo avisado de que essa era uma péssima ideia. Tyler pegou dois pratos de plástico e entregou um deles a Elissa. Os dois se serviram, depois se sentaram perto dos adultos. Atrás de seu prato de salada, Bonnie puxou conversa novamente.

– E então, o que vocês estão achando da nova vizinhança? – ela perguntou, olhando para Sarah, depois para Elissa.

– Aposto que vocês já conheceram o Ryan Jacobsen – Tyler completou, com ironia na voz. Sua mãe lhe lançou um olhar estranho, mas ele ignorou.

– Ainda não... – Elissa respondeu, um pouco confusa. O sobrenome lhe era familiar – os Jacobsen eram o casal que tinha sido assassinado pela própria filha e derrubado o preço dos imóveis na região. Mas ela não sabia nada sobre um parente que vivia na cidade.

– Será que ele vem aqui hoje?

– Aqui? – Bonnie falou assustada, sua voz soando ainda mais aguda.

Ben Reynolds, o marido de Bonnie, alisou os cabelos castanhos e finos.

– Caramba, querida – ele brincou –, você se esqueceu de mandar o convite a tempo para a casa dos Jacobsen?

A última casa da ruaOnde histórias criam vida. Descubra agora